Asclépio
Carla Marçal Grilo
Santo Graal
- 14-03-2021
A endometriose é uma
doença inflamatória crónica e benigna, a
maior parte das vezes dolorosa, que afeta
cerca de 10% das mulheres em idade
reprodutiva. Foi descrita em 1860 por Von
Rokitansky e a causa exata ainda é
desconhecida, sendo provavelmente por
predisposição genética, imunitária ou
ambiental.
O endométrio é a camada
interna que reveste a parede do útero e que
regenera ciclicamente através de um processo
de descamação durante o ciclo menstrual.
Quando as células do endométrio, que
deveriam ser expelidas na menstruação,
crescem fora da sua localização normal
designa-se de endometriose.
Este tecido endométrio,
para além de surgir no útero, trompas de
Falópio, ovários, vagina ou locais próximos
ao abdómen, também pode ser encontrado na
parede abdominal, diafragma, intestino
delgado e grosso, ureteres, bexiga e reto. À
medida que a doença progride e o tecido
aumenta gradualmente de tamanho pode afetar
novas estruturas mais distantes, como os
pulmões, o coração, o nariz ou a pele. A
endometriose tende a ficar inativa durante a
gestação ou após a menopausa.
A sintomatologia mais
comum é a dor intensa, às vezes
incapacitante, na região inferior do abdómen
e/ou região pélvica e infertilidade. Também
pode ocorrer dor durante as relações
sexuais. Os sintomas urinários ou
intestinais são comuns aquando compromisso
dos respetivos órgãos. A intensidade da dor
varia durante o ciclo menstrual, que
habitualmente é severa não cessando com
medicação, associada a menstruação abundante
e/ou hemorragias prolongadas e intensas. Por
vezes esta variação da dor está
correlacionada com a extensão ou estádio (I
a IV) da endometriose. A dor grave está
associada a maior parte das vezes a lesões
infiltrativas profundas. Os sintomas variam
consoante o local onde se encontra o tecido
endométrio.
O diagnóstico precoce é
habitualmente difícil e depende da anamnese,
sendo diagnosticada por volta dos 30-40
anos, comprometendo a fertilidade da mulher.
Raramente é observável no exame
ginecológico, podendo ser detetável no exame
pélvico com a suspeita de nódulos ou massas
de tecido, diminuição da mobilidade do útero
e aumento da dor e de sensibilidade. A
ultrassonografia pélvica é o exame de 1ª
linha para identificar inicialmente a doença
com lesões grandes de endometriose. A
ressonância magnética é o exame de eleição
para esclarecer ou complementar o estudo
ecográfico em lesões mais pequenas e para
avaliação pré-operatória global da cavidade
pélvica, permitindo identificar todos os
locais de envolvimento pela doença. A
laparoscopia ou laparotomia é um exame de
referência para diagnóstico final ou
tratamento, permitindo observar e operar o
interior da cavidade abdominal. Trata-se de
um exame invasivo através de pequenos furos
no abdómen, onde se insere os instrumentos
cirúrgicos e uma câmara permitindo o
tratamento, se necessário.
O tratamento da
endometriose pode ser clínico (analgésicos,
anti-inflamatórios ou hormonais) ou
cirúrgico, dependendo da fase da
endometriose, sintomatologia, idade e planos
para gravidez. Nos casos menos graves, o
tratamento será a administração da
combinação de contraceptivos hormonais orais
com anti-inflamatórios. Frequentemente
opta-se por tratamento cirúrgico nos casos
moderados e graves com a remoção ou
eliminação do tecido endométrio ectópico,
sendo necessário em casos mais graves a
remoção de ovários, útero e segmentos de
intestino.
O impacto desta doença
é enorme na qualidade de vida. A dor é um
sintoma subjetivo e individual que interfere
e limita as atividades da vida diária, como
tomar banho, vestir, caminhar ou qualquer
pequena tarefa. A infertilidade, a dor e a
angústia, à medida que os anos passam, levam
à depressão e baixa autoestima. Estas
alterações emocionais interferem no
relacionamento familiar, social e laboral.
