Victoria Sajin

Olhar Juvenil

Victoria Sajin

Ser mulher não é nada fácil

Reescrevi o início deste texto várias vezes porque não sabia muito bem como iniciá-lo, já que o tema que vou abordar é um pouco (muito) sensível. Como sabem, os meus textos são maioritariamente baseados em experiências e preocupações minhas: no outro dia fui assediada (mais uma vez) e então decidi escrever sobre a fragilidade das mulheres. Mas não sabia sobre o que falar em específico, porque são tantos os campos sobre os quais poderia falar, que o texto iria ocupar demasiado espaço.

Mas, no dia 1 de abril, o tão conhecido Dia das Mentiras (irónico! Porque preferia que aquilo que se segue fosse mentira) surge um texto do Sr. Jornalista Alexandre Pais no CM, com o título “A imagem é tudo”. Este texto poderia ser sobre mil e uma coisas, mas não, foi só uma total ofensa contra as mulheres e contra uma mulher em específico, a Maria Botelho Moniz, apresentadora da TVI. Não me posso esquecer que o “Sr.” que utilizei mais acima a referir-me ao jornalista é totalmente irónico, claro.

Bem, mas para vos contextualizar, Alexandre Pais, colunista no CM, entre outra coisas que já fez, mas que não vou referir porque não tem nenhuma importância alguma…escreveu um comentário que podemos chamar de repugnante. Considera que Maria Botelho Moniz está a desperdiçar a oportunidade profissional que tem na TVI, porque não se está a empenhar (segundo ele) em perder peso e porque não usa roupa de acordo com as suas características ou porque tapa as suas “imperfeições”. Mas calma que há pior. Não bastava estas ofensas, ainda foi comparar a apresentadora com a diretora Cristina Ferreira que “exibe…os braços tomados pela flacidez do tempo” e com as apresentadoras Catarina Furtado e Sónia Araújo que depois dos “50, surgem sempre de silhueta perfeita e bem produzidas”.

Tenho tantas coisas para dizer que estou perdida, não sei por onde começar. Mas, em primeiro lugar, o Sr. Alexandre Pais não tinha mais conteúdo para produzir o seu comentário? Porquê o corpo de uma mulher? Ou se fosse dum homem, era igualmente mau. Porquê o corpo de alguém? Estamos no século XXI e ainda existe este estereótipo de que um corpo bonito e perfeito é um corpo magro? Não! Todos os corpos são bonitos e especiais à sua maneira, não precisamos de ser todos magros para podermos encaixar na sociedade ou, falando deste caso específico, não é preciso ser-se magra para poder estar em frente a uma câmara. E pior do que isso, quando existe talento, como é o caso da Maria que teve a oportunidade de nos fazer companhia na TVI e agora um Sr. jornalista (que não entendo como não teve vergonha) veio para aqui mandar bitaites, envolvendo várias mulheres no assunto.

Isto preocupa-me e muito, por duas razões. Primeiro, porque estou a fazer mestrado para poder ser jornalista, o meu sonho é trabalhar à frente das câmaras. Mas depois fico com medo de não poder ter oportunidade para isso, tudo apenas pelo aspeto físico. Ou não ser aceite pelas pessoas por não ter um corpo magro e perfeito, de acordo com aquilo que o Sr. Alexandre Pais escreveu como lei no «Diário da República». E, em segundo lugar, trata-se de um jornalista que tem uma responsabilidade social e que pode pôr em causa toda a credibilidade de um profissional desta área. Não é este tipo de jornalistas que nós queremos.

Até quando é que a mulher vai ser alvo deste tipo de comentários? Já lá vão anos e anos de luta para podermos ser vistas além de uma carinha bonita, bem-parecidas, bem vestidas e maquilhadas. Queremos ser vistas como mulheres que somos, com talento, vestidas como nos sentimos bem e confortáveis, a trabalhar por mérito do nosso esforço e a sermos mais valorizadas.


