Poemas ibéricos
Santiago Aguaded Landero
Poemas ibéricos (31) ÁNGELA VALLVEY ARÉVALO
ANGELA VALLVEY nasceu em
San Lorenzo de Calatrava (1964),
no Vale de Alcudia, que pertence
à província de Ciudad Real.
Licenciada em História e
Antropologia, é jornalista,
poeta e romancista.
Publicou
cerca de vinte romances e
ensaios, entre os quais podemos
destacar Los estados
carenciales (Destino,
2002, Prémio Nadal), La
ciudad del diablo
(Destino, 2005, Prémio Ciudad de
Cartagena de Novela Histórica),
El hombre del corazón
negro (Destino, 2011),
Cuentos clásicos
feministas (Arzalia
Ediciones 2018), Breve
historia de las españolas
(Arzalia Ediciones, 2019),
El alma de las bestias
(Ediciones B, 2021).
Também
escreveu os livros de poesia:
El tamaño del universo
(Hiperión, 1998), Capitanes
de tiniebla (Episteme,
1997), Extraños en el paraíso
(2002) e Nacida en cautividad
(Algaida, 2006, Prémio de Poesia
Ateneo de Sevilla) e La
velocidad del mundo,
(Fundación J. M. Lara, Colecção
Vandalia, 2012) e Epidemia de
fuego (Premio de Poesía
Barcarola, Editorial Nausicaa,
2017). Recebeu também o
prémio de jornalismo JULIO CAMBA
(2010). Colabora
regularmente
na imprensa, rádio e
televisão. Os seus romances
foram traduzidos em 19 línguas.
LA
SOCIEDAD SECRETA
Has llegado a mi casa
ordenando las quejas
de la
noche.
—Besos como pequeños
corazones
se cayeron al suelo
sin cuidado—.
El verdor
de tus ojos
era una tierra
fértil
cultivada entre
lágrimas.
«¿Cuánto pesan
los astros?»,
preguntaste,
«¿y las horas del día?
¿Saben
quién somos
los milenios?
¿Hay praderas de espacio
que
se tienden tranquilas
detrás
de la ventana?»
Oh, ven,
ven de nuevo,
escucha los
ruidos
del amanecer.
Haz
vino
con las sombras de la
estancia.
Que la luz sea una
estela de seda pura
para que
tú la toques.
Que nunca diga
basta.
Desde que tú
llegaste
la primavera ha
derrochado
toda su gloria
floreciendo
por dentro de mi
boca,
—nunca mira hacia
atrás,
y es libre,
tiene
abiertas las manos—.
A SOCIEDADE
SECRETA
Chegaste a minha casa
ordenando as queixas
da
noite.
—Beijos como pequenos
corações
caíram ao chão
com descuido-.
O verde
dos teus olhos
era uma terra
fértil
cultivada entre
lágrimas.
«Quanto pesam
os astros?»,
perguntaste.
E a que horas do dia?
Sabem
quem somos
os milênios?
Há
pradarias no espaço
que se
estendem tranquilas
para lá
da janela?»
Oh vem, vem
de novo
escuta os ruídos
do amanhecer.
Faz vinho
com as sombras da sala.
Que a
luz seja uma estela de seda pura
para que a possas tocar.
Que
nunca digas basta.
Desde
que chegaste
a primavera
desperdiçou
toda a sua glória
florescendo
dentro da minha
boca,
—Nunca olhes para trás,
és livre,
tens livres as
mãos.
MATERIA ES ENERGÍA,
ENERGÍA ES ETERNO GOCE (*)
En mis sueños
amar era lo
mismo
que sembrar en el
desierto,
con un sable
desenvainado,
el durazno de
mi corazón.
—Me iré al
despuntar el alba
en mi barca
dorada
que boga hacia el
olvido—…
Ya no es primavera
y contemplo
la Luna errante
del verano,
cuya canción de
miel y de distancias
rocía el
aire de lirios de plata
mientras se oxida
la
guillotina verde
de la tarde
en flor.
Hora crepuscular
que va de boca en boca
cavando su tristeza mineral
por todas las esquinas.
Hora
callada:
despídete de todo
afán
pues nada se extingue
mejor
que el gozo de la luz
de las estrellas.
(*)
“Materia es energía” (Albert
Einstein).
“Energía es
eterno goce” (William Blake).
A
MATÉRIA É ENERGIA,
ENERGIA É PRAZER ETERNO (*)
Nos meus sonhos
amar era
o mesmo
que semear no
deserto,
com um sabre
desembainhado,
o pêssego do
meu coração.
"Irei de
madrugada
no meu barco
dourado
que navega para o
esquecimento - ...
Não é mais
primavera
e contemplo
a
lua errante do verão,
cuja
canção de mel e distâncias
polvilha o ar com lírios de
prata
enquanto se oxida
a
guilhotina verde
da tarde em
flor.
Hora crepuscular
que
vai de boca em boca
cavando a
sua tristeza mineral
em cada
esquina.
Hora calada:
diz
adeus a toda o afã
porque
nada se extingue
melhor
que a alegria da luz
das
estrelas.
(*) "Matéria é
energia" (Albert Einstein).
"Energia é alegria eterna"
(William Blake).
LA GATA DE SCHRÖDINGER
I
La eternidad jamás se
toma
una mañana de descanso.
Ese afán, la hermosura
que el
sol avienta,
no es temor
ni es la luz
que al morir se
prolonga
con maneras de
aurora.
II
Savia de
sombras
en el profundo
mediodía:
la noche propone
sus pactos.
Carne triste
donde se pierde el corazón
cansado de hacer ruidos.
Amapola sin peso,
ni ilusión
ni misterio,
¿qué racimo de
sueños
te arrebató la tarde?
III
Me saciaré de
estrellas
cualquier día.
Viajaré tras el viento
que
encarcela al paisaje.
Suelo
poner mis manos
sobre la
lejanía, mientras
la
madrugada se desnuda
sombra a
sombra,
y nada busca,
me
saciaré de estrellas
cualquier día.
A
GATA DE SCHRODINGER
I
A eternidade jamais
goza
uma manhã de descanso.
Essa afã, a beleza
que o sol
sopra,
não é temor
nem é a
luz
que ao morrer se prolonga
com modos de aurora.
II
Seiva de sombras
no profundo
meio-dia:
a noite propõe os
seus pactos.
Carne triste
onde se perde o coração
cansado de fazer barulho.
Papoila sem peso,
sem ilusão
e e mistério,
que cacho de
sonhos
te arrebatou a tarde?
III
Vou-me saciar de
estrelas
qualquer dia.
Viajarei atrás do vento
que
encarcera a paisagem.
Posso
pôr as minhas mãos
sobre a
distância, enquanto
a
madrugada se despe
sombra a
sombra,
e nada procura,
Saciar-me-ei de estrelas
qualquer dia.
Do livro "Nacida en
cautividad", Premio Ateneo de Sevilla (ed.
algaida, 2006)
Obrigadíssimo
ao poeta Jorge Sousa Braga pela tradução:
ver biobibliografia em
Poemas Ibéricos nº 11
- n.35 • abril 2022