Estórias da História
António Marçal Grilo
Anexação do Algarve
Fixação dos limites territoriais do Reino de Portugal
Em 1263 o problema do
reconhecimento do Reino do Algarve na coroa
portuguesa conhece novos factos e novas
circunstâncias que permitem a Afonso III de
Portugal e Afonso X de Leão e Castela
assinar um tratado de paz. Corria o ano de
1263 e os dois soberanos entenderam transpor
um pacto em que fossem relevados os
seguintes termos, que citamos [1]:
“Salvo quatro regalias
eminentes de Afonso X, enquanto vivo, o senhorio da
terra passava ao seu recém-nascido neto D. Dinis,
com a obrigação de prestar ao avô, em caso de
guerra, o auxílio militar de 50 lanças. Para penhor
deste compromisso, que tinha seu ressaibo feudal,
ficavam os castelos de Tavira, Loulé, Faro, Paderne,
Silves e Aljezur, em terçarias [2], sob o comando de
dois nobres cavaleiros portugueses, D. João Peres de
Aboim e seu filho, que juravam nas mãos de Afonso X
cumprir o compromisso militar de Afonso III”.
Deste modo foi dado um passo
decisivo para que Portugal almejasse a tão
ambicionada posse de todo o território do Algarve,
reconhecido não só pelos outros reinos ibéricos como
pelo papado.
A própria obrigação feudal de
cinquentas lanças apenas tocava ao Algarve e
impendia, não sobre o rei, mas sobre o infante
menino, então com dois anos de idade.
Com efeito, logo no ano
seguinte, em setembro de 1264, na ratificação do
tratado de paz, cedeu Afonso X ao genro, Afonso III
de Portugal as quatro regalias que reservara em vida
sobre todas as terras do Algarve, apenas revalidando
a obrigação militar para segurança da qual
continuaram os castelos em terçarias.
Em 1265, quando Afonso III de
Portugal se apercebeu da intenção de Afonso X em
organizar uma cruzada no norte de África, entendeu,
como hábil político que era [3], “…mandar em socorro
do avô de Castela o netito, D. Dinis, feudatário dos
Algarves, à testa duma grossa hoste de lanças e uma
frota de navios de guerra. Concluindo-se os
aprestos, parte para Sevilha a hoste portuguesa sob
o comando nominal do herdeiro ao trono de Portugal o
infante-menino D. Dinis, de cinco anos de idade.
Tal passeio militar do infante-menino, surtiu para
Afonso III, o desejado efeito. Enternecido com a
graça, o velho avô castelhano Afonso X, reteve o
neto junto de si durante dois anos ao fim dos quais,
rendido às suas suplicas, aquiesceu em se consagrar
com o pai…”.
Em fevereiro desse ano
encontram-se os dois monarcas em Badajoz onde por
convenção, Afonso X renuncia sem reservas a todos os
seus direitos ao território do Algarve cedendo
Afonso III de Portugal os castelos de Aroche e
Aracena ao sogro.
Estabelecia-se assim definitivamente a fronteira a
sul do reino seguido pelo curso do rio Guadiana. Com
o tratado de paz a fixação dos limites era o
complemento das longínquas pazes de Zamora traçados
por D. Afonso Henriques e o Imperador Afonso VII de
Leão e Castela a 5 de outubro de 1143, confirmado
posteriormente pela bula papal “Manifesti Probatum”
pelo Papa Alexandre
III em 1179 onde se declara definitivamente a
independência de Portugal.
Consumava-se enfim
juridicamente o edifício territorial do Reino de
Portugal. Começava agora e com o futuro rei D. Dinis
consumar organicamente, consoante as tradições, as
condições geográficas-marítimas, agrícolas e
económicas do Reino caucionar uma posição política
perante a cristandade.
[1] Alexandre Herculano, História de Portugal.
[2] Caução em poder de terceiros: formula medieval para territórios em litígio.
[3] Alexandre Herculano, História de Portugal.