É necessário pedir ajuda,
tanto médica como familiar, bem como
sensibilizar a sociedade sobre o impacto
desta doença crónica e promover o bem-estar
físico e emocional da mulher com
endometriose.
Tríade
- 11-02-2021
A pandemia de
Covid-19 e o confinamento acentuaram os
comportamentos de risco, como o
sedentarismo, as dietas pouco saudáveis e o
aumento do consumo de tabaco e abuso do
álcool.
As doenças
cardiovasculares são a principal causa de
morte em Portugal, em que matam cerca de 35
mil pessoas por ano. A população com doenças
cardiovasculares, fatores de risco e outras
comorbilidades apresentam mais probabilidade
de terem sintomas severos, internamento em
cuidados intensivos e até a morte. Sendo
este grupo mais vulnerável, principalmente
os idosos, e apesar dos centros hospitalares
da rede da via verde coronária e da via
verde do AVC continuarem a funcionar em
disponibilidade permanente, verifica-se que
muitos pacientes evitam recorrer a urgências
hospitalares nas primeiras horas de evolução
dos acidentes cardiovasculares. O enfarte do
miocárdio ou as arritmias graves não
tratadas de imediato podem ter pior
prognóstico que a Covid-19. Não se deve
descurar os doentes crónicos e as situações
de emergências cardiovascular associadas a
risco de mortalidade.
A pandemia dificultou
o exercício físico, quer por terem ficado em
isolamento social quer por terem acesso
limitado aos locais onde poderiam praticar
desporto, caminhar ou correr. Uma das
exceções ao confinamento decretado pelo
Governo é a prática de exercício físico na
rua, desde que sozinho ou com elementos do
mesmo agregado familiar. O stress e o medo
de contrair o vírus afeta a saúde mental, do
coração e acentua os comportamentos de risco
contraproducentes. Algumas das sugestões
passam pelo uso de tecnologia na promoção e
educação para a saúde com enfoque no
exercício físico em casa. Durante o período
de confinamento social as pessoas
organizaram-se e disponibilizaram mais tempo
à prática de exercício físico em casa com
recurso a programas de treino auto
recreativos ou realizados com recurso a
plataformas digitais.
A população
portuguesa tem uma alta prevalência para o
excesso de peso. A obesidade é uma
comorbilidade prevalente em casos graves de
Covid-19 e o isolamento social pode aumentar
a acumulação de gordura. As alterações
orgânicas causadas pela obesidade quando
associadas à infeção pelo vírus SARS-CoV-2
aumentam a necessidade de assistência
ventilatória, risco de tromboembolismo,
filtração glomerular reduzida e alterações
na resposta inflamatória crónica. A
literacia nutricional reflete-se nas
escolhas e na compra de alimentos dos nossos
hábitos alimentares. Hoje, sabemos que a
carência de nutrientes necessários ao bom
funcionamento do organismo, como o zinco, o
selénio, o ferro, as vitaminas A, C, D, E,
B6 e folatos aumenta a vulnerabilidade da
população e o risco de doença grave. Para a
população que se encontra em casa a cumprir
o distanciamento social, será importante uma
diversidade alimentar durante este período,
sendo a melhor forma de fortalecer e
proteger o sistema imunitário.
A doença
cardiovascular, o sedentarismo e a má
nutrição constituem uma tríade de risco para
doença grave, aconselhando-se que mantenha
hábitos saudáveis:
- Adote uma
alimentação variada
- Aproveite e ouça
música, dance e pratique exercício físico em
casa
- Recupere os sonhos
e planeie o futuro
- Faça parte da
História do Planeta em tempo de pandemia.
Alô, Alô!
A tecnologia
tornou-se imprescindível na prática médica e
no desenvolvimento da aplicação dos cuidados
de saúde, principalmente em tempo de
pandemia.
