ajustado ao funil
Luís Horta
Professor de Informática ou Programador?
- Partilhar 18/05/2022
Porque haveria
um jovem licenciado de preferir ouvir “olá
stor!” logo pela manhã quando pode ficar
sossegado no escritório, agarrado ao teclado
do computador, olhos fixos no ecrã e bolsos
bem mais recheados? É isso que lhe vou
tentar explicar neste artigo em espécie de
alerta vermelho para a instabilidade!
Entre aposentações,
desistências e decréscimos de alunos nos
cursos superiores de educação, Portugal está
a enfrentar uma crise de falta de
professores… sem fim à vista! Neste momento,
cerca de 30.000 alunos permanecem sem todos
os professores atribuídos e nos próximos
anos, dezenas de milhares de docentes contam
sair do sistema de ensino, seja porque vão
desistir da carreira ou render-se à reforma.
E até aqui tudo bem, desde que a percentagem
de licenciados nos cursos de educação fosse
satisfatória. Mas acontece precisamente o
contrário! De há 20 anos a esta parte, caiu
70% e só na última década, registou um
decréscimo - de 8,6% em 2011 para 5% em 2020
- colocando Portugal abaixo da média da OCDE
e da União Europeia.
Uma classe
envelhecida…
Não há novos professores para os
substituir?
Parece que não… Os jovens
não se sentem aliciados por esta profissão,
tanto que a percentagem de docentes
com menos de 30 anos passou de 7,4% para
1,6% na última década. Conclusão? Num futuro
próximo, Portugal vai ter poucos
profissionais habilitados para o ensino.
Professores de Informática,
precisam-se!
As notícias sobre o
ensino da Informática em particular, não são
mais animadoras. Apesar de na primeira fase
de colocações para o ano letivo 2021/2022
“só” terem ficado a faltar pouco mais de 200
docentes no grupo de Informática, o número
de professores é insuficiente para responder
à procura. E parte dos docentes que
concorrem a um horário, só têm as
habilitações mínimas e não a formação
necessária para lecionar a disciplina de TIC
(Tecnologias da Informação e Comunicação)
obrigatória do 5º ao 9º ano de escolaridade;
as disciplinas opcionais de Informática do
ensino regular; as disciplinas dos diversos
cursos profissionais de Informática ou as
disciplinas dos Cursos de Educação e
Formação (CEF) do ensino básico.
A falta
de professores de Informática é mais grave
em Lisboa e no Algarve, muito devido ao
valor elevado das rendas, que leva os
profissionais a desistirem de trabalhar no
ensino e longe de casa.
Profissão
de professor de Informática (também) é
desvalorizada
Sim, a profissão de
professor de Informática também é
desvalorizada e pouco atraente para os
jovens que entendem que trabalhar numa
empresa traz mais vantagens. E ninguém os
pode condenar porque, efetivamente e ao fim
de algum tempo, conseguem progredir e ganhar
no mercado empresarial muito mais do que no
ensino público. Assim, não é difícil de
imaginar um jovem licenciado em Ciências da
Informação, Engenharia de Informática ou
Comunicações e Multimédia (entre outros
cursos que dão habilitação própria para a
docência), a perceber que em vez de se
candidatar a um mestrado em ensino da
Informática pode enviar o seu currículo para
empresas e enveredar por uma solução mais
eficaz e estável para garantir o seu ganha
pão. Mas com essa decisão vencedora, que não
morre solteira num caso em particular, leva
a que outros jovens, estudantes do ensino
básico e secundário, fiquem a perder. E isso
porque a falta de estratégias para cativar
professores de Informática acentua a falta
de competências na área digital dos alunos.
Apesar de terem nascido rodeados de
tecnologia, o certo é que apenas 20% dos
alunos portugueses com 13 e 14 anos, estão
preparados para trabalhar de forma
independente com computadores, de acordo com
um relatório do International Computer and
Information Literacy (ICILS).
Porque é que os professores estão
desiludidos e desmotivados?
Se se
recorda do tempo em que os professores eram
respeitados, tinham um estatuto social
elevado, horários de trabalho flexíveis e
terminavam as carreiras com bons ordenados,
é natural que queira conhecer as causas
desta desilusão e desmotivação generalizada.
Hoje em dia os professores queixam-se amiúde
da perda de autoridade, humilhação por
alunos, desautorização por pais, atropelos
por Encarregados de Educação, excesso de
burocracia, dificuldade de progressão na
carreira e colocações instáveis. Quem nunca
ouviu falar de um professor que há anos se
vê forçado a trocar de escola e de região e
a destroçar a sua vida familiar sem qualquer
tipo de apoio logístico?