O Reino do Algarve e a Coroa Portuguesa
D. Afonso III de Portugal
A questão do Algarve, sopitada, mas não resolvida, voltara a inquietar os ânimos. Corria o ano de 1256 e Afonso III, previdente repara nas fronteiras militares do Sul, preocupado com possíveis retaliações de D.Afonso X seu sogro. Resolvida nas Cortes de Leiria a situação da cidade de Beja o Rei manda-a restaurar militarmente, reconstruindo e ampliando as muralhas e o castelo, ocupando-o com uma forte guarnição, reedifica e aumenta o burgo, repovoando-o, colocando esta cidade como Praça Forte estratégica para qualquer eventualidade que fosse necessária.
No que refere a Lisboa, cidade predilecta de Afonso III que se avantajava às demais cidades do Reino já densamente povoada, caraterizada por uma grande atividade naval, mercantil e burguesa que tanto apoiara o Bolonhês na conquista da coroa, começa a figurar como residência habitual da corte e capital política do Reino.
Uma das grandes prioridades de D Afonso III foca-se na sua marinha militar naval (1). Construíram-se sob a direção de mestres estrangeiros navios de alto bordo para as frotas militares do rei. E a frota de navios grossos que ajudara a tomada de Faro (2), as fustas as barcas, as caravelas, deviam em caso de guerra defender eficazmente não só o estuário do Tejo, mas toda a costa incorporada ao reino.
Em 1261, um levantamento das populações mouras nos estados do Sul de Afonso X de Castela, dá ao rei de Portugal a oportunidade para voltar às armas em defesa dos seus direitos ao Algarve.
Afonso III nesse ano promove nova expedição militar ao sul para se reapossar dessas terras e sabe-se que a ofensiva partiu da hoste portuguesa, a guerra foi devastadora e durou poucos meses, mas não trouxe grande vantagens para os contendores, a intervenção de D. Paio Peres Correia, mestre da ordem de Santiago, homem muito respeitado por ambas as partes, Afonso III de Portugal e Afonso X de Leão e Castela, tomou a iniciativa de promover as pazes entre os dois grandes monarcas.
(1) Quirino da Fonseca, Os portugueses no mar, vol.1, p.37.
(2) António Brandão, Monarquia Lusitana.
Conclusão da conquista do Algarve – D. Afonso III de Portugal
Em fins de março de
1249, os freires das ordens, nomeadamente
Gonçalo Magro, Comendador-Mor dos Espatários
em Portugal avançam e conquistam Albufeira,
Porches e outras praças fortes a oeste de
Faro.
Por sua vez os
Hospitalários saídos dos castelos de Moura,
Serpa e Mértola tomam o condado de Niebla,
Aracena e Aronche, território entre o
Guadiana e o Odiel.
Com a queda de Faro,
os Freires do Mestre de Santiago o grande
comendador D. Paio Peres Correia, reforçados
com novos contingentes avançam e conquistam
a praça-forte de Salir, importante ponto
estratégico face à proximidade que a mesma
tinha de Silves.
Releva-se que a
cidade de Silves era considerada como a urbe
mais importante e a mais populosa de todo o
Algarve ocidental, era uma praça-forte com
um sistema defensivo muito sólido, com
fortes estruturas bem implantadas que não
era de todo um objetivo militar fácil de
subjugar.
Por esse motivo D. Paio Peres Correia delineou uma estratégia enganadora com um pretenso ataque ao arraial da praça-forte de Estômbar, o Mestre, conhecedor dos movimentos do exército muçulmano, levanta cerco a Paderne, engana Ibn Mahfuz, Rei de Niebla que vinha em socorro com um exército, ataca de surpresa a cidade de Silves que se encontrava desguarnecida e toma-a sem grandes esforços. A grande Shilb, cidade orgulhosa, opulenta e formosa, soberana em todo o território do Al-Faghar, cai por fim definitivamente no domínio das forças cristãs.
Com a ocupação destes
últimos castelos consuma-se assim a
conquista militar de todo o território do
Algarve. As fronteiras de Portugal atingiam
enfim o limite da sua extensão até ao
oceano.
No entanto o
reconhecimento desses limites por parte do
Reino de Leão e Castela vai demorar ainda
umas décadas1
e vão ser motivo de contendas entre os dois
reinos2.