O Natal de uma estudante longe de casa

Este mês venho falar de um tema muito óbvio para o último mês do ano, o Natal. Pela primeira vez sinto o que muitos dos meus amigos sentiam quando chegávamos à época natalícia e, obviamente que percebia todo o turbilhão de emoções que partilhavam comigo, mas nunca tão bem como agora. Porque nada como passar pelo mesmo para compreendermos o papel em que o outro está.

Agora, longe de casa, foi apenas preciso entrarmos no mês de dezembro para perceber o quão bom era ter a minha família por perto todos os dias e, sobretudo, em épocas tão especiais como é o Natal. Para mim, o Natal, deixou há uns anos de significar muito presentes e doces, para apenas ser família. E é exatamente isso que eu procuro neste momento. Nada mais do que poder partilhar com eles todas aquelas pequenas coisas como: acordar de manhã e colocar logo uma playlist de músicas de Natal, fazer a árvore que o meu gato destruía num instante, mas que agora é apenas uma pequenina em cima da mesa da cozinha na casa que partilho com duas pessoas, fazer refeições em conjunto, sentir aquele calor que só em família existe.

E acho que o que todos aqueles que estão longe da família sentem é a falta de conforto, do carinho, do calor, da ternura, daquela segurança que só a família nos dá. Penso que esta é uma época que nos deixa vulneráveis a tudo e que nos faz apenas querer estar perto dos nossos.

Para mim, que vivo agora fora de casa, há coisas que não mudaram e que nunca vou deixar de fazer. Assim que entrámos no primeiro dia de dezembro, acordei com uma música de Natal, comecei a utilizar os pijamas e as meias com padrões natalícios, não larguei mais a minha caneca de chá com o pai Natal e, obviamente que comprei umas luzinhas para colocar no meu quarto para criar todo o ambiente e o espírito que tanto gosto.

E acho que este tema é muito sensível para muitos jovens estudantes que saíram da casa dos pais em busca dos seus sonhos e que agora estão numa época cheia de testes e trabalhos, mas que, provavelmente, passam a maior parte do tempo a pensar no dia em que vão poder ir para casa para junto dos seus, para poder celebrar o Natal. E é exatamente isso que quero: ir para casa, para juntos da minha família.

A ti que leste este texto, um feliz Natal e Boas Festas junto daqueles que amas! Não te esqueças que o Natal é a família, por isso, se tens algo para dizer ou resolver com algum membro, fá-lo agora. Não deixes que nada nem ninguém estrague o amor que existe entre vocês.


Dar valor aos valores de antigamente

Já algum tempo se passou e eu tenho andado um pouco desaparecida. No entanto, decidi voltar para poder partilhar com vocês algumas novidades e pequenas aventuras que têm acontecido nos últimos tempos, agora a viver sozinha em Lisboa.

Bem, como todos sabem: Lisboa, cidade grande. O sonho de muitos jovens que procuram ir em busca daquilo que desejam, seja ela uma carreira ideal ou até mesmo uma mudança. E eu, igualmente uma jovem sonhadora, a fazer exatamente o mesmo. Mas focando no assunto que vou partilhar este mês, tem a ver com o estranhar da simpatia dos jovens (eu sei que isto soa um pouco estranho, mas vou já explicar e vai fazer sentido, prometo).

O primeiro momento que vou partilhar aconteceu numa fila de supermercado, que funciona como a da Primark, em que é apenas uma fila única e cada caixa chama assim que está livre e nós apenas nos temos de deslocar para lá e colocar as nossas coisas no tapete, enfim, uma forma de organização mais justa. Estava na fila do Continente, à minha frente um senhor entre os seus 50 e 60 anos. Chamaram para a caixa e o senhor foi a caminho da mesma, porém, em menos de um minuto regressou e estava com um ar de incomodado. Pediu-me imediatamente desculpa como se me estivesse a passar à frente ou a tirar o meu lugar, dizendo que a caixa chamou, mas que a fila ainda estava grande, então regressou para esperar. A minha resposta foi tão simples quanto isto: “Não tem problema nenhum, é normal porque as caixas chamam automaticamente e podem falhar”. O senhor ficou especado a olhar para mim durante uns longos segundo até que lhe saem as seguintes palavras: “Obrigado menina, obrigado pela sua compreensão e pela sua reação” (estranho, não é?).