Além disso, os
professores debatem-se com o número elevado
de alunos por turma, com os horários
sobrecarregados, conteúdos programáticos
extensos, planos de recuperação, aulas de
apoio e reuniões, reuniões, reuniões e a
seguir, atas e relatórios para apresentar…
em novas reuniões!
O vencimento
não compensa?
Sinceramente? Não!
Voltando ao exemplo do jovem que não quer
ser professor de Informática, tenho a dizer
em sua defesa que um professor contratado
com 20 anos de serviço ganha menos do que um
Programador de nível médio ou um gestor
júnior de marketing digital. Para ser mais
específico, o vencimento base de um docente
contratado é de 1.536,90€: sem contar com o
subsídio de refeição (4,77€ dia) e
dependendo do escalão do IRS, o vencimento
líquido situa-se entre os 1.049,70€ (para um
docente sem filhos) e 1.189,56€ (para um
docente casado e com dois filhos). Bom, é
claro que também a remuneração de um Técnico
de Informática pode começar com um ordenado
base baixo na ordem dos 800€ e ter como
salário médio 1.600€, mas este tipo de
profissional pode chegar aos 2.400€ por mês
em alguns anos, sendo que o salário máximo
de um Programador ou Engenheiro Informático
pode facilmente superar os 4.000€/mês.
Como resolver o problema da falta de
professores?
Simples! Com a contração
de 34,5 mil professores até 2030/2031! Pelo
menos assim o prevê um estudo da Faculdade
de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
Só que, não obstante os portugueses
considerarem a profissão de professor
confiável e respeitável (e só ultrapassada
pelos médicos e bombeiros), poucos pensam
segui-la! E porquê? Porque não é vista como
uma carreira atrativa! Os dados de um estudo
feito pela GFK e apresentados na última
edição do Global Teacher Prize são
claros! Convencidos que a profissão de
professor é desgastante e mal paga, os
nossos jovens estudantes não pensam
segui-la: apenas 1% dos inquiridos, quer ser
professor. E por ser pouco aliciante, esta
profissão está a colocar ao serviço,
profissionais que “sobram" de outras
profissões. Como inverter a situação? É uma
questão de regressar ao paradigma anterior,
reconhecer e elogiar os professores atuais
para conquistar novos docentes para a
profissão. Desde já, devolver o tempo de
serviço, rever o salário ou passar aos
quadros quem de direito e atribuir subsídios
para deslocações a quem tem mesmo de
lecionar fora da zona de residência. E
depois é uma questão de acompanhar a
realidade, fornecendo aos professores as
indicações necessárias para que sigam por
novos e melhores caminhos para responder às
necessidades dos jovens estudantes com
propostas inovadoras, mais humanizadas e
mais inclusivas. E por fim há que lembrar
uma situação: se muitos profissionais não se
incomodam por trabalhar 8 horas por dia em
frente ao computador em total isolamento
social, outros podem ser mais felizes se
tiverem a oportunidade de se envolverem com
diferentes pessoas a quem podem e devem
passar competências curriculares e
emocionais!
Eu sou o Luís Horta e
vivo o melhor dos dois mundos! Sou professor
de Informática há 27 anos (e com muito
gosto!) e gerente da agência de marketing
digital Webfarus que conta, na sua folha de
serviço, com mais de 700 websites criados
para fomentar a rentabilidade de empresas de
diferentes setores de atividade.
(Continuar a) combater o vírus, sem baixar as vendas!
- Partilhar 06/01/2022
O setor do
turismo não foi o único a sofrer com falta
de clientes devido à pandemia. É verdade que
a região do Algarve depende do turismo
nacional e estrangeiro, e que uma aplicação
online que permitisse uma visita à distância
às nossas maravilhosas atrações, não
aumentaria o número de visitantes… mas
precisamente por isso, temos de repensar
estratégias e ao mesmo tempo, virar a
atenção para os outros tipos de negócios
igualmente ressentidos!
Até
recuperarmos a saúde, o ânimo e os turistas,
há que ter resiliência e inteligência para
adotar todas as medidas possíveis para
superar a Covid-19 sem baixar as vendas.
Nesse sentido, impõe-se a veiculação de uma
economia local diferenciada que privilegie a
qualidade para alavancar as vendas em
diferentes setores de atuação no Algarve, e
que para isso, adote algumas das melhores
práticas para manter (eventualmente, até
aumentar?) a produtividade. Educação, saúde,
agricultura, pecuária, pesca, indústria,
comércio por grosso e a retalho,
transportes, atividades financeiras,
administrativas e imobiliárias, informação e
comunicação… É sobre as melhores práticas
para desenvolver negócios em 2022 –
adequadas a praticamente todos os setores de
atuação no Algarve - que vou falar de
seguida!