Os médicos e os
pacientes são os principais alvos e
utilizadores desta técnica remota, que visa
a melhoria e eficiência da prestação de
cuidados de saúde.
O grau de
sofisticação pode ir de um simples telemóvel
até aos sistemas de videoconferência
via-satélite entre prestadores de cuidados
de saúde entre 2 ou mais países.
A telemedicina não é
um conceito recente, fruto de filmes de
ficção científica. É uma técnica que remonta
à invenção do telégrafo e do telefone e que
rapidamente se adaptou a meios mais eficazes
na troca de informação. O surgimento do
primeiro estetoscópio eléctrico em 1910 e
aliado à tecnologia rádio, permitiu a
realização de consultas com auscultação,
produção de diagnósticos e prescrição. Em
1920 realizavam-se consultas a marinheiros
em alto mar. Com o início das viagens
espaciais monitorizaram-se sinais vitais dos
astronautas. O aparecimento da televisão e
mais tarde, em 1966, com a criação do
sistema de videoconferência alargaram-se as
capacidades da telemedicina. Com o impulso
dos últimos anos da massificação da Internet
e a ampla difusão dos telemóveis de última
geração tornou-se num conceito mais amplo –
eHealth ou “Saúde digital” – que surge como
potencial alternativa para o Sistema
Nacional de Saúde, permitindo o acesso a
cuidados de saúde a partir do domicílio do
doente ou de qualquer outro lugar.
As vantagens são
imensas tanto para profissionais de saúde
como para pacientes, promovendo melhores
condições no tratamento dos processos
clínicos, optimização do tempo, retoma e
recuperação de rastreios e redução de custos
ao sistema de saúde, com um importante
aumento da literacia em saúde e tecnologia,
criando condições para que qualquer pessoa
consiga ter acesso às consultas,
monitorização, rastreio ou cirurgia à
distância.
Mas não são só
virtudes na telemedicina. Existem
desvantagens que têm origem na necessidade
de garantia de segurança da informação, na
dificuldade ético-legal de estabelecer
níveis de responsabilidade entre os
intervenientes, nos preconceitos
tecnológicos, na maior probabilidade de
conclusões erradas por falta de informação
histórica do paciente e na diminuição da
interação e humanização entre a relação
médico-paciente.
No contexto atual, a
pandemia Covid-19 e o isolamento social
obrigou a reequacionar o tipo de
acompanhamento dos pacientes e a forma mais
sustentável de dar respostas na área da
saúde, bem como a adaptação dos
profissionais de saúde ao mundo digital.
Impôs a utilização imediata da telemedicina
como uma das medidas mais eficazes para
impedir que o número de infetados aumente e
como forma de combater consultas perdidas,
cumprir listas de espera e tempos de
resposta para consultas.
O tempo é
determinante para a sobrevivência e o atraso
no diagnóstico contribui para um pior
prognóstico.
A telemedicina veio
para ficar muito para além da pandemia
Covid-19.
A saúde do futuro:
Alô, Alô!
Arma Eficaz
A pandemia veio
introduzir uma grande preocupação na estação
Outono/Inverno com o aumento dos riscos de
infeções respiratórias, resultantes da
circulação conjunta do vírus SARS-CoV-2 com
os vírus da gripe sazonal.
No período mais
frio do ano predominam as infeções do trato
respiratório superior, as viroses, as
bronquites, com realce para as agudizações
infeciosas da DPOC, pneumonias, gripe e
Covid-19.
A gripe não é uma
doença benigna, sobretudo na população mais
frágil. É uma doença infeciosa do aparelho
respiratório, altamente contagiosa, causada
pelo vírus Influenza. A gripe é geralmente
transmitida por via aérea (propagação de
partículas virais através da tosse ou de
espirros), por contato direto (libertação de
muco diretamente nos olhos, nariz ou boca de
outra pessoa) ou por contato com superfícies
contaminadas. Os sintomas mais comuns no
adulto são a febre, calafrios, rinorreia
(corrimento de muco nasal), dores de
garganta, dores musculares, dores de cabeça,
tosse fadiga e sensação geral de
desconforto. Em crianças também podem
ocorrer vómitos, náuseas e diarreia. A gripe
pode levar ao aparecimento de pneumonia,
tanto viral como bacteriana, mesmo em
pessoas saudáveis.