O segundo momento aconteceu no autocarro, onde ajudei duas senhoras que não tinham a certeza onde era a paragem que elas iam descer e, eu como ouvi a conversa e percebi que precisavam de ajuda, disse-lhes que quando estivermos quase a chegar lá eu aviso e elas descem. Entretanto, ambas, super simpáticas, fomos a conversar o caminho todo. Antes de chegarmos à paragem onde as senhoras iriam descer, toquei no botão e disse-lhes que era já a seguir. Elas ficaram muito felizes e agradeceram pela minha simpatia e disponibilidade e disseram-me o seguinte: “Já não há muitos jovens como a menina, muito simpática e que nos ajudou só porque sim!” (aparentemente uma atitude normalíssima da minha parte, achava eu).

Nestes dois meses a viver em Lisboa, tenho vindo a tirar algumas conclusões de coisas que, na minha cabeça me pareciam tão simples e que qualquer pessoa o faz no seu dia a dia, como ser simpático/a. Vou então retomar o que disse acima: as pessoas estranham a simpatia dos jovens e, acho que isto se sente mais pelos idosos. E talvez seja normal, pois numa cidade tão grande, as pessoas mal se conhecem e mal se falam. Mas será que ser simpático com alguém que não nos fez nada de mal é assim tão difícil? Senti-me estranhamente especial em ambos os momentos que contei, porque pela reação das pessoas percebi que já não é tão comum um jovem dar o seu lugar no autocarro para uma pessoa de mais idade, ser simpático só porque sim ou mesmo apenas não levar a mal o atrasar numa fila de talvez um minuto. Mas o facto de não ser tão comum nos dias de hoje, faz de mim uma pessoa que ainda dá valor aos valores de antigamente?


Livre-arbítrio ou ilusão?

Redes sociais e grandes plataformas digitais. Este é o assunto do texto de hoje. E porquê? Muito provavelmente devem estar a pensar ‘Ah, mais do mesmo!’, por ser um tema tão presente e tão banalizado na nossa sociedade.  Essa é a principal razão pela qual decidi falar um pouco sobre isto.

Após ter assistido ao documentário ‘O Dilema das Redes Sociais’ (o qual aconselho todos), lançado em 2020 e dirigido por Jeff Orlowski não poderia deixar de escrever acerca do que vi e ouvi. Não que tenha recebido muita informação nova, porque a maioria das coisas são de conhecimento geral, no entanto, a forma como o assunto foi desenvolvido chocou-me e abriu-me os olhos para coisas que nós normalmente não temos consciência.

Comecemos então pelo fundamento deste documentário que pretende ‘denunciar’ o facto de existir um problema com as redes sociais. Claro que não nos podemos esquecer do lado positivo que estas trouxeram à nossa geração. Exemplo disso é a aproximação de pessoas de todos os cantos do mundo através de uma simples mensagem ou de uma videochamada, com a rápida partilha de informação e de opiniões. E é exatamente aqui que surge o maior problema: a informação que cada vez mais se traduz em desinformação. A quantidade de informação que recebemos torna-nos quase que incapazes de a conseguirmos filtrar para perceber se aquilo que estamos a ler é verdadeiro ou não.

Mas também surge um outro problema que leva à polarização de opiniões. Todos nós sabemos que o conteúdo que cada um de nós ‘recebe’ nas nossas redes sociais está de acordo com os nossos gostos, já que estas plataformas através de algoritmos sofisticados, têm a capacidade de criar um perfil imaginário das nossas preferências através do ‘click’, do ‘like’ e do tempo que levámos a ver uma determinada foto ou vídeo. Isto faz com que a informação que chega até mim seja diferente daquela que a minha mãe ou o meu irmão têm no seu feed. Assim, cada um de nós acaba por construir a sua opinião com base na informação que nos é vinculada, levando à divisão de pontos de vista, o que muitas vezes nos pode levar a ter discussões relativamente ao que cada um ‘sabe’. Claro está que a nível familiar isto pode ter uma importância relativa, mas imaginem numa escala mundial se se tratar, por exemplo, da nossa posição face a uma determinada corrente política, o grande impacto que o confronto entre opiniões muito extremadas consegue criar. Este tipo de situação pode ter repercussões gigantescas através destas plataformas também elas gigantes, que nos têm a nós como consumidores, mas também como uma espécie de ‘reféns’. Porque, pensando bem nisto, somos diariamente bombardeados com informação, publicidade e todo um tipo de conteúdo para nos influenciar e manipular. Será que assim temos verdadeiramente um livre-arbítrio? Ou será apenas uma ilusão…

03/04/2021


Encarcerados na incerteza, mas celebremos!