(continuar a) Apostar no
trabalho remoto
Sendo viável na sua
área de atuação, o trabalho remoto é a
solução ideal para zelar pela saúde e
produtividade dos colaboradores. E não há
motivo para andar a contar os dias para o
regresso ao escritório, quando existem
tantas ferramentas online gratuitas para
comunicar com a sua equipa diariamente e
analisar e controlar à distância os
processos empresariais! Nem sequer precisa
de ter uma empresa com uma grande estrutura
tecnológica para proporcionar os meios
necessários ao teletrabalho porque, à
partida, com acesso à Internet a partir de
casa, a sua equipa só precisa de
computadores portáteis com o software
necessário. Porém, tenha em conta que o
facto de estarem presentes do outro lado do
ecrã, todas as manhãs na reunião habitual,
não significa que os seus colaboradores
estejam motivados. Para que isso aconteça,
deve fazer um acompanhamento mais intenso,
pedindo feedback para perceber quais as
necessidades e expetativas das pessoas, para
melhorar os novos hábitos de trabalho e não
baixar as vendas!
Adequar produtos
e serviços às preocupações do consumidor
pós-Covid
Um vírus que nem se vê à
vista desarmada mudou por completo os
hábitos de consumo e por esse motivo deve
adequar a sua oferta às preocupações,
desejos e necessidades dos seus clientes,
anunciando os benefícios dos seus produtos
ou serviços, de acordo com novos critérios
de exigência que se prendem com comodidade,
segurança, higiene, produtividade e
sustentabilidade. Efetivamente, a pandemia
tornou os consumidores mais tecnológicos
(como sabe, aumentaram consideravelmente as
pesquisas e compras de produtos e serviços
pela Internet no Algarve, e no resto do
mundo), mas também os deixou mais seletivos:
se antes ficavam apenas indecisos, agora
ficam à procura de mais informação e mais
pontos de comparação, antes de tomar uma
decisão de compra. E por estarem mais
informados, os consumidores são mais
ponderados e mais exigentes. Resultado? As
compras por impulso já eram! Hoje
racionaliza-se qualquer tipo de
investimento, e por isso não se pode
descuidar com a qualidade do seu produto ou
serviço nem deixar de apregoar aos sete
ventos as vantagens da sua oferta. É
importante que posicione a sua empresa como
uma referência no seu mercado de atuação
para atrair estes novos consumidores
pós-Covid que estiveram durante meses
fragilizados, fechados em casa em
confinamento. E que em consequência,
adquiriram uma nova consciência social,
mostrando-se mais preocupados com a sua
saúde e bem-estar, mas também com bem-comum
e a economia nacional, em particular com a
produtividade e sustentabilidade das
empresas do Algarve.
Investir no
digital
Se mais do que manter, quer
aumentar as vendas da sua empresa em 2022,
tem de melhorar a visibilidade online e
reputação da marca para conquistar novos
clientes. E a melhor forma de o fazer (senão
a única) é através de estratégias de
marketing digital. Para começar, deve
considerar uma reformulação do seu site. É
claro que já tem uma plataforma operacional
24 sobre 24 horas, capaz de transcender
fronteiras geográficas e alcançar mais
potenciais clientes… mas será que oferece
uma boa experiência de utilização? Na
dúvida, verifique se o seu site tem conteúdo
relevante e bem organizado, de modo a que os
utilizadores encontrem rapidamente a
informação que procuram. Confirme também se
a estrutura de navegação é transparente, se
o layout é moderno e funcional e se existem
descrições precisas e galerias de imagens
sobre os seus produtos ou serviços. Depois,
inclua CTAs ou chamadas para a ação
atraentes, para indicar aos visitantes qual
o próximo passo, bem como botões de partilha
para redes sociais e formulários de contacto
objetivos, que peçam apenas as informações
necessárias para a conversão. Por fim,
invista num design responsivo, que adeque os
conteúdos automaticamente a todos os
tamanhos de ecrãs, e em rapidez: com todas
as páginas do site otimizadas para abrirem
quase que instantaneamente e assim, não
correr o risco de perder um único cliente
para a concorrência!