A pneumonia é uma
inflamação do parênquima pulmonar, área do
pulmão onde se dão as trocas gasosas
essenciais à vida. Os alvéolos e os
bronquíolos respiratórios ficam preenchidos
com líquido resultante da inflamação, não se
realizando as trocas gasosas e com redução
da elasticidade do pulmão provoca
dificuldade respiratória. A pneumonia pode
deixar sequelas irreversíveis, reduzir a
qualidade de vida ou mesmo levar à morte,
principalmente em grupos de risco. É uma das
principais causas de hospitalização e
mortalidade em Portugal.
A melhor forma de
evitar ambas as doenças e reforçar o nosso
sistema imunitário será apostar na
vacinação. A vacina da gripe é segura, com
uma eficácia de cerca de 50% comprovada em
todas as faixas etárias e altamente
recomendável em pessoas com mais de 65 anos
e pessoas de todas as idades com doenças
crónicas, para quem as complicações da
gripe, como a pneumonia, são um risco grave.
A vacina da gripe é constituída por vírus
inativos que provocam a produção de
anticorpos para tentar eliminar o vírus
causador de doença. Posteriormente, as
nossas defesas reconhecem o agente
patogénico e neutralizam-no. De acordo com
as orientações da DGS, aconselha-se a
vacinação a todas as pessoas vulneráveis ou
com indicação para a mesma.
Assegure a higiene
das mãos. Mantenha o distanciamento físico e
siga as regras da etiqueta respiratória.
Não faça parte do
número dos internamentos.
Proteja-se e proteja
os outros.
É imperativo reforçar
a imunização.
Vacinação: A arma
mais eficaz.
Pocahontas!
A norma confirmou o
ditado “Em casa de ferreiro, espeto de pau”.
Apesar de ser controlada como paciente de
alto risco, tudo se desmoronou no dia 21 de
março de 2019. Faltou-me o chão
naquela manhã solarenga. Duas semanas antes
da consulta de Senologia de rotina tinha
feito uma Ressonância Magnética. A médica da
Radiologia não me deixou sair sem fazer uma
biópsia à mama esquerda. Já não era a
primeira vez. Um ano antes tinha tentado
tirar um nódulo e não conseguiu. Estava
marcado, tanto fisicamente como para a vida.
Entrei na sala de exame, olhei para a minha
colega, esbocei um sorriso e disse em tom de
brincadeira para quebrar o medo – “Então
Teresa, fui sorteada?”. Eu como profissional
de saúde tinha consciência que aquele nódulo
me podia alterar a vida. Mas sentia-me bem
física e psicologicamente. Não tinha de ter
medo.
Estava feliz naquele
dia da consulta da mama. Por tudo o que era
e pela família que tinha. Haveria outra
razão para não estar feliz? Não. Toda eu
emanava alegria naquela manhã, apesar de
algum nervosismo. De repente, o dia
transformou-se negro como se de uma
tempestade se tratasse. Sentei-me em frente
à médica. E após abrir o meu processo
clínico, algo não estava bem. Os seus
grandes olhos verdes expressaram preocupação
ao ler o resultado anátomo-patológico da
biópsia. “A notícia que tenho para lhe dar
não é boa”, foram as palavras que lhe saíram
da boca. Senti um arrepio pelo corpo. Deixei
de sentir o chão numa fração de segundo. E
os meus sonhos? E a minha família? E o meu
trabalho? E o meu dia a dia? Como seria? Vou
morrer cedo? Porquê eu? Esta situação iria
se repetir ao fim de alguns anos. Lembrei-me
da minha mãe com cancro da mama e a sua luta
pela vida durante anos. Do meu pai que não
teve tempo de lutar contra o cancro no
cérebro. Toda eu tremia. E com as primeiras
lágrimas a saltar dos olhos, respondi:
“Tenho Cancro da mama.” Não conseguia
processar os passos que se seguiriam. Pedi
para o meu marido entrar. Ele é o meu Porto
de Abrigo. Naquele momento, ele era o único
que conseguiria processar a informação e os
passos seguintes “Operação e Tratamentos”.