Com efeito estas décadas são marcados por
profundos desacordos sobre o domínio do
Algarve entre D. Afonso III de Portugal e
Afonso X de Castela.
(1) Alexandre Herculano, História de Portugal, Liv.III
(2) Cronica de D. Alonso el Sabio, loc. Cit; Çurita, Anales, L, 3,c 48.
Conquista do Algarve pela coroa portuguesa – D. Afonso III de Portugal
Com a hoste real concentrada em Aljustrel, peonagem dos concelhos, cavaleiros prestameiros, de uma só lança, algumas mesnadas de ricos-homens com os seus cavaleiros e outros homens de armas conjuntamente com a cavalaria das Ordens de Santiago e Calatrava, parte Afonso III em marcha para oeste do Algarve com uma estratégia pessoal muito bem definida, com propósitos especiais muito pessoais tendo como objetivos o aumento das terras conquistadas e a preservação dos grandes centros populacionais, tendo em conta os meios já existente, como da sua população, vitais à economia dos recursos estratégicos dos territórios do Reino.
Afonso III inteligente e perspicaz precisava da incorporação das gentes e tinha uma necessidade absoluta de que as cidades conquistadas fossem incorporadas no Reino, intactas para que cumprissem os objetivos que ele próprio tinha delineado - aumento da riqueza do reino, e população suficiente para o povoamento e arroteamento desses territórios. Cidades conquistadas e destruídas, populações massacradas de nada lhe serviriam e seriam um sorvedor de despesas e homens para repor a normalidade.
A 9 de Março os mouros, colhidos de improviso pelo ataque, cedem sem combate à hoste real que foi conquistada de uma forma muito peculiar
(1).
O cerco de Faro demorou alguns dias, e Paio Peres Grão-mestre da ordem de Santiago tencionava um choque brutal, tinha prometido aos seus homens de armas todo o saque da cidade, e dos seus tesouros, a violação das lindas donzelas, matar as gentes, inimigas da Fé de Cristo. Afonso III de Portugal era de todo contra esta violência e que punham em causa a sua própria estratégia e a sua pretensão pela salvaguarda da cidade e das suas gentes objetivos máximos para a boa administração do Reino. Neste interregno do cerco de Faro, Afonso III Portugal desaparece nada se sabendo do seu paradeiro. As tropas de cerco furiosas interrogam-se sobre o paradeiro do Rei de Portugal e temendo pela sua vida acolhem-se a uma das portas de Faro atacando-a, incendeiam-na com fogueiras e fazem os preparativos para o ataque à cidade. É neste momento que Afonso III surge numa das torres continua à porta com as chaves da cidade proclamando-a como sua, que havia efetuado um acordo em que todos podiam entrar na cidade mas que não se podia fazer mal a ninguém, que tinha ficado acordado que o tributo que era pago ao Rei de Marrocos seria pago a Portugal e que os nobres muçulmanos continuariam a ser nobres na corte de El-Rei D. Afonso III de Portugal.
. (1) José
Hermano Saraiva. Extrato de documentário – A
Alma e a Gente RTP 2003
D. Afonso de Portugal De dor e saudade,
morrera aos 38 anos o invencível
conquistador do Gharb, que, vítima dos
desatinos do Pai (Afonso II), mais ainda o
fora da sua irresolução e desacertos perante
a crise orgânica do reino. Esta tibieza,
porém, logo se desvanecia à testa dos seus
homens de armas para acometer o infiel. E, no que respeita à
história da conquista do território do Reino
só nele interessa o príncipe que, faz
renascer a atividade militar povoadora da
dinastia para acometer os inimigos da
cristandade. A morte de Sancho II,
sem filhos legítimos, firmava
definitivamente na cabeça do usurpador a
coroa de Portugal. Afonso Duque de Bolonha
personalidade mais preparado nas lides
diplomatas, perspicaz e arguto com uma
consciência plena das forças do reino,
treinado nas crises europeias e conhecedor
de inúmeros problemas da sua época tem plena
consciência do estado calamitoso em que a
guerra civil deixara o reino. Afonso III, príncipe