Ainda sobre o
investimento no digital, tenho a dizer que a
venda online é outra questão da máxima
importância! Se pode vender os seus produtos
ou serviços à distância, não hesite em
investir numa loja online. É uma forma de
apresentar com minucia a sua oferta, de
ressalvar os benefícios dos seus produtos e
vender durante 24 horas por dia para
qualquer lugar, chegando a mais pessoas sem
grandes custos, quer de abertura quer de
manutenção, pelo menos se comparados com as
despesas de uma loja física. E além de
proporcionar um processo de compra mais
confortável para os seus clientes, com uma
loja online consegue encetar um canal de
comunicação eficiente entre a sua empresa e
os utilizadores e ainda monitorizar, para
acompanhar o percurso de cada lead e
otimizar os conteúdos para novas conversões.
Por fim, aconselho-o a criar um blog com
conteúdos relevantes sobre a sua empresa,
sobre a sua área de atuação e até sobre o
Algarve, que respondam às principais dúvidas
do seu público-alvo, em todas as fases do
funil de vendas. E por favor, não se esqueça
de otimizar esses conteúdos com estratégias
SEO (Search Engine Optimization) para
aparecerem nos primeiros lugares dos
resultados de pesquisa do Google!
Independentemente das dicas, é importante
elaborar já um plano de ação anual para a
recuperação financeira, onde deve
identificar a situação menos favorável que
se vive em toda a região do Algarve, e no
seu negócio em particular, e também
calendarizar e veicular as melhores
estratégias para aumentar a faturação na sua
empresa. Boa sorte!
Computadores e smartphones versus cadernos e livros
- Partilhar 16/12/2021
Quando o
grande desafio do professor moderno é
controlar o uso de smartphones dentro da
sala de aula, uma questão impõe-se: se os
alunos estão constantemente ligados à
Internet a usar aplicativos que os distraem,
porque não virar o feitiço contra o
feiticeiro e implementar o uso de
computadores e telemóveis como ferramentas
de estudo? Porque não usar as novas
tecnologias em substituição dos cadernos e
livros escolares convencionais ou, pelo
menos, dar aos alunos liberdade de escolha?
Bem sei que são questões
controversas. Por um lado, o computador dá
acesso a conteúdos de qualidade, atualizados
em tempo real, mas por outro lado, também dá
acesso a conteúdo pobres que só distraem o
aluno durante a aula. No entanto, a ideia de
conciliar as duas ferramentas de estudo,
implementada por alguns professores, parece
funcionar bem como recurso pedagógico:
imagens, vídeos e programas
interativos atraem a atenção dos alunos e
motivam-nos a aprender. Softwares e
aplicativos permitem que os professores
façam uma avaliação quase instantânea. Mas a
questão mantém-se: deverão os alunos trocar
o caderno e o manual pelo computador?
O
assunto divide opiniões. Alguns pais, alunos
e professores são a favor da mudança, outros
contra e outros ainda, por via das dúvidas,
defendem a complementaridade de recursos.
Quem ganhará o debate? O tempo o dirá. Mas,
entretanto, nada nos impede de explorar
alguns tópicos sobre o uso da tecnologia em
sala de aula.
Boa relação
custo-benefício?
É verdade que os
equipamentos eletrónicos são mais caros que
os livros, mas também é verdade que os
alunos (atrevo-me a dizer todos os alunos do
ensino secundário e universitário) já têm
smartphone e computador. Por isso, a relação
custo-benefício pode ser satisfatória, se
considerarmos o facto de que os pais compram
esses dispositivos aos filhos para outras
finalidades e independentemente da despesa
anual com material escolar (com cadernos e
livros de atividades e retirando da equação
os manuais adotados que são grátis até ao
12º ano). Porém, como não considerar os
alunos mais desfavorecidos que recentemente
foram alvo de atenção por não terem
equipamentos ou rede de acesso à Internet,
para acompanharem às aulas online durante os
sucessivos confinamentos?
Inclusão de diferentes tipos de alunos?
Muito se defende a tecnologia como fator
de inclusão, já que é possível utilizá-la na
sala de aula (online e offline) para incluir
todo o tipo de alunos com necessidades
especiais. Mas isso remete-nos de novo ao
tópico anterior: e os alunos mais
desfavorecidos? Teriam apoios atempados por
parte do Estado? Enquanto aguardamos pela
resposta, continuamos a viver num mundo de
diferenças sociais, com uma separação de
classes que determina quem são os alunos que
podem ter acesso a equipamentos mais caros.
Peso a menos na mochila?
Se
alunos e encarregados de educação se
queixam-se amiúde do peso das mochilas,
porque é que este argumento não tem força na
discussão sobre o uso da tecnologia na sala
de aula? A adoção de livros digitais, aos
quais os jovens podem aceder rápida e
facilmente pelo smartphone, tablet ou PC,
reduzia a carga (superior à recomendada
pelos médicos) que trazem às costas, com
cadernos, manuais, livros de atividades,
estojos…
Aulas mais interessantes
e dinâmicas?