Hoje é dia 25 de abril, o dia conhecido como o ‘Dia da Liberdade’ ou como o dia da ‘Revolução dos Cravos’. Este foi o dia em que Portugal se libertou da ditadura e ganhou asas, o dia em que as pessoas se juntaram aos ‘capitães de Abril’ na rua para lutarem pela sua liberdade, pela sua voz. Mas não quero falar desse dia que aconteceu em 1974, mas do dia de hoje, que está a acontecer em 2020. Este era o ano das grandes mudanças, da chegada de coisas boas e de muitos acontecimentos. No entanto, acho que fomos todos enganados. Não passava tudo de uma mentira. E perguntam vocês “Enganados pelo quê ou por quem?”. A resposta é simples, a cura é que é mais difícil. Este ‘o quê’ tem o nome de Covid-19 ou Coronavírus. Ele veio fazer uma pausa nas nossas vidas. Veio interromper os nossos sonhos e os nossos projetos. Este era o ano de grande campeonatos e eventos mundiais, como a Eurovisão, de grandes concertos, teatros e exposições. Uns foram cancelados, outros foram adiados. O mesmo está a acontecer por todo o mundo. Posso dizer que estamos a viver os ‘Loucos anos 20’, mas do século XXI e com uma conotação negativa, tudo ao contrário do que era suposto ou do que seria preferível para todos nós.

E então nós, como estamos agora? Estamos encarcerados na incerteza. Sim, encarcerados como se estivéssemos dentro de jaulas, talvez agora alguns de nós sintam aquilo que os animais sentem estando presos em sítios que não são o seu habitat natural. E é triste. Sim, para nós e para eles também. E o que está cada um de nós a fazer? Temos diversos exemplos: uns estão em casa a viajar do sofá da sala para a cozinha e da cozinha para o quarto; outros também estão também em casa, mas a aproveitar o tempo livre para aprender algo de novo, para crescer; umas pessoas estão a fazer teletrabalho e muitos jovens a ter aulas a partir dos computadores. Depois temos o caso das pessoas que têm de sair de casa para ir trabalhar, e para quê? Para que todos nós possamos ter acesso aos serviços básicos e fica aqui um enorme agradecimento a todos aqueles que se arriscam todos os dias pelos outros, por nós.

Claro que este é todo o lado mais ‘sombrio’ de tudo aquilo que estamos a ultrapassar neste momento. Mas será que só devemos ver esse lado da moeda ou… talvez devêssemos avaliar o outro também? Talvez possamos ver esta ‘pausa’ como uma lição, como uma aprendizagem para a nossa consciência enquanto ser humano. Acho que esta é uma ótima oportunidade para mudarmos um bocadinho a nossa forma de pensar, aprender que não devemos tomar as coisas como certas, porque de um momento para o outro tudo pode mudar. Mas a boa notícia é que nós, enquanto pessoas, temos uma capacidade exclusiva, a de fácil adaptação ao que estamos a viver. E de facto, isto é algo que eu tenho observado através das redes sociais, das notícias e da partilha de experiências: vejo o quanto a criatividade das pessoas tem sido posta em prática e vejo mais bondade por parte daqueles que procuram ajudar o outro, seja indo às compras por aqueles que estão em maior risco, dar o seu tempo a alguém que precisa de falar, dar ‘espetáculos’ de música, dança, representação e de humor através das redes sociais, produzir máscaras em casa, entre outros. Estes são pequenos gestos, mas que ao juntar tudo num só mostra o quão solidárias as pessoas podem ser num momento de necessidade, num momento em que precisamos uns dos outros para que o ‘barco não afunde’. E digo que é maravilhoso! Eu vejo todas estas iniciativas e todas estas atitudes com orgulho, porque é isto que nós somos e é disto que nós precisamos: da ajuda de todos para que tudo fique bem. E a mensagem que eu deixo aqui é esta: “VAI FICAR TUDO BEM”! Celebremos este dia a partir das nossas casas e com o coração cheio de esperança de que vamos conseguir ultrapassar tudo isto, mais tarde ou mais cedo.

