Luís Horta

ajustado ao funil

Luís Horta

Professor de Informática ou Programador?

Porque haveria um jovem licenciado de preferir ouvir “olá stor!” logo pela manhã quando pode ficar sossegado no escritório, agarrado ao teclado do computador, olhos fixos no ecrã e bolsos bem mais recheados? É isso que lhe vou tentar explicar neste artigo em espécie de alerta vermelho para a instabilidade!

Entre aposentações, desistências e decréscimos de alunos nos cursos superiores de educação, Portugal está a enfrentar uma crise de falta de professores… sem fim à vista! Neste momento, cerca de 30.000 alunos permanecem sem todos os professores atribuídos e nos próximos anos, dezenas de milhares de docentes contam sair do sistema de ensino, seja porque vão desistir da carreira ou render-se à reforma. E até aqui tudo bem, desde que a percentagem de licenciados nos cursos de educação fosse satisfatória. Mas acontece precisamente o contrário! De há 20 anos a esta parte, caiu 70% e só na última década, registou um decréscimo - de 8,6% em 2011 para 5% em 2020 - colocando Portugal abaixo da média da OCDE e da União Europeia.

Uma classe envelhecida…
De acordo com o relatório “Estado da Educação de 2020”, que retrata o sistema educativo português no ano letivo de 2019/2020, mais de metade dos professores do pré-escolar ao secundário já soprou 50 velas de uma só vez. Resultado? Nos próximos 7 anos, o ensino público poderá perder por aposentação, 19.479 docentes. Pior! Aos professores que se vão reformar, temos de juntar os cerca de 10.000 que vão desistir da profissão (a manter-se a tendência das duas últimas duas décadas).
Não há novos professores para os substituir?
Parece que não… Os jovens não se sentem aliciados por esta profissão, tanto que a percentagem de docentes com menos de 30 anos passou de 7,4% para 1,6% na última década. Conclusão? Num futuro próximo, Portugal vai ter poucos profissionais habilitados para o ensino.

Professores de Informática, precisam-se!
As notícias sobre o ensino da Informática em particular, não são mais animadoras. Apesar de na primeira fase de colocações para o ano letivo 2021/2022 “só” terem ficado a faltar pouco mais de 200 docentes no grupo de Informática, o número de professores é insuficiente para responder à procura. E parte dos docentes que concorrem a um horário, só têm as habilitações mínimas e não a formação necessária para lecionar a disciplina de TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) obrigatória do 5º ao 9º ano de escolaridade; as disciplinas opcionais de Informática do ensino regular; as disciplinas dos diversos cursos profissionais de Informática ou as disciplinas dos Cursos de Educação e Formação (CEF) do ensino básico.
A falta de professores de Informática é mais grave em Lisboa e no Algarve, muito devido ao valor elevado das rendas, que leva os profissionais a desistirem de trabalhar no ensino e longe de casa.

Profissão de professor de Informática (também) é desvalorizada
Sim, a profissão de professor de Informática também é desvalorizada e pouco atraente para os jovens que entendem que trabalhar numa empresa traz mais vantagens. E ninguém os pode condenar porque, efetivamente e ao fim de algum tempo, conseguem progredir e ganhar no mercado empresarial muito mais do que no ensino público. Assim, não é difícil de imaginar um jovem licenciado em Ciências da Informação, Engenharia de Informática ou Comunicações e Multimédia (entre outros cursos que dão habilitação própria para a docência), a perceber que em vez de se candidatar a um mestrado em ensino da Informática pode enviar o seu currículo para empresas e enveredar por uma solução mais eficaz e estável para garantir o seu ganha pão. Mas com essa decisão vencedora, que não morre solteira num caso em particular, leva a que outros jovens, estudantes do ensino básico e secundário, fiquem a perder. E isso porque a falta de estratégias para cativar professores de Informática acentua a falta de competências na área digital dos alunos. Apesar de terem nascido rodeados de tecnologia, o certo é que apenas 20% dos alunos portugueses com 13 e 14 anos, estão preparados para trabalhar de forma independente com computadores, de acordo com um relatório do International Computer and Information Literacy (ICILS).