diplomata e grande administrador, atendeu
com caracter urgente desde logo à conclusão
da conquista do Algarve e acudir à tomada de
Silves, Faro e Loulé entre outras praças por
forma a honrar não só os compromissos de
Paris, mas a mais urgente e importante a de
se precaver à rapidez das conquistas do rei
de Castela no sul da península que poderiam
por em risco os territórios a sul da
península Ibérica. No início de 1249, no
forte de Ourém concluiu-se os preparativos
para a conquista militar do Algarve. Além
dos homens de armas que por préstimos e
soldos deviam servir o Rei (1) foram
convocadas as tropas dos concelhos e a frota
de galés de Lisboa. Os freires de Calatrava,
em Avis e os espatários, no castelo de
Aljustrel arsenal da Ordem tinham acumulado
muitas armas, homens e cavalos. Os burgueses
do Porto escusaram-se por dinheiro. Alguns
hominizados, entre eles Gonçalo Peres Magro,
comendador de Santiago e o próprio infante
D. Pedro, tio do rei, acudiram à chamada. (1) Alexandre
Herculano, História de Portugal, Liv.v
A última campanha de D.Sancho II
Com os cavaleiros de Santiago, Sancho II parte à conquista do litoral do Gharb acometendo a vila de Aljustrel sensivelmente a 20 léguas de Alcácer que é tomada aos mouros e doada de imediato aos espatários em recompensa dos altos serviços prestados por D. Paio Peres Correia mestre da Ordem. Em 1238 Sancho II saudoso já dos arraiais de guerra juntamente com os freires do Hospital seus fidelíssimos, convoca as suas tropas e avança para sul pelas ribas do Guadiana onde chega ao forte castelo de Mértola, tomando-o aos mouros e doando-o aos hospitalários que desde logo transferem para lá a casa capitular da ordem. Nesse mesmo ano, Sancho II chega ao mar e toma os castelos de Alfajar de Pena e Ayamonte alargando o domínio português para lá do guadiana até às margens do Odiel. O senhorio das novas terras doa à Ordem dos Hospitalários que ficam com o encargo de as defenderem.
Assim se vai cerrando a oeste um férreo círculo de castelos em torno dos fortes castelos de Faro e Silves que por terra se achavam já cercados e isolados da Andaluzia pouco faltando para a inteira posse do Algarve.
Sancho II já planeava para o ano seguinte coroar a sua carreira militar com a conquista e posse definitiva do extremo ocidental da península propondo-se acometer sobre Silves, Faro e Loulé simultaneamente por mar com a sua frota de galés e por terra com todas as guarnições dos castelos e com as suas mesnadas e tropas reais, mas tal empresa não viria a acontecer;
O reino estava exausto, repartido por ódios entre nobreza e clero, o povo injustiçado pelos desmandos de toda a ordem, a anarquia militar, as deploráveis contendas da nobreza que não respeitava nem as ordens reais, nem isenções da igreja, nem os foros municipais vão ter por consequência a guerra civil e, por fim, a deposição de Sancho II que procura o seu desterro em Toledo onde acaba por falecer, protelando-se assim a conquista do Algarve, para o reinado de seu irmão, o futuro rei Afonso III de Portugal que lhe sucede.
Em 1226, de acordo com o rei leonês, prepara-se a primeira expedição. Na primavera marchou D. Sancho II sobre Elvas, com a hoste real, comandada pelo alferes-mor Martim Anes e pelo arcebispo de Braga, assolava-se os campos em volta, enquanto os leoneses atacavam Badajoz, os capitães de Sancho punham cerco em Elvas.
Acometendo pessoalmente as muralhas, o moço rei revelou-se aí esforçado e bravo até à temeridade. Em certo assalto, esteve mesmo em grave perigo de vida, tendo-o salvado outro valente cavaleiro, Afonso Mendes Sarracines, que para lhe valer se arremessou aos fossos da praça. A vila caiu por fim em poder dos portugueses, mas como se aproximasse o inverno e os leoneses tivessem abandonado a empresa de Badajoz, o exército de D. Sancho II, desprotegido de flanco teve de abandonar também Elvas, depois de a desmantelar.
Na primavera de 1230, Sancho aproveitando a nova investida de Leão e Castela contra os mouros, e sem mesmo esperar pelas mesnadas dos barões do norte, avança em marcha com os seus homens de armas sobre o Alentejo, para ganhar tempo. Mas os mouros, que tinham voltado a habitar Elvas, ao saberem do avanço da hoste portuguesa, abandonaram logo, sem combate, não só Elvas como Juromenha.
No mesmo dia que Mérida caía em poder dos leoneses, Elvas e Juromenha eram ocupadas pelas tropas de Sancho II. A fronteira do sul corria, enfim, pelo Guadiana até Juromenha e, infletindo por Évora e Alcácer até o sado, numa linha regular e continua que desde Sancho I se desejara estabelecer. No fim do ano, D. Sancho II, infatigável, juntava em Elvas novas tropas para a campanha do ano seguinte, quando a morte de Afonso IX de Leão, pelas sérias consequências que acarretava à política do reino, o forçou a abandonar o seu arraial de guerra e adiar a campanha para ocasião melhor.
Em 1232, D. Sancho II, à testa da sua hoste e dos bons freires da ordem dos hospitalários, atravessa o guadiana e marcha sobre Moura e Serpa. Ajudado pelos freires, ataca Moura, que ao fim de breve cerco lhe abriu as portas. Pouco depois, mais ao sul, a vila de Serpa rende-se-lhe também. A defesa das duas praças foi confiada aos hospitalários, que, nesse mesmo ano, por doação real, fundam os castelos do Crato e Castelo de Vide, para guarda da fronteira sul, e base de operações em futuras campanhas. Nos anos seguintes (1234-1235), apesar das intrigas, do mal-estar geral do reino, da hostilidade do clero, da crise latente, D. Sancho II vai continuar gloriosamente a guerra, desta vez associando-se aos cavaleiros de Santiago.
(continua no próximo número)
O distrito de Chenchir
ou Al-Faghar, assim os árabes denominavam o
nosso moderno Algarve, era um jardim
estendido sobre a costa, e apoiado contra um
muro de serras que o defendem dos ventos do
norte. A guerra não conseguira mirrá-lo,
como sucedeu à costa fronteira da Berbéria,
retalho de África, cindido pelo mar. No
Algarve tinham os árabes achado um pedaço da
sua pátria, o clima, a fauna e a flora não
eram bem europeus e quem, nos fins do século
XII, visitasse Chelb (Silves) dir-se-ia
transportado a uma cidade oriental. De entre
as várias raças que tinham chegado à
Península, foram os árabes do Iémen, que
particularmente a povoaram. Chelb ao sul e
Hayrun (Faro) mais ao norte, eram as duas
cidades principais do Al-Faghar, mas a
primeira suplantava em muito a segunda.
Contava cerca de trinta mil habitantes, era
próspera, opulenta em tesouros e formosa em
construções. Davam-lhe a primazia entre as
urbes da Espanha árabe. Vestida de palácios
coroados pelos terraços de mármore, cortada
de ruas com bazares recheados de
preciosidades orientais, rodeada de pomares
viçosos e jardins, Chelb era a pérola de
Chenchir, onde os pródigos da Mauritânia
vinham gozar com as mulheres formosas, os
seus ócios luxuosos. Era, no entanto, um
território onde as praças eram temivelmente
fortificadas garantindo assim uma formidável
defesa às suas populações.
(No próximo número:
A conquista definitiva do Reino dos Algarves pela coroa portuguesa
A conquista dos Algarves pela
coroa portuguesa
No ano seguinte, Sancho II de volta às lides de guerra avança sobre Cacela e Tavira que conquista.
Sancho II um brilhante guerreiro tinha descurado as coisas do reino, a governação do território, o exercício da justiça do reino, o desamparo dos municípios, o poder descontrolado dos nobres, uma igreja dividida e discricionária, pusera em causa toda a sua legitimidade e toda a sua autoridade pondo em dúvida a sua própria pessoa, a sua própria autoridade como Rei. O usurpador, seu irmão Afonso, Duque de Bolonha que há muito conspirava com as forças do reino a tomada do poder ia negociando com as diversas forças a sua subida ao trono.
As Campanhas de D. Sancho II
O Reino dos Algarves na perspetiva árabe