Chorei. O meu cérebro só processava as
palavras Cancro e Morte.
Eu sabia como
profissional de saúde que a ciência está
muito avançada e que o cancro da mama se
tornou numa doença crónica. Mas a palavra
Cancro é assustadora. Estava a ser difícil
estar do lado de lá, do lado do doente. Não
estava habituada. Os meus olhos pareciam a
foz de um rio. E como iria dizer aos meus
filhos? E às minhas irmãs e irmão? Todos
eles me tinham enviado mensagens a perguntar
como tinha corrido a consulta. Estava a
queimar tempo para arranjar coragem.
Finalmente, respirei fundo e dei a notícia.
Do outro lado da linha, com cada um deles
senti um silêncio que pareceu uma
eternidade. Iríamos reviver tudo outra vez.
A operação, os tratamentos, os enjoos, a
queda de cabelo… Senti o dia infindável.
As minhas pernas
tremiam de nervosismo. Não era normal. Eu
trabalhava há 25 anos em meio hospitalar e
parecia que era a primeira vez que entrava
num internamento. Fiquei baralhada com
aquela agitação. Todos eles pareciam que
bailavam naquele piso. Os médicos, as
enfermeiras, as auxiliares e até os
equipamentos. Como era possível eu estar
baralhada? Chorava? Fugia? Não podia. Não
servia de nada. Era o início do fim da
doença. Tratar a derrota como a vitória não
é fácil, mas é possível. Após um ano e meio,
entre operação, quimioterapia, radioterapia,
terapêutica de anticorpos e hormonal, exames
complementares, queda de cabelo da
Pocahontas! e sumos de beterraba, sinto-me
bem. Isso é mais importante. Quero viver e
ser feliz.
O cancro da mama é
uma neoplasia (crescimento ou proliferação
anormal, autónoma e descontrolada de um
determinado tecido do corpo) com origem nos
tecidos mamários, geralmente nos ductos
(canais que transportam o leite até ao
mamilo) ou nos lóbulos (glândulas que
produzem o leite). A deteção de nódulo na
mama ou na axila, a modificação do tamanho
da mama, a modificação do aspeto da pele da
mama ou do mamilo e a secreção no mamilo são
sintomas de alerta. É o tipo de tumor mais
comum na mulher (apenas 1 em cada 100
cancros se desenvolvem no homem) e o segundo
mais frequente em todo o mundo. Há entre 5 a
10% dos cancros da mama diagnosticados com
características genéticas e hereditárias que
obrigam a um acompanhamento das famílias.
Os métodos e
tratamentos no cancro de mama, são eficazes
na cura entre 90% a 95%, quando
diagnosticados precocemente. O exame clínico
e a mamografia são meios para um diagnóstico
precoce, sobretudo a partir dos 40-45 anos,
sendo determinante para os resultados
clínicos alcançados.
Esteja atento aos
sinais de alerta e principais mecanismos de
prevenção.
Repense os seus
valores e prioridades.
Tenha uma vida
saudável.
Prevenir é o melhor remédio. A defesa é o melhor ataque.