Será que o dinamismo e
interesse de uma aula depende única e
exclusivamente do professor e do perfil dos
alunos? Ou será que também depende dos
recursos de ensino? Efetivamente, como estão
habituados a usar dispositivos tecnológicos,
os alunos podem sentir-se mais desmotivados
em aulas expositivas com recurso exclusivo a
livros impressos. Mas será que o entusiasmo
em usar o smartphone e computador na sala de
aula seria sinónimo de atenção e resultaria
numa melhoria dos resultados escolares?
Prevenção de problemas oculares?
Dentro da corrente contrária à
utilização de computadores na sala de aula,
ouve-se de tudo, inclusive que o computador
faz mal à vista. Será verdade? Ou o
computador em si não prejudica a visão das
crianças e jovens e é a exposição prolongada
a ecrãs que pode ter efeitos negativos? A
maioria dos aparelhos eletrónicos emite uma
luz azul, sim, mas só pode ser prejudicial
para a saúde ocular se não existirem filtros
protetores.
Maior conforto e
comodidade?
Pais e professores podem
não estar de acordo, mas a verdade é que os
alunos são unanimes: sentem-se bastante
confortáveis a ler através de ecrãs e não
dão sinais de cansaço, ao contrário de
pessoas mais velhas que preferem livros
impressos, mesmo existindo e-books que
simulam o papel branco dos livros e a
diagramação dos textos.
Mais
opções de escolha?
Se procurarmos na
Internet, o que não faltam são e-books e
áudio-books, mas quanto a manuais escolares
digitais, pode haver alguma dificuldade em
encontrá-los. Logo à partida porque as
editoras (por questões económicas) não os
disponibilizam em versão digital, mas
existem outros motivos que fazem com que
ainda seja mais fácil encontrar um manual
escolar em papel. Ainda…
O manual
convencional traz resultados mais eficazes?
Alguns estudos indicam que os métodos
tradicionais, como a utilização do caderno e
manual escolar, são mais eficientes. Por
exemplo, Pam A. Mueller e Daniel M.
Oppenheimer, pesquisadores das universidades
de Princeton e da Califórnia,
respetivamente, fizeram um estudo intitulado
“The Pen Is Mightier Than the Keyboard:
Advantages of Longhand Over Laptop Note
Taking”. Nesse estudo, publicado pela
primeira vez em 2014, chegaram à conclusão
de que os alunos que tiravam apontamentos no
computador conseguiam transcrever quase todo
o conteúdo da aula, enquanto que os alunos
que tiravam apontamentos à mão, para o
caderno, só escreviam os excertos mais
relevantes. Porém, eram os segundos que
tiravam melhores notas! Porquê? O uso dos
computadores prejudica a memória? Tirar
apontamentos à mão favorece a atenção? A
verdade é esta: o mais importante não é o
meio usado para tirar apontamentos, mas sim
a atenção prestada e a forma como se tiram
os apontamentos em sala de aula!
Os computadores podem substituir os cadernos
e os manuais escolares?
Poder podem,
mas o ideal é que se complementem. Já dizia
Bill Gates, fundador da Microsoft, a
respeito da questão “computadores ou
livros”, que os primeiros não substituem os
segundos: “É claro que os meus filhos terão
computadores, mas antes terão livros”. Os
livros em geral e os manuais e cadernos
escolares, em particular, continuam a
potenciar a aprendizagem. O seu uso continua
a ser didático e eficaz, mas as novas
tecnologias também têm e terão cada vez
mais, um papel dinâmico na aprendizagem.
(re)Pensar o ensino da Informática na escola pública
- Partilhar 01/12/2021
Ena! O mercado
das Tecnologias da Informação (TI) está em
alta em Portugal! É das áreas onde há maior
procura por profissionais e, ao mesmo tempo,
é das áreas que… mais dificuldade têm em
encontrar talentos?! Oh, não!
Bem sei
que existem outras atividades em ascensão e
também com falta de profissionais
qualificados, mas neste artigo permitam-me
defender a minha dama: a Informática. E
explicar que em Portugal, com o mercado de
IT cada vez mais dinâmico, a acolher a cada
dia que passa mais empresas nacionais,
internacionais e multinacionais com grande
capacidade financeira, é urgente repensar o
ensino da Informática na escola pública.
Informática no Ensino Básico e Ensino
Secundário
Curso de Informática? Não há!
Curso Tecnológico de Informática? Já não
existe! Atualmente, apenas estão disponíveis
na oferta educativa do Ensino Básico e
Ensino Secundário geral, duas disciplinas de
Informática:
- Disciplina de TIC
(Tecnologias da Informação e Comunicação),
lecionada uma hora de quando em vez no
Ensino Básico, do 5.º ao 9.º ano.
-
Disciplina de Aplicações Informáticas
(opcional), lecionada apenas no 12.º ano de
escolaridade nos cursos de Ciências e
Tecnologias, Ciências Socioeconómicas,
Línguas e Humanidades e Artes Visuais.
Resultado? O Rodrigo (por exemplo!)
chega ao 9.º ano e decide continuar no
ensino regular porque quer prosseguir
estudos e entrar para a universidade. Põe de
parte as escolas profissionais e inscreve-se
num dos quatro Cursos
Científico-Humanísticos possíveis: Ciências
e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas,
Línguas e Humanidades e Artes Visuais. O que
lhe acontece a seguir? Independentemente do
curso que escolher, no 10.º ano não tem
Informática. No 11.º ano não tem
Informática. E finalmente, no 12.º ano tem a
hipótese de escolher a disciplina de
Aplicações Informáticas. Em tão pouco tempo,
que oportunidade terá o Rodrigo de aprender,
por exemplo, a programar?
Por muito
interessado que seja este aluno e por muito
competente que seja o seu professor, a
verdade é que isso de transformar instruções
lógicas em códigos com o objetivo de
executar determinadas sequências, criando um
programa ou um software, é bastante difícil
e moroso!
É claro que o Rodrigo (boa
sorte para ti, rapaz!) poderá aprender a
programar nos três ou quatro anos que vai
passar na universidade, mas sem as bases a
qualificação é mais deficiente. E isso
leva-me de novo ao problema inicial: a falta
de programadores em Portugal, quando a
oferta a nível de Ensino Superior público e
privado é inversamente proporcional. Ora, a
resolução do problema é capaz de passar,
precisamente, pelo ensino intermédio…
Informática na ótica do utilizador é
suficiente?
Não! Neste momento, saber o
básico de Informática é tão importante
quanto saber ler e escrever. Mas a questão é
pertinente para explicar que, efetivamente,
o aluno aprende, dentro e fora da escola, a
Informática na ótica do utilizador. Mas será
que na aula, quando escreve um trabalho em
word, pensa no programador por detrás do
software que lhe permite mudar o tipo e
tamanho de letra? Pensa na pessoa ou grupo
de pessoas que conseguiu transformar as
instruções de formatação de texto em código?
E será que fora da aula, quando pega
no seu smartphone para fazer scroll pelo
feed do Instagram, pensa no programador que
criou a aplicação que torna possível o
acesso à rede através de equipamentos
móveis? Hum… Não, não pensa. Mas apenas
porque não tem, no Ensino Secundário geral
público, a hipótese de crescer e fomentar o
raciocínio lógico e análise critica na
Informática.
Não ponho em causa o
futuro do Rodrigo. Acredito que se vai
transformar num programador front-end ou
back-end fantástico! Especializar-se em
segurança em rede, comunicação de dados,
arquitetura de computadores, manutenção de
hardware, desenvolvimento de aplicações ou
criação de sites, entre tantas outras
opções. Mas por agora, sei que se limita a
desenvolver um rol de atividades com base em
programas e aplicativos que (por magia)
descarregou para o telefone e para o
computador.
Se a insuficiência de
disciplinas de Informática no Ensino Básico
e Ensino Secundário for, entretanto,
colmatada, daqui a uns anos, o Rodrigo vai
preencher uma vaga de emprego. E vai
contrariar esta tendência de falta de
profissionais qualificados e importação de
talentos do estrangeiro. Por enquanto, a
este e a outros alunos e professores, resta
a hipótese de se juntarem ao grupo que
entende que é fundamental investir num
ensino da Informática abrangente, moderno,
atualizado e ajustado ao mercado de
trabalho. Ctrl + C | Ctrl + V nisso!
O PODER DO MARKETING NA EDUCAÇÃO
- Partilhar 23/11/2021
O seu
estabelecimento de ensino tem um site
responsivo? Ótimo! Tem uma landing page para
acesso a materiais mais específicos?
Fantástico! Tem perfis em redes sociais como
Facebook, Instagram e LinkedIn? Perfeito!
Tem um blog onde publica regularmente
conteúdo de qualidade? Super! Tem podcasts e
vídeos? Maravilhoso! Tem uma newsletter? Ena
pá! Faz envios de email marketing regulares?
Top! O problema é quando não tem estratégias
para captar e reter mais alunos…
Num
mercado cada vez mais concorrido, não se
pode continuar a menosprezar o poder do
marketing na educação. Escolas públicas e
privadas devem investir em técnicas para
conquistar e fidelizar alunos, manter uma
boa comunicação com a família, satisfazer os
professores, transmitir os seus valores,
promover os seus cursos, evidenciar a sua
infraestrutura e, pelo meio, aumentar a sua
reputação!
QUALIDADE DO TRABALHO
VERSUS PERCEÇÃO DA QUALIDADE DO TRABALHO.
Antes de falar a respeito das práticas de
marketing numa escola - que promovem o
estabelecimento de ensino de forma adequada
e até financeiramente rentável - gostava de
começar por lhe fazer uma pergunta: sabe
qual a diferença entre “qualidade do
trabalho” e “perceção da qualidade do
trabalho”? Muito bem! A diferença vai além
do facto da segunda expressão ter mais uma
palavra. Efetivamente, a qualidade do
trabalho está diretamente relacionada com a
pessoa ou equipa que o realiza e a perceção
da qualidade do trabalho, relacionada,
maioritariamente, com a eficácia da
comunicação ou publicitação sobre o assunto.
E nos nossos dias, a eficácia da comunicação
ou publicitação está, por sua vez,
relacionado com o marketing.
Há alguns
anos, quando se pensava na conquista de
novos alunos ou atração de novos professores
(ou fidelização de ambos!), pensava-se em
fazer publicidade. Chapa 5 aplicada offline,
preferencialmente em outdoors, flyers e
anúncios de jornal, rádio e televisão. Agora
as escolas têm de se esforçar mais. Porquê?
Porque por muita qualidade de ensino que
tenham, sem uma boa estratégia de marketing
não conseguem passar a mensagem para os seus
públicos-alvo. Portanto, um bom marketing na
educação faz com que os consumidores fiquem
com uma perceção positiva da instituição, e
isso transmite confiança e credibilidade!
MAS O QUE É MARKETING NA EDUCAÇÃO?
Agora que já consegui passar a mensagem de
Al Ries, quando diz que “o marketing não é
uma batalha de produtos, é uma batalha de
perceções”, importa definir marketing na
educação. O que é? Basicamente, é um
conjunto de estratégias online e offline que
têm por objetivo alcançar potenciais alunos
e fidelizar os alunos que já se
conquistaram. Tal como acontece nas empresas
e instituições sem fins lucrativos, também
nas escolas, creches, colégios e
universidades publicas ou privadas, é
necessário implementar estratégias de
marketing para melhorar resultados, e eu vou
explicar porque é que acredito nos
benefícios do uso de ferramentas de
marketing na educação.
- Em primeiro
lugar, o marketing está relacionado com
todas as áreas! Há muito que deixou de ser
necessário ter um produto ou serviço para
vender, para sentir necessidade de investir
em marketing.
- Em segundo lugar, a
realidade do marketing educacional vai ao
encontro do aumento das vendas, mas por
“vendas” entenda-se a criação e manutenção
de uma relação com os clientes, ou seja, com
os alunos, pais e professores. Uma relação
de nutrição de leads que não fica restrita
ao “processo de compra” ou inscrição numa
escola, combinado?
- Em terceiro
lugar, o marketing na educação é mais do que
publicidade e promoção. É uma forma de
investigar as reais necessidades dos alunos
para criar e desenvolver os serviços de
educação mais inovadores e mais ajustados, e
assim agregar valor ao processo educacional
no seu todo. Porque a verdade é que, “o
principal objetivo da educação é criar
pessoas capazes de fazer coisas novas e não
simplesmente repetir o que as outras
gerações fizeram” (Jean Piaget).
QUAL
O PODER DO MARKETING NA EDUCAÇÃO? Através de
estratégias eficazes, o marketing na
educação faz a ponte entre a instituição de
ensino e a comunidade onde está inserida.
Uma ponte muito movimentada, construída
todos os dias sob fortes alicerces. No sítio
certo. À hora certa. Para as pessoas certas!
É esse o poder do marketing na educação, que
passo a explicar…
Conteúdos
relevantes para aumentar o quadro de alunos
ativos
O marketing na educação permite a
criação de mensagens objetivas, claras e
relevantes para o seu público. E isso porque
direciona os esforços de marketing de
conteúdo para a sua “persona”, ou seja, para
o conjunto de pessoas que têm o perfil de
aluno ideal, educando-as para quererem fazer
parte da instituição, com o objetivo de
trazê-las para o quadro de alunos ativos.
Mensagens informativas para melhorar a
notoriedade e credibilidade
A criação de
textos informativos acerca de temas que
interessem o público-alvo da instituição de
ensino, aumenta a notoriedade, reputação e
credibilidade perante a concorrência.
Diferentes tipos de conteúdos em
diversos canais, ajustados ao funil de
vendas
O poder do marketing na educação
também se faz sentir através de diferentes
tipos de conteúdo, sendo que aqui
"deveríamos olhar para a Internet como uma
plataforma de comunicação” (de acordo com
Guilherme Machado). Uma plataforma global,
que pode albergar notícias, artigos de blog,
vídeos, lives, podcasts,
infográficos,
white papers, casos de sucesso, ebooks,
newsletters, email marketing e quizzes,
entre outros conteúdos que estejam, direta
ou indiretamente, relacionados com o
estabelecimento de ensino.
Mas não é
tudo! Esses conteúdos devem ser ajustados
aos diferentes canais (como site, blog,
email marketing, newsletter, redes sociais e
aplicativos) e às diferentes etapas dentro
do funil de vendas da escola em que se
encontra cada potencial aluno: desde a fase
de descoberta à fase de inscrição! Tudo
porque as ações de marketing educacional
devem passar informações relevantes para as
várias etapas da contratação do serviço de
educação.
Estratégia omnichannel
entre medias tradicionais e digitais
O
marketing também ajuda a instituição de
ensino a seguir uma estratégia
omnichannel que interligue diferentes canais
de aquisição de alunos e de relacionamentos
com os diferentes públicos. É claro que está
fora de questão abandonar as estratégias de
captação de alunos offline, mas agora tem de
prevalecer o estreitamento da relação entre
os meios de comunicação tradicionais e os
meios digitais.
Publicação de
conteúdos de forma sistemática e consistente
É fundamental que as pessoas sintam que têm
valor para a instituição de ensino, e para
isso nada como usar estratégias de marketing
para desenvolver e regular as mensagens
durante a época que antecede as matrículas,
ao longo de todo o ano letivo… e nas férias
escolares também! No fundo, é necessário
manter uma certa consistência nas ações de
marketing, através da produção regular de
conteúdos que respondam “às dores” dos
clientes (alunos, pais e professores) e que
encetem e mantenham relacionamentos com a
comunidade.
Atender à procura e
superar as expetativas
Ao efetuar
pesquisas sistemáticas para perceber as
reais necessidades e carências da comunidade
escolar, o marketing educacional atende à
procura e ainda supera as expetativas dos
seus públicos! Do público interno (que
inclui os alunos, professores e outros
trabalhadores/colaboradores operacionais) ao
público externo (constituído por potenciais
alunos, famílias e comunidade envolvente). A
compreensão dessas necessidades, melhora as
condições de trabalho e aumenta a motivação,
satisfação e desempenho de todos!
Monitorizar para fazer sempre mais e melhor
Para avaliar a performance de cada ação, o
marketing na escola poe à disposição uma
série de métricas digitais para monitorizar
os resultados e, claro, para eliminar ou
emendar as ações que não estão a atingir os
objetivos. Esta análise contínua (que não
faz eco no marketing convencional) é
particularmente importante para gerir com
mestria um orçamento, de acordo com uma
estratégia que distribua o budget entre as
ações planeadas. E que, após a análise,
corte com os valores nas ações que não estão
a dar resultados e mantenha ou aumente os
valores nas ações de sucesso, que garantem
um bom retorno sobre o investimento.
Estas são as principais forças motrizes que
tanto poder dão ao marketing na escola e que
provam que sem marketing, as instituições de
ensino ficam perdidas numa zona cinzenta,
ainda que tenham uma boa oferta. E presas
numa zona negra, se a oferta for deficiente
ou insuficiente. Lá dizia Alison Zigulich
que "um bom marketing acelera a morte de um
mau produto ou serviço”. Por outro lado, e
parafraseando Guilherme Machado, “não há
melhor propaganda do que um trabalho bem
feito". E por fim - digo-lhe eu! - apesar de
não existir uma combinação perfeita de ações
que possa ser replicada em todas as
instituições de ensino, deixar de usar
ferramentas que podem auxiliar na gestão e
melhorar os resultados, é uma perda a
médio/longo prazo.
Desta feita, as
escolas portuguesas, públicas e privadas,
que ainda têm uma consciência míope sobre o
papel do marketing e alguma dificuldade na
implementação de boas práticas, podem ficar
uns bons passos atrás da concorrência. Atrás
das escolas que já fazem pesquisas para
suportar decisões sobre a oferta educativa e
que já utilizam o marketing como instrumento
de gestão e administração. Na senda do
essencial, mas também do diferencial para
melhorar a notoriedade, captar e reter mais
alunos, fomentar e competitividade e –
porque não dizê-lo? – aumentar a
rentabilidade.