A propósito
Jorge Leiria
O mistério das alfarrobas
- Partilhar 02/08/2022
“Isto é uma loucura, o preço nunca
esteve tão alto”: apreensões de
alfarroba sobem 425% no Algarve. Em 2017
era vendido a 5 euros a arroba,
atualmente vale 42. Este ano foram
furtadas 64 toneladas, no valor de quase
180 mil euros. (Expresso, 25 de dezembro
de 2021)
É frequente ouvir nos
telejornais, e nesta altura do ano em
particular, a indignação dos
agricultores com o assalto às suas
propriedades para o roubo das alfarrobas
(e agora, novidade das novidades, dos
abacates). Não posso, por isso, deixar
de saudar o salutar exemplo dos
moradores daqueles bairros, para os
quais, diligente e com a resiliência de
500 anos ansiamos a sua inclusão e que,
quais formiguinhas trabalhadoras as vão
colhendo, ensacando e arrumando junto
aos seus formigueiros, em local bem
visível, para que a autoridade as
salvaguarde de meliantes, enquanto o
camião da fábrica não as vem buscar. E
como Deus protege os que moiram de sol a
sol, quando não por vezes, quando a
tarefa é mais árdua, à inclemência da
noite, por merecedora dádiva dos céus
serão colhidas até já ensacadas.
Por outro lado, estou certo que o braço
protector da respeitável, atenta e
rigorosamente interventiva Autoridade da
Segurança Alimentar e Económica não
deixará de verificar na unidade de
transformação da referida vagem, a
legalidade da aquisição dessa matéria
prima, confrontando os seus valores com
os da produção e com a documentação
contabilística. Que mistério estará
subjacente a tal indignação? Isto há
coisas que ultrapassam a compreensão do
meu modesto bestunto!
Portugal fashion 21/22
- Partilhar 30/12/2021
Os momentos de crise, de aflição,
de drama, desenvolvem no povo português,
vá lá saber-se porquê, um espírito de
iniciativa e criatividade anormal.
Enquanto outros povos se encolhem
constrangidos, deprimidos angustiados, o
povo português liberta-se das suas
amarras e dá azo à imaginação.
Vem isto a propósito do que considero o
último grito da moda popular, lançado
neste período de pandemia, um traje na
linha "casual wear", que designaria por
"Pijama de Treino". Em que consiste
então o "Pijama de Treino"? nada mais,
nada menos que um conjunto de duas
peças, calças e blusão, da cor que
prevalece na mentalidade do português, o
cinzento, neste caso em tonalidade
clara. O tecido, felpudo, é composto de
fibras sintéticas de má qualidade, que
lhe conferem um ar fôfo e balseiro.
As calças, pelo uso continuado,
directamente da cama para o sofá, do
sofá para o supermercado, do
supermercado para o sofá e deste para a
cama, tendem a ficar largajonas. Com os
movimentos de mudança de posição na
cama, do decúbito dorsal para o ventral,
deste para o lateral direito e para o
lateral esquerdo, a que se segue o
afundamento no sofá (onde o tecido já
puído que o cobre deixa vislumbrar a
cova na esponja amarela do estofo,) o
fundo das calças acaba por desenvolver
uma espécie de bolsa, o que dá a ideia
do uso permanente de fraldas. Se nalguns
casos isso será verdade para remediar os
problemas da incontinência, na maioria,
mas também nesses, confere um ar "hip
hop" muito jovem e irreverente. O cordão
ou o elástico que as cinge à cintura
tende a ficar lasso, pelo que o
utilizador ao curvar-se para apanhar de
prateleira inferior do supermercado,
onde passa a maior parte do tempo, uma
caixa de mines ou uma "bag-in-box" de
vinho "2 Pias" do melhor produtor de
Aveiras de Cima, deixa vislumbrar por
baixo, na melhor das hipóteses, umas
cuecas garridas com uma faixa exibindo
uma marca qualquer conhecida, na pior, a
confluência das duas nádegas, no genuíno
estilo proletário. O português é de
perna curta e, assim sendo, as calças
formam naturalmente um fole na zona do
tornozelo.
Para que as orelhas
não arrefeçam ao sair da cama para a
rua, o casaco é provido de capuz, que
caso não haja, poderá ser substituído
por um boné tipo baseball com pala recta
posta para trás, admitindo como única
excepção a colocação para a frente, caso
leve o reforço do capuz, a existir,
enfiado por cima. As mãozinhas ficam
agasalhadas em algibeiras laterais,
semelhantes a duas sacolas, quais bolsas
marsupiais. Para os mais irreverentes,
o casaco cinzento a condizer com as
calças pode ser substituído por um mais
vistoso, igualmente de tecido sintético,
mas não felpudo e com um brilho
esfuziante. Neste caso, as cores
dominantes serão na combinação do azul,
do branco e do vermelho, em faixas
largas formando V's.
Os ténis de
marca, frequentemente Ardidas ou Naike,
arrastam-se já cambados. As meias, com
os elásticos quebrados de usadas,
lubrificadas a chulé, escorregam pelos
pés para dentro dos ténis, deixando uma
pequena faixa do canhão à vista, o que
confere um look pós-moderno muito actual
de meia-pé.
Os custos da troca da
higiene corporal e da mudança regular da
roupa pela comodidade de usar, dia e
noite, na rua e em casa o mesmo
vestuário, podem perfeitamente ser
colmatados com um toque muito pessoal de
desodorizante Axe.
Com a
acentuação das temperaturas mais frias,
desloquei-me novamente ao centro
comercial para efectuar umas compras, mas
para, sobretudo, ver o que os
"influencers" da moda estabelecem como
vestuário adequado para ir passear no
supermercado nesta época natalícia.
Constatei com indisfarçável alegria que
o pijama de treino continua em alta. O
pijama de treino é, como toda agente
sabe, um composto híbrido de pijama e
fato de treino, com funções multiuso.
Porém apercebi-me de um toque muito
simples de bom gosto que combina a
funcionalidade na linha "casual wear"
com a ostentação de distinta
personalidade. É o que chamaria o pijama
de treino usado em estilo marsupial. Em
que consiste? Em encher os bolsos
frontais do blusão com uma carteira
atafulhada de papéis e cartões inúteis,
maços de tabaco, isqueiro bic e
telemóvel, e impulsioná-los com uma
barriga proeminente, alimentada a vinho,
enchidos, feijão e cerveja. Hoje, creio
que dei um passo muito firme na
definição do meu perfil de utilizador do
chamado pijama de treino.
Desde
que emoldurada por estes princípios
básicos do "Pijama de Treino", a
imaginação não aceita barreiras.
O que nos reservará o verão? Aguardemos
com ansiedade!
Os cuidadores informais da segurança noturna
- Partilhar 22/12/2021
Oiço com a maior atenção os noticiários, e comove-me a situação aflitiva dos empresários e empregados da indústria hoteleira, da restauração e dos cafés, agora castigados com mais uma crise anunciada pela expansão exponencial da variante omicron do vírus Covid. Lamento também o impacte nos empresários dos locais de diversão noturna e dos seus funcionários. E incluo as empresas e funcionários que à porta ou entre portas asseguram que tudo funciona sem grandes atritos, com maior ou menor recurso, pautado pelo equilíbrio, à força musculada. Abandonados à sua sorte revolta-me, contudo, que nem uma