Tic-Tac, Tic-Tac
Para assinalar o Dia
Mundial do Coração (29 de setembro) venho
promover e sensibilizar os leitores para a
importância de cuidar do nosso coração e
prevenir as doenças cardiovasculares. O coração é um órgão
muscular presente no sistema cardiovascular
que funciona como uma bomba. Ele contrai e
relaxa de forma rítmica, bombeando o sangue
que o organismo necessita e consumindo a
menor energia possível durante cada
batimento. As contrações são
controladas por correntes elétricas que
percorrem o coração de forma precisa,
seguindo trajetórias e velocidades
específicas. A corrente elétrica tem origem
num marca-passo natural do coração (nódulo
sinusal), localizado no alto da aurícula
direita. A frequência cardíaca é determinada
pela frequência com que o nódulo sinusal
descarrega a corrente elétrica e pelos
níveis de hormonas específicas na corrente
sanguínea. O coração de um
adulto saudável em repouso bate regularmente
a cerca de 60 a 100 batimentos por minuto.
Deve ser considerado um ritmo cardíaco
anormal se as sequências de batimentos
cardíacos forem irregulares, muito rápidos
(mais de 100 bpm – taquicardia), muito
lentos (inferior a 50/60 bpm – bradicardia)
ou se percorrerem o coração por vias
anormais de condução elétrica. O quadro
clínico é inofensivo em pessoas que
apresentam batimentos irregulares
ocasionais. No entanto, as arritmias podem
ser desconfortáveis e, por vezes, colocar a
vida em risco. O coração pode não ser capaz
de bombear sangue suficiente para o corpo,
causando danos no cérebro, coração ou outros
órgãos. Todas as patologias
que atingem o coração ou a circulação
sanguínea podem causar insuficiência
cardíaca. As patologias mais comuns que
podem originar o seu desenvolvimento são: - Doença das artérias
coronárias Estamos a viver
tempos sem precedentes. Não sabemos que
curso a pandemia tomará no futuro, mas
sabemos que cuidar dos nossos corações é
mais importante do que nunca. Se tem um
problema de saúde subjacente, como as
doenças acima referidas, não deixe o
Covid-19 impedi-lo de fazer os seus
check-ups regulares. Seja consciente.
Tic-tac, tic-tac, ouça o seu coração! Um ato importante
numa altura em que o mundo enfrenta uma
pandemia.
Contemple o mundo
que o rodeia, desfrute e celebre a vida.
Este é um destino que fará bem ao seu
coração.
As alterações de
saúde mental são consideradas as doenças
sociais mais inquietantes da atualidade,
tanto pelo aumento de morbilidade como por
afetarem de forma aguda a tranquilidade, o
bem-estar e o equilíbrio da vida familiar e
da comunidade. Segundo a OMS (2002),
a saúde mental é “o estado de bem-estar no
qual o indivíduo realiza as suas
capacidades, pode fazer face ao stress
normal da vida, trabalhar de forma produtiva
e frutífera e contribuir para a comunidade
em que se insere”. O sentimento de
bem-estar é diferente e subjetivo de
indivíduo para indivíduo, dependendo do
contexto económico, social, cultural e
político em que se insere. A saúde mental é
fundamental para o bem-estar do indivíduo e
é inseparável da sua saúde física, sendo
necessário encontrar uma saudável harmonia
entre a mente, o corpo, os comportamentos e
as relações. A evidência
científica aponta para um impacto na saúde
mental de 25% do total de população afetada
pela pandemia num futuro a longo-prazo,
principalmente em crianças e jovens, que
colocam em perigo a sua sociabilização
geracional. A sala de aula contribui para a
igualdade e socialização, para que crianças
e jovens escapem um pouco a meios familiares
mais desfavorecidos. Quantas crianças e
jovens não estão a sofrer de solidão, tédio,
violência doméstica e fome? O isolamento é
importante para proteger a saúde física,
impedindo o contágio de um vírus, mas quanto
mais tempo estivermos isolados maiores serão
os riscos de doenças psiquiátricas. O
confinamento pode ter originado sintomas
psicopatológicos (depressão, ansiedade,
medo, irritabilidade, insónia, entre outras)
em indivíduos com condições mais
vulneráveis. As condições económicas
decorrentes da pandemia, nomeadamente o
risco de desemprego está associado a um
agravamento da saúde mental da população e
ao aumento de stress pós-traumático. Devido
às medidas preventivas de saúde pública,
muitos familiares e amigos ficaram privados
dos abraços, dos afetos, da socialização.
Até no luto se viram privados da despedida
do seu ente querido. Fechados numa bolha
auto-suficiente, em que tudo o que está para
além da porta das nossas casas não tem
relevância! Cidades, vidas e
economias estão suspensas! Parou-nos a boneca! O medo é paralisante.
É preciso acabar com o discurso do medo. A
incerteza e o medo estão a minar a saúde
mental dos indivíduos e as suas relações
interpessoais. Qual será o
verdadeiro impacto da pandemia na saúde
mental e os seus efeitos colaterais? A nível
anatómico cerebral, como serão afetadas as
áreas de associação pré-frontal,
parieto-temporal ou límbica? Estaremos a
caminhar pelo desconhecido, sem bússola? É muito importante
cuidar da saúde físico-mental, porque estão
intrinsecamente ligadas.
A vida é a maior
empresa do mundo. Só você pode evitar que
ela vá à falência.
O risco de uma
segunda vaga de Covid-19 é extremamente
elevado, em que o número de pessoas
suscetíveis de contágio permanece alto e de
imunizado baixo. Segundo as
autoridades de saúde, “Um indivíduo
infetado é transmissor do vírus desde 2
dias antes do início de sintomas, sendo a
carga viral elevada na fase precoce da
doença”.
As gotículas
respiratórias do vírus SARS-CoV-2 (Covid-19)
são grandes e não permanecem no ar por muito
tempo, caindo em superfícies próximas.
Qualquer pessoa pode ser infetada se as
gotículas caírem sobre a boca, o nariz e os
olhos ou tocar numa superfície com essas
gotículas e depois tocar no rosto. A maior parte dos
contágios faz-se em primeiro lugar em
contexto laboral, sendo alastrado
posteriormente ao seio familiar. É
aconselhável prudência no desconfinamento,
desde o distanciamento social, as medidas de
higiene, etiqueta respiratória e o uso de
máscara facial, principalmente em espaços
fechados.
Com a propagação
do Covid-19 a nível mundial, o uso de
máscara cirúrgica, respiradores ou
comunitária tornou-se quase omnipresente e
obrigatória em transportes públicos, no
comércio, em escolas e noutros espaços
fechados. O seu uso serve de barreira quando
uma pessoa espirra ou tosse, ajudando a
reduzir a propagação de gotículas da boca e
do nariz do utilizador e a minimizar os
riscos de contágio comunitário de uma
possível infeção por SARS-CoV-2 ou outro
tipo de coronavírus. Para uma proteção
facial eficaz, o uso correto deve cobrir
desde o nariz até ao queixo e ajustar-se bem
ao rosto. Deve permitir respirar sem
restrições. Em Portugal, a DGS
tem seguido as orientações da OMS e do ECDC
(European Centre for Disease Prevention and
Control) no âmbito da pandemia de Covid-19.
De acordo com as orientações e normas
publicadas, é recomendável o uso de máscara
cirúrgica a profissionais de saúde, a
pessoas com sintomas respiratórios ou mais
vulneráveis (idosos, doentes com doenças
crónicas ou com o sistema imunitário
comprometido, pessoas que entrem e circulem
em unidades de saúde, bem como elementos de
alguns grupos profissionais (bombeiros,
agentes funerários, entre outros). Apesar de não estar
provada a eficácia da utilização
generalizada de máscaras comunitárias na
prevenção da infecção por SARS-CoV-2 é
recomendável o uso de máscaras por todas as
pessoas como medida para reduzir a
propagação do vírus e de proteção adicional
ao distanciamento social, à higiene das mãos
e à etiqueta respiratória. Proteja-se, por si e
por todos. A decisão é sua, é de todos.
E saboreie a vida,
como se saboreia um pastel de nata, com ou
sem canela. .
Parou-nos a boneca!
Com ou sem canela