25/04/2020


Paragem no Tempo

Estamos a viver tempos muito difíceis, isso não podemos negar! Um agora que ninguém esperava e que nunca pensámos que pudesse vir a acontecer. Chega um vírus que nos obriga a parar tudo aquilo que estamos a fazer, obriga-nos a alterar a nossa rotina: a ida à escola, à universidade, ao trabalho, ao ginásio, à casa do nosso amigo, e até a simples ida ao supermercado. Exatamente, é isso mesmo! Temos de parar tudo aquilo que estamos a fazer e ajudar da melhor maneira, que neste momento é apenas ficar em casa, como nos foi indicado. Mas isto põe-nos a pensar, acho que a todos nós, falando agora na voz de uma estudante universitária, que estava a meio do seu estágio, a caminho do fim da sua licenciatura, eu!

Agora, estando em casa o dia todo, tenho aproveitado para fazer imensas coisas como fazer exercício físico, ver filmes e séries, conversar com pessoas com quem há já muito não o fazia e experimentar novas aplicações que a tecnologia nos oferece. E vou explicar o porquê de me manter ocupada. Porque tinha medo de parar. Eu sabia que quando parasse para refletir sobre tudo aquilo que está a acontecer iria entrar em pânico, como está agora a acontecer. Apesar do medo que me causa, eu sabia que mais tarde ou mais cedo teria de o fazer, e aqui estou eu a partilhar com vocês aquilo que cada um de nós provavelmente já pensou! “E agora?” Sim, esta foi a minha primeira questão! Estava a meio do meu estágio, que é a fase final para poder dizer que estou licenciada e agora? Agora tive de fazer uma pausa, tal como os Meus amigos tiveram de fazer com os seus estágios, tiveram de parar de ir às aulas e certos casos de ir trabalhar. Neste momento tudo está suspenso e é isso que nos assusta. Pensar no depois, se isto vai demorar, se vai acabar da melhor maneira possível, se as coisas vão mudar muito ou se vamos poder continuar a fazer a nossa vida ‘normal’ como estávamos a fazer há duas semanas. Sim, é verdade! Há duas semanas tudo estava a correr bem, todos nós estávamos entusiasmados com os estágios e com algumas conquistas que íamos alcançando. Mas agora…agora estamos a viver um momento difícil e nem consigo acreditar que é real, mas é. Está mesmo a acontecer! E assusta-me o facto de não saber se vai haver a rotina normal depois de tudo isto acabar, dependendo da forma que o for.

Mas, por outro lado, o que mais me inquieta nem é o nosso depois, é o agora e o sofrimento que muitos estão a enfrentar. Neste momento só podemos ficar em casa, para cuidarmos de nós e dos nossos e, assim, vamos respeitar aqueles que conseguem ajudar diretamente nesta ‘guerra’ que é de todos nós, os profissionais de saúde e todos aqueles que lhes estão a fornecer materiais, mas também aos que trabalham todos os dias para nos garantir a nossa alimentação básica, aqueles que, tal como nós, poderiam estar em casa. Ao invés disso, estão também a dar o seu melhor para que tudo isto acabe o mais depressa possível e possamos todos voltar a abraçar com a alma. Neste momento, abraçamos com os olhos, e respeitamos aqueles que nos ajudam. O depois…fica para quando chegar!

17/03/2020


Querer ser como…eles e elas!

O assunto que venho hoje partilhar com vocês leitores, é um que me preocupa imenso. É algo pelo qual também eu já passei… e ainda passo, por vezes. Trata-se do querer ser como alguém.