Porque é que os professores estão desiludidos e desmotivados?
Se se recorda do tempo em que os professores eram respeitados, tinham um estatuto social elevado, horários de trabalho flexíveis e terminavam as carreiras com bons ordenados, é natural que queira conhecer as causas desta desilusão e desmotivação generalizada. Hoje em dia os professores queixam-se amiúde da perda de autoridade, humilhação por alunos, desautorização por pais, atropelos por Encarregados de Educação, excesso de burocracia, dificuldade de progressão na carreira e colocações instáveis. Quem nunca ouviu falar de um professor que há anos se vê forçado a trocar de escola e de região e a destroçar a sua vida familiar sem qualquer tipo de apoio logístico?
Além disso, os professores debatem-se com o número elevado de alunos por turma, com os horários sobrecarregados, conteúdos programáticos extensos, planos de recuperação, aulas de apoio e reuniões, reuniões, reuniões e a seguir, atas e relatórios para apresentar… em novas reuniões!

O vencimento não compensa?
Sinceramente? Não! Voltando ao exemplo do jovem que não quer ser professor de Informática, tenho a dizer em sua defesa que um professor contratado com 20 anos de serviço ganha menos do que um Programador de nível médio ou um gestor júnior de marketing digital. Para ser mais específico, o vencimento base de um docente contratado é de 1.536,90€: sem contar com o subsídio de refeição (4,77€ dia) e dependendo do escalão do IRS, o vencimento líquido situa-se entre os 1.049,70€ (para um docente sem filhos) e 1.189,56€ (para um docente casado e com dois filhos). Bom, é claro que também a remuneração de um Técnico de Informática pode começar com um ordenado base baixo na ordem dos 800€ e ter como salário médio 1.600€, mas este tipo de profissional pode chegar aos 2.400€ por mês em alguns anos, sendo que o salário máximo de um Programador ou Engenheiro Informático pode facilmente superar os 4.000€/mês.

Como resolver o problema da falta de professores?
Simples! Com a contração de 34,5 mil professores até 2030/2031! Pelo menos assim o prevê um estudo da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Só que, não obstante os portugueses considerarem a profissão de professor confiável e respeitável (e só ultrapassada pelos médicos e bombeiros), poucos pensam segui-la! E porquê? Porque não é vista como uma carreira atrativa! Os dados de um estudo feito pela GFK e apresentados na última edição do Global Teacher Prize são claros!  Convencidos que a profissão de professor é desgastante e mal paga, os nossos jovens estudantes não pensam segui-la: apenas 1% dos inquiridos, quer ser professor. E por ser pouco aliciante, esta profissão está a colocar ao serviço, profissionais que “sobram" de outras profissões. Como inverter a situação? É uma questão de regressar ao paradigma anterior, reconhecer e elogiar os professores atuais para conquistar novos docentes para a profissão. Desde já, devolver o tempo de serviço, rever o salário ou passar aos quadros quem de direito e atribuir subsídios para deslocações a quem tem mesmo de lecionar fora da zona de residência. E depois é uma questão de acompanhar a realidade, fornecendo aos professores as indicações necessárias para que sigam por novos e melhores caminhos para responder às necessidades dos jovens estudantes com propostas inovadoras, mais humanizadas e mais inclusivas. E por fim há que lembrar uma situação: se muitos profissionais não se incomodam por trabalhar 8 horas por dia em frente ao computador em total isolamento social, outros podem ser mais felizes se tiverem a oportunidade de se envolverem com diferentes pessoas a quem podem e devem passar competências curriculares e emocionais!

Eu sou o Luís Horta e vivo o melhor dos dois mundos! Sou professor de Informática há 27 anos (e com muito gosto!) e gerente da agência de marketing digital Webfarus que conta, na sua folha de serviço, com mais de 700 websites criados para fomentar a rentabilidade de empresas de diferentes setores de atividade.


(Continuar a) combater o vírus, sem baixar as vendas!

O setor do turismo não foi o único a sofrer com falta de clientes devido à pandemia. É verdade que a região do Algarve depende do turismo nacional e estrangeiro, e que uma aplicação online que permitisse uma visita à distância às nossas maravilhosas atrações, não aumentaria o número de visitantes… mas precisamente por isso, temos de repensar estratégias e ao mesmo tempo, virar a atenção para os outros tipos de negócios igualmente ressentidos!

Até recuperarmos a saúde, o ânimo e os turistas, há que ter resiliência e inteligência para adotar todas as medidas possíveis para superar a Covid-19 sem baixar as vendas. Nesse sentido, impõe-se a veiculação de uma economia local diferenciada que privilegie a qualidade para alavancar as vendas em diferentes setores de atuação no Algarve, e que para isso, adote algumas das melhores práticas para manter (eventualmente, até aumentar?) a produtividade. Educação, saúde, agricultura, pecuária, pesca, indústria, comércio por grosso e a retalho, transportes, atividades financeiras, administrativas e imobiliárias, informação e comunicação… É sobre as melhores práticas para desenvolver negócios em 2022 – adequadas a praticamente todos os setores de atuação no Algarve - que vou falar de seguida!

(continuar a) Apostar no trabalho remoto
Sendo viável na sua área de atuação, o trabalho remoto é a solução ideal para zelar pela saúde e produtividade dos colaboradores. E não há motivo para andar a contar os dias para o regresso ao escritório, quando existem tantas ferramentas online gratuitas para comunicar com a sua equipa diariamente e analisar e controlar à distância os processos empresariais! Nem sequer precisa de ter uma empresa com uma grande estrutura tecnológica para proporcionar os meios necessários ao teletrabalho porque, à partida, com acesso à Internet a partir de casa, a sua equipa só precisa de computadores portáteis com o software necessário. Porém, tenha em conta que o facto de estarem presentes do outro lado do ecrã, todas as manhãs na reunião habitual, não significa que os seus colaboradores estejam motivados. Para que isso aconteça, deve fazer um acompanhamento mais intenso, pedindo feedback para perceber quais as necessidades e expetativas das pessoas, para melhorar os novos hábitos de trabalho e não baixar as vendas!

Adequar produtos e serviços às preocupações do consumidor pós-Covid
Um vírus que nem se vê à vista desarmada mudou por completo os hábitos de consumo e por esse motivo deve adequar a sua oferta às preocupações, desejos e necessidades dos seus clientes, anunciando os benefícios dos seus produtos ou serviços, de acordo com novos critérios de exigência que se prendem com comodidade, segurança, higiene, produtividade e sustentabilidade. Efetivamente, a pandemia tornou os consumidores mais tecnológicos (como sabe, aumentaram consideravelmente as pesquisas e compras de produtos e serviços pela Internet no Algarve, e no resto do mundo), mas também os deixou mais seletivos: se antes ficavam apenas indecisos, agora ficam à procura de mais informação e mais pontos de comparação, antes de tomar uma decisão de compra. E por estarem mais informados, os consumidores são mais ponderados e mais exigentes. Resultado? As compras por impulso já eram! Hoje racionaliza-se qualquer tipo de investimento, e por isso não se pode descuidar com a qualidade do seu produto ou serviço nem deixar de apregoar aos sete ventos as vantagens da sua oferta. É importante que posicione a sua empresa como uma referência no seu mercado de atuação para atrair estes novos consumidores pós-Covid que estiveram durante meses fragilizados, fechados em casa em confinamento. E que em consequência, adquiriram uma nova consciência social, mostrando-se mais preocupados com a sua saúde e bem-estar, mas também com bem-comum e a economia nacional, em particular com a produtividade e sustentabilidade das empresas do Algarve.

Investir no digital
Se mais do que manter, quer aumentar as vendas da sua empresa em 2022, tem de melhorar a visibilidade online e reputação da marca para conquistar novos clientes. E a melhor forma de o fazer (senão a única) é através de estratégias de marketing digital. Para começar, deve considerar uma reformulação do seu site. É claro que já tem uma plataforma operacional 24 sobre 24 horas, capaz de transcender fronteiras geográficas e alcançar mais potenciais clientes… mas será que oferece uma boa experiência de utilização? Na dúvida, verifique se o seu site tem conteúdo relevante e bem organizado, de modo a que os utilizadores encontrem rapidamente a informação que procuram. Confirme também se a estrutura de navegação é transparente, se o layout é moderno e funcional e se existem descrições precisas e galerias de imagens sobre os seus produtos ou serviços. Depois, inclua CTAs ou chamadas para a ação atraentes, para indicar aos visitantes qual o próximo passo, bem como botões de partilha para redes sociais e formulários de contacto objetivos, que peçam apenas as informações necessárias para a conversão. Por fim, invista num design responsivo, que adeque os conteúdos automaticamente a todos os tamanhos de ecrãs, e em rapidez: com todas as páginas do site otimizadas para abrirem quase que instantaneamente e assim, não correr o risco de perder um único cliente para a concorrência!

Ainda sobre o investimento no digital, tenho a dizer que a venda online é outra questão da máxima importância! Se pode vender os seus produtos ou serviços à distância, não hesite em investir numa loja online. É uma forma de apresentar com minucia a sua oferta, de ressalvar os benefícios dos seus produtos e vender durante 24 horas por dia para qualquer lugar, chegando a mais pessoas sem grandes custos, quer de abertura quer de manutenção, pelo menos se comparados com as despesas de uma loja física. E além de proporcionar um processo de compra mais confortável para os seus clientes, com uma loja online consegue encetar um canal de comunicação eficiente entre a sua empresa e os utilizadores e ainda monitorizar, para acompanhar o percurso de cada lead e otimizar os conteúdos para novas conversões.

Por fim, aconselho-o a criar um blog com conteúdos relevantes sobre a sua empresa, sobre a sua área de atuação e até sobre o Algarve, que respondam às principais dúvidas do seu público-alvo, em todas as fases do funil de vendas. E por favor, não se esqueça de otimizar esses conteúdos com estratégias SEO (Search Engine Optimization) para aparecerem nos primeiros lugares dos resultados de pesquisa do Google!

Independentemente das dicas, é importante elaborar já um plano de ação anual para a recuperação financeira, onde deve identificar a situação menos favorável que se vive em toda a região do Algarve, e no seu negócio em particular, e também calendarizar e veicular as  melhores estratégias para aumentar a faturação na sua empresa. Boa sorte!


Computadores e smartphones versus cadernos e livros

Quando o grande desafio do professor moderno é controlar o uso de smartphones dentro da sala de aula, uma questão impõe-se: se os alunos estão constantemente ligados à Internet a usar aplicativos que os distraem, porque não virar o feitiço contra o feiticeiro e implementar o uso de computadores e telemóveis como ferramentas de estudo? Porque não usar as novas tecnologias em substituição dos cadernos e livros escolares convencionais ou, pelo menos, dar aos alunos liberdade de escolha?

Bem sei que são questões controversas. Por um lado, o computador dá acesso a conteúdos de qualidade, atualizados em tempo real, mas por outro lado, também dá acesso a conteúdo pobres que só distraem o aluno durante a aula. No entanto, a ideia de conciliar as duas ferramentas de estudo, implementada por alguns professores, parece funcionar bem como recurso pedagógico: imagens, vídeos e programas interativos atraem a atenção dos alunos e motivam-nos a aprender. Softwares e aplicativos permitem que os professores façam uma avaliação quase instantânea. Mas a questão mantém-se: deverão os alunos trocar o caderno e o manual pelo computador?
O assunto divide opiniões. Alguns pais, alunos e professores são a favor da mudança, outros contra e outros ainda, por via das dúvidas, defendem a complementaridade de recursos. Quem ganhará o debate? O tempo o dirá. Mas, entretanto, nada nos impede de explorar alguns tópicos sobre o uso da tecnologia em sala de aula.

Boa relação custo-benefício?
É verdade que os equipamentos eletrónicos são mais caros que os livros, mas também é verdade que os alunos (atrevo-me a dizer todos os alunos do ensino secundário e universitário) já têm smartphone e computador. Por isso, a relação custo-benefício pode ser satisfatória, se considerarmos o facto de que os pais compram esses dispositivos aos filhos para outras finalidades e independentemente da despesa anual com material escolar (com cadernos e livros de atividades e retirando da equação os manuais adotados que são grátis até ao 12º ano). Porém, como não considerar os alunos mais desfavorecidos que recentemente foram alvo de atenção por não terem equipamentos ou rede de acesso à Internet, para acompanharem às aulas online durante os sucessivos confinamentos?

Inclusão de diferentes tipos de alunos?
Muito se defende a tecnologia como fator de inclusão, já que é possível utilizá-la na sala de aula (online e offline) para incluir todo o tipo de alunos com necessidades especiais. Mas isso remete-nos de novo ao tópico anterior: e os alunos mais desfavorecidos? Teriam apoios atempados por parte do Estado? Enquanto aguardamos pela resposta, continuamos a viver num mundo de diferenças sociais, com uma separação de classes que determina quem são os alunos que podem ter acesso a equipamentos mais caros.

Peso a menos na mochila?
Se alunos e encarregados de educação se queixam-se amiúde do peso das mochilas, porque é que este argumento não tem força na discussão sobre o uso da tecnologia na sala de aula? A adoção de livros digitais, aos quais os jovens podem aceder rápida e facilmente pelo smartphone, tablet ou PC, reduzia a carga (superior à recomendada pelos médicos) que trazem às costas, com cadernos, manuais, livros de atividades, estojos…

Aulas mais interessantes e dinâmicas?
Será que o dinamismo e interesse de uma aula depende única e exclusivamente do professor e do perfil dos alunos? Ou será que também depende dos recursos de ensino? Efetivamente, como estão habituados a usar dispositivos tecnológicos, os alunos podem sentir-se mais desmotivados em aulas expositivas com recurso exclusivo a livros impressos. Mas será que o entusiasmo em usar o smartphone e computador na sala de aula seria sinónimo de atenção e resultaria numa melhoria dos resultados escolares?

Prevenção de problemas oculares?
Dentro da corrente contrária à utilização de computadores na sala de aula, ouve-se de tudo, inclusive que o computador faz mal à vista. Será verdade? Ou o computador em si não prejudica a visão das crianças e jovens e é a exposição prolongada a ecrãs que pode ter efeitos negativos? A maioria dos aparelhos eletrónicos emite uma luz azul, sim, mas só pode ser prejudicial para a saúde ocular se não existirem filtros protetores.

Maior conforto e comodidade?
Pais e professores podem não estar de acordo, mas a verdade é que os alunos são unanimes: sentem-se bastante confortáveis a ler através de ecrãs e não dão sinais de cansaço, ao contrário de pessoas mais velhas que preferem livros impressos, mesmo existindo e-books que simulam o papel branco dos livros e a diagramação dos textos.

Mais opções de escolha?
Se procurarmos na Internet, o que não faltam são e-books e áudio-books, mas quanto a manuais escolares digitais, pode haver alguma dificuldade em encontrá-los. Logo à partida porque as editoras (por questões económicas) não os disponibilizam em versão digital, mas existem outros motivos que fazem com que ainda seja mais fácil encontrar um manual escolar em papel. Ainda…

O manual convencional traz resultados mais eficazes?
Alguns estudos indicam que os métodos tradicionais, como a utilização do caderno e manual escolar, são mais eficientes. Por exemplo, Pam A. Mueller e Daniel M. Oppenheimer, pesquisadores das universidades de Princeton e da Califórnia, respetivamente, fizeram um estudo intitulado “The Pen Is Mightier Than the Keyboard: Advantages of Longhand Over Laptop Note Taking”. Nesse estudo, publicado pela primeira vez em 2014, chegaram à conclusão de que os alunos que tiravam apontamentos no computador conseguiam transcrever quase todo o conteúdo da aula, enquanto que os alunos que tiravam apontamentos à mão, para o caderno, só escreviam os excertos mais relevantes. Porém, eram os segundos que tiravam melhores notas! Porquê? O uso dos computadores prejudica a memória? Tirar apontamentos à mão favorece a atenção? A verdade é esta: o mais importante não é o meio usado para tirar apontamentos, mas sim a atenção prestada e a forma como se tiram os apontamentos em sala de aula!

Os computadores podem substituir os cadernos e os manuais escolares?
Poder podem, mas o ideal é que se complementem. Já dizia Bill Gates, fundador da Microsoft, a respeito da questão “computadores ou livros”, que os primeiros não substituem os segundos: “É claro que os meus filhos terão computadores, mas antes terão livros”. Os livros em geral e os manuais e cadernos escolares, em particular, continuam a potenciar a aprendizagem. O seu uso continua a ser didático e eficaz, mas as novas tecnologias também têm e terão cada vez mais, um papel dinâmico na aprendizagem.


(re)Pensar o ensino da Informática na escola pública

Ena! O mercado das Tecnologias da Informação (TI) está em alta em Portugal! É das áreas onde há maior procura por profissionais e, ao mesmo tempo, é das áreas que… mais dificuldade têm em encontrar talentos?! Oh, não!

Bem sei que existem outras atividades em ascensão e também com falta de profissionais qualificados, mas neste artigo permitam-me defender a minha dama: a Informática. E explicar que em Portugal, com o mercado de IT cada vez mais dinâmico, a acolher a cada dia que passa mais empresas nacionais, internacionais e multinacionais com grande capacidade financeira, é urgente repensar o ensino da Informática na escola pública.

Informática no Ensino Básico e Ensino Secundário
Curso de Informática? Não há! Curso Tecnológico de Informática? Já não existe! Atualmente, apenas estão disponíveis na oferta educativa do Ensino Básico e Ensino Secundário geral, duas disciplinas de Informática:

- Disciplina de TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), lecionada uma hora de quando em vez no Ensino Básico, do 5.º ao 9.º ano.
- Disciplina de Aplicações Informáticas (opcional), lecionada apenas no 12.º ano de escolaridade nos cursos de Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas, Línguas e Humanidades e Artes Visuais.

Resultado? O Rodrigo (por exemplo!) chega ao 9.º ano e decide continuar no ensino regular porque quer prosseguir estudos e entrar para a universidade. Põe de parte as escolas profissionais e inscreve-se num dos quatro Cursos Científico-Humanísticos possíveis: Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas, Línguas e Humanidades e Artes Visuais. O que lhe acontece a seguir? Independentemente do curso que escolher, no 10.º ano não tem Informática. No 11.º ano não tem Informática. E finalmente, no 12.º ano tem a hipótese de escolher a disciplina de Aplicações Informáticas. Em tão pouco tempo, que oportunidade terá o Rodrigo de aprender, por exemplo, a programar?

Por muito interessado que seja este aluno e por muito competente que seja o seu professor, a verdade é que isso de transformar instruções lógicas em códigos com o objetivo de executar determinadas sequências, criando um programa ou um software, é bastante difícil e moroso!

É claro que o Rodrigo (boa sorte para ti, rapaz!) poderá aprender a programar nos três ou quatro anos que vai passar na universidade, mas sem as bases a qualificação é mais deficiente. E isso leva-me de novo ao problema inicial: a falta de programadores em Portugal, quando a oferta a nível de Ensino Superior público e privado é inversamente proporcional. Ora, a resolução do problema é capaz de passar, precisamente, pelo ensino intermédio…

Informática na ótica do utilizador é suficiente?
Não! Neste momento, saber o básico de Informática é tão importante quanto saber ler e escrever. Mas a questão é pertinente para explicar que, efetivamente, o aluno aprende, dentro e fora da escola, a Informática na ótica do utilizador. Mas será que na aula, quando escreve um trabalho em word, pensa no programador por detrás do software que lhe permite mudar o tipo e tamanho de letra? Pensa na pessoa ou grupo de pessoas que conseguiu transformar as instruções de formatação de texto em código?

E será que fora da aula, quando pega no seu smartphone para fazer scroll pelo feed do Instagram, pensa no programador que criou a aplicação que torna possível o acesso à rede através de equipamentos móveis? Hum… Não, não pensa. Mas apenas porque não tem, no Ensino Secundário geral público, a hipótese de crescer e fomentar o raciocínio lógico e análise critica na Informática.

Não ponho em causa o futuro do Rodrigo. Acredito que se vai transformar num programador front-end ou back-end fantástico! Especializar-se em segurança em rede, comunicação de dados, arquitetura de computadores, manutenção de hardware, desenvolvimento de aplicações ou criação de sites, entre tantas outras opções. Mas por agora, sei que se limita a desenvolver um rol de atividades com base em programas e aplicativos que (por magia) descarregou para o telefone e para o computador.

Se a insuficiência de disciplinas de Informática no Ensino Básico e Ensino Secundário for, entretanto, colmatada, daqui a uns anos, o Rodrigo vai preencher uma vaga de emprego. E vai contrariar esta tendência de falta de profissionais qualificados e importação de talentos do estrangeiro. Por enquanto, a este e a outros alunos e professores, resta a hipótese de se juntarem ao grupo que entende que é fundamental investir num ensino da Informática abrangente, moderno, atualizado e ajustado ao mercado de trabalho. Ctrl + C | Ctrl + V nisso!


O PODER DO MARKETING NA EDUCAÇÃO

O seu estabelecimento de ensino tem um site responsivo? Ótimo! Tem uma landing page para acesso a materiais mais específicos? Fantástico! Tem perfis em redes sociais como Facebook, Instagram e LinkedIn? Perfeito! Tem um blog onde publica regularmente conteúdo de qualidade? Super! Tem podcasts e vídeos? Maravilhoso! Tem uma newsletter? Ena pá! Faz envios de email marketing regulares? Top! O problema é quando não tem estratégias para captar e reter mais alunos…

Num mercado cada vez mais concorrido, não se pode continuar a menosprezar o poder do marketing na educação. Escolas públicas e privadas devem investir em técnicas para conquistar e fidelizar alunos, manter uma boa comunicação com a família, satisfazer os professores, transmitir os seus valores, promover os seus cursos, evidenciar a sua infraestrutura e, pelo meio, aumentar a sua reputação!

QUALIDADE DO TRABALHO VERSUS PERCEÇÃO DA QUALIDADE DO TRABALHO. Antes de falar a respeito das práticas de marketing numa escola - que promovem o estabelecimento de ensino de forma adequada e até financeiramente rentável - gostava de começar por lhe fazer uma pergunta: sabe qual a diferença entre “qualidade do trabalho” e “perceção da qualidade do trabalho”? Muito bem! A diferença vai além do facto da segunda expressão ter mais uma palavra. Efetivamente, a qualidade do trabalho está diretamente relacionada com a pessoa ou equipa que o realiza e a perceção da qualidade do trabalho, relacionada, maioritariamente, com a eficácia da comunicação ou publicitação sobre o assunto. E nos nossos dias, a eficácia da comunicação ou publicitação está, por sua vez, relacionado com o marketing.
Há alguns anos, quando se pensava na conquista de novos alunos ou atração de novos professores (ou fidelização de ambos!), pensava-se em fazer publicidade. Chapa 5 aplicada offline, preferencialmente em outdoors, flyers e anúncios de jornal, rádio e televisão. Agora as escolas têm de se esforçar mais. Porquê? Porque por muita qualidade de ensino que tenham, sem uma boa estratégia de marketing não conseguem passar a mensagem para os seus públicos-alvo. Portanto, um bom marketing na educação faz com que os consumidores fiquem com uma perceção positiva da instituição, e isso transmite confiança e credibilidade!

MAS O QUE É MARKETING NA EDUCAÇÃO? Agora que já consegui passar a mensagem de Al Ries, quando diz que “o marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de perceções”, importa definir marketing na educação. O que é? Basicamente, é um conjunto de estratégias online e offline que têm por objetivo alcançar potenciais alunos e fidelizar os alunos que já se conquistaram. Tal como acontece nas empresas e instituições sem fins lucrativos, também nas escolas, creches, colégios e universidades publicas ou privadas, é necessário implementar estratégias de marketing para melhorar resultados, e eu vou explicar porque é que acredito nos benefícios do uso de ferramentas de marketing na educação.

- Em primeiro lugar, o marketing está relacionado com todas as áreas! Há muito que deixou de ser necessário ter um produto ou serviço para vender, para sentir necessidade de investir em marketing.

- Em segundo lugar, a realidade do marketing educacional vai ao encontro do aumento das vendas, mas por “vendas” entenda-se a criação e manutenção de uma relação com os clientes, ou seja, com os alunos, pais e professores. Uma relação de nutrição de leads que não fica restrita ao “processo de compra” ou inscrição numa escola, combinado?

- Em terceiro lugar, o marketing na educação é mais do que publicidade e promoção. É uma forma de investigar as reais necessidades dos alunos para criar e desenvolver os serviços de educação mais inovadores e mais ajustados, e assim agregar valor ao processo educacional no seu todo. Porque a verdade é que, “o principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram” (Jean Piaget).

QUAL O PODER DO MARKETING NA EDUCAÇÃO? Através de estratégias eficazes, o marketing na educação faz a ponte entre a instituição de ensino e a comunidade onde está inserida. Uma ponte muito movimentada, construída todos os dias sob fortes alicerces. No sítio certo. À hora certa. Para as pessoas certas! É esse o poder do marketing na educação, que passo a explicar…

Conteúdos relevantes para aumentar o quadro de alunos ativos
O marketing na educação permite a criação de mensagens objetivas, claras e relevantes para o seu público. E isso porque direciona os esforços de marketing de conteúdo para a sua “persona”, ou seja, para o conjunto de pessoas que têm o perfil de aluno ideal, educando-as para quererem fazer parte da instituição, com o objetivo de trazê-las para o quadro de alunos ativos.

Mensagens informativas para melhorar a notoriedade e credibilidade
A criação de textos informativos acerca de temas que interessem o público-alvo da instituição de ensino, aumenta a notoriedade, reputação e credibilidade perante a concorrência.

Diferentes tipos de conteúdos em diversos canais, ajustados ao funil de vendas
O poder do marketing na educação também se faz sentir através de diferentes tipos de conteúdo, sendo que aqui "deveríamos olhar para a Internet como uma plataforma de comunicação” (de acordo com Guilherme Machado). Uma plataforma global, que pode albergar notícias, artigos de blog, vídeos, lives, podcasts, infográficos, white papers, casos de sucesso, ebooks, newsletters, email marketing e quizzes, entre outros conteúdos que estejam, direta ou indiretamente, relacionados com o estabelecimento de ensino.
Mas não é tudo! Esses conteúdos devem ser ajustados aos diferentes canais (como site, blog, email marketing, newsletter, redes sociais e aplicativos) e às diferentes etapas dentro do funil de vendas da escola em que se encontra cada potencial aluno: desde a fase de descoberta à fase de inscrição! Tudo porque as ações de marketing educacional devem passar informações relevantes para as várias etapas da contratação do serviço de educação.

Estratégia omnichannel entre medias tradicionais e digitais
O marketing também ajuda a instituição de ensino a seguir uma estratégia omnichannel que interligue diferentes canais de aquisição de alunos e de relacionamentos com os diferentes públicos. É claro que está fora de questão abandonar as estratégias de captação de alunos offline, mas agora tem de prevalecer o estreitamento da relação entre os meios de comunicação tradicionais e os meios digitais.

Publicação de conteúdos de forma sistemática e consistente
É fundamental que as pessoas sintam que têm valor para a instituição de ensino, e para isso nada como usar estratégias de marketing para desenvolver e regular as mensagens durante a época que antecede as matrículas, ao longo de todo o ano letivo… e nas férias escolares também! No fundo, é necessário manter uma certa consistência nas ações de marketing, através da produção regular de conteúdos que respondam “às dores” dos clientes (alunos, pais e professores) e que encetem e mantenham relacionamentos com a comunidade.

Atender à procura e superar as expetativas
Ao efetuar pesquisas sistemáticas para perceber as reais necessidades e carências da comunidade escolar, o marketing educacional atende à procura e ainda supera as expetativas dos seus públicos! Do público interno (que inclui os alunos, professores e outros trabalhadores/colaboradores operacionais) ao público externo (constituído por potenciais alunos, famílias e comunidade envolvente). A compreensão dessas necessidades, melhora as condições de trabalho e aumenta a motivação, satisfação e desempenho de todos!

Monitorizar para fazer sempre mais e melhor
Para avaliar a performance de cada ação, o marketing na escola poe à disposição uma série de métricas digitais para monitorizar os resultados e, claro, para eliminar ou emendar as ações que não estão a atingir os objetivos. Esta análise contínua (que não faz eco no marketing convencional) é particularmente importante para gerir com mestria um orçamento, de acordo com uma estratégia que distribua o budget entre as ações planeadas. E que, após a análise, corte com os valores nas ações que não estão a dar resultados e mantenha ou aumente os valores nas ações de sucesso, que garantem um bom retorno sobre o investimento.

Estas são as principais forças motrizes que tanto poder dão ao marketing na escola e que provam que sem marketing, as instituições de ensino ficam perdidas numa zona cinzenta, ainda que tenham uma boa oferta. E presas numa zona negra, se a oferta for deficiente ou insuficiente. Lá dizia Alison Zigulich que "um bom marketing acelera a morte de um mau produto ou serviço”. Por outro lado, e parafraseando Guilherme Machado, “não há melhor propaganda do que um trabalho bem feito". E por fim - digo-lhe eu! - apesar de não existir uma combinação perfeita de ações que possa ser replicada em todas as instituições de ensino, deixar de usar ferramentas que podem auxiliar na gestão e melhorar os resultados, é uma perda a médio/longo prazo.
Desta feita, as escolas portuguesas, públicas e privadas, que ainda têm uma consciência míope sobre o papel do marketing e alguma dificuldade na implementação de boas práticas, podem ficar uns bons passos atrás da concorrência. Atrás das escolas que já fazem pesquisas para suportar decisões sobre a oferta educativa e que já utilizam o marketing como instrumento de gestão e administração. Na senda do essencial, mas também do diferencial para melhorar a notoriedade, captar e reter mais alunos, fomentar e competitividade e – porque não dizê-lo? – aumentar a rentabilidade.