Quantas vezes é que já nos deparámos connosco mesmos a passar infinitamente o nosso feed do Instagram para ver o que os outros fizeram, onde foram, como estão, …? É impossível negar isto! Mas claro, apesar de acontecer com todas as faixas etárias, sabemos que os jovens são facilmente influenciáveis e querem ser como o seu cantor preferido, o seu youtuber sensação, a sua atriz preferida, ou outra pessoa vista como um “modelo” para o seu dia a dia. Obviamente que temos o nosso ídolo e aquela figura que veneramos, mas também é fundamental conhecer os limites. Bem, vou tentar explicar melhor onde entra a preocupação, porque tudo o que disse até agora é normal, é saudável e faz parte de qualquer um de nós.

Mas vamos tentar ir ao fundo da questão. Como exemplo, vou usar um caso hipotético de uma menina que adora o Instagram e que passa muito tempo do seu dia a ver o feed e os instastories das pessoas que ela segue. Um dia, ela decidiu que queria ser mais magrinha, porque todas as raparigas que ela seguia tinham fotos “lindíssimas”, segundo ela. Eram todas elegantes, magrinhas. E a menina não se sentia bem consigo própria a ver aquilo. Então ela decidiu começar a seguir influencers que treinavam o seu corpo, que partilhavam receitas “saudáveis”, que mostravam o quão perfeitas aparentavam ser vivendo esse estilo de vida. A menina, que vou chamar de Sara, via que tinha de fazer algo mais, porque apenas com uma boa alimentação não ia lá. Começou a correr todos os dias e a fazer pequenos treinos em casa, com base naqueles vídeos do youtube de “treinos para fazer em casa”. A Sara começou a viver demasiado a vida das suas influencers preferidas, não se apercebendo do que estava a fazer. Os seus amigos mostravam-se preocupados e os seus familiares também, porque aquilo onde era suposto perder só dois quilos, chegou a um ponto em que ela já estava demasiado magra e não conseguia ver isso. Todos à sua volta reparavam e tentavam alertá-la, mas a única resposta que ela dava era “Eu estou bem, não estou doente!”. Mas será que não estava mesmo doente? Passado uns tempos, deixou de sair com os seus amigos, de passar tempo em família. Tudo o que ela fazia era pesquisar sobre dietas “malucas”, ver e ouvir as dicas das influencers e treinar para conseguir ser como elas.

Toda a minha preocupação revela-se aqui, em casos como o da Sara, porque eu própria já passei por algo muito semelhante, mas isso poderá ficar para um futuro texto. No entanto, o que eu queria que ficasse retido com esta história hipotética da Sara, é que as redes sociais podem ser um grande “monstro”, sobretudo para os jovens, que estão mais frágeis e que são também mais sensíveis a este tipo de assuntos. Por isso, é fundamental vivermos todos os nossos amores, paixões pelos ídolos, youtubers ou outros influencers com consciência. Aproveitar o que de bom eles nos oferecem, mas saber distinguir que cada um de nós é uma pessoa única, uma pessoa individual, que tem as suas características e formas de viver diferentes. E que tudo aquilo que importa, é que saibamos viver de forma simples, plena, pacífica e sempre à nossa maneira. O que importa é que sejamos felizes, como nós mesmos e não “como…eles e elas”.

22/01/2020


O Fim e o Início de uma Fase
Victoria Sajin

Bem, desta vez, decidi falar de um tema sobre o qual qualquer estudante pensa, mas sobretudo aqueles que estão no final do seu curso, como é o meu caso. Este é um assunto que está presente no meu pensamento e que me cria uma enorme ansiedade e sei que muitos dos meus amigos estão a passar pelo mesmo. Estamos todos no mesmo barco e a sofrer pela mesma razão.

Neste momento temos todos duas preocupações: o final do semestre e a escolha de um estágio para finalizar a licenciatura. Claramente, a primeira questão prende-se com a panóplia de trabalhos que temos para realizar e com a quantidade de matéria que temos para estudar, pelo que não me vou debruçar muito sobre isso, pois são razões óbvias. No entanto, aqui entra também a outra preocupação que é: ir para casa estudar ou aproveitar o máximo de tempo com os amigos? Pois… por esta ninguém esperava! Mas todos nós sabemos que, apesar de não o dizermos, está sempre presente na nossa cabeça. Têm sido dois anos fantásticos ao lado de pessoas que eu queria conhecer, pessoas que eu tinha na minha mente antes de ir para a Universidade. Eu queria, tal como qualquer um de nós, arranjar aqueles amigos que não fosse apenas “amigos de escola”, mas que pudessem ser para a vida. E acho que esta é uma missão cumprida, pois fiz amigos, todos eles diferentes de mim, mas que em conjunto formamos um grupo interessante. Cada um com as suas ideias e pensamentos, o que tem dado bons resultados nos trabalhos de grupo (ha ha). Por outro lado, entraram imensas pessoas novas nas nossas vidas, mais propriamente os novos alunos do curso e não só, também outras pessoas que nunca pensamos que se tornassem amigos e que agora quero que permaneçam na minha vida. Grande incógnita esta.

Do outro lado, temos o tema mais preocupante: o estágio. “Mas afinal o que quero para mim?”, “Para onde vou estagiar?”, “Já não sei o que gosto e o que não gosto”. Estas são algumas das ideias que estão sempre a fervilhar na minha cabeça. Penso que seja assim com todos os outros (quase) finalistas. Tem surgido aquele medo de não escolher o estágio certo e de não saber como fazer a melhor escolha…, mas também a ansiedade de me afastar das pessoas que mais gosto. Sim, eu sei que vai acontecer e que faz parte, mas é inevitável o surgimento desta preocupação. Nunca pensei que me fosse custar tanto chegar a esta fase, mas aqui estou, cheia de medo, ansiedade e preocupada com o que pode ou não acontecer. Mas acho que o melhor que cada um de nós tem a fazer é acreditar que tudo vai dar certo e que todo o trabalho que foi realizado ao longo destes últimos anos se vai refletir nas nossas melhores escolhas.


Será isto Amor?
Victoria Sajin

Vamos falar de relacionamentos e da evolução que este conceito sofreu com o passar dos anos. Um dia, sentada no sofá com a minha mãe, conversámos como era viver o amor quando ela era jovem. Histórias maravilhosas que despertaram a minha curiosidade e a vontade de regressar ao passado ou apenas poder viver do mesmo modo que ela o fez.

Já antes da sua geração, ser romântico fazia parte de uma relação entre duas pessoas. As cartas eram a forma mais bonita para se fazer uma declaração. Normalmente era o rapaz que escrevia a primeira carta, onde empregava as melhores palavras possíveis para conseguir tocar o coração da outra pessoa ou, pelo menos, despertar algum interesse. Aos poucos, os apaixonados começaram a combinar encontros ou “escapadelas” sem ninguém saber. A minha mãe contou-me que a meio da noite, quando os meus avós aparentemente já estavam a dormir, pegava nas suas sandálias e, sem as calçar para não fazer barulho, saía pela janela ao encontro do rapaz que ela gostava. Desta forma, às escondidas, a emoção na relação tinha um outro encanto.

Porém, as cartas e os encontros às escondidas já não fazem parte da nossa realidade. Já não fazem muito sentido. O que vemos agora são fotografias de casais no Facebook ou no Instagram, a partilhar a sua “felicidade” que pode ou não ser verdadeira, algo que nunca saberemos. As cartas foram substituídas por simples mensagens por telefone ou através das redes sociais. E por falar nas redes sociais, é através destas que os jovens “passam mais tempo juntos”. O toque e o sentir do outro ao nosso lado, podem nem chegar a existir, isto porque, cada vez mais, assistimos aos supostos namoros através do pequeno ecrã, o que pode causar muito perigo, porque nunca sabemos se a pessoa com quem falamos é realmente quem diz ser. Então sim, as novas relações são baseadas em farsas e fotografias publicadas para que todas as pessoas vejam que existe um amor e que seja invejado. Parece ser difícil ver jovens casais realmente felizes e que não estejam juntos com o telemóvel na mão. E será que é isto que significa amar? É assim que os sentimentos vão crescer? Através de um telemóvel e das redes sociais?

Victoria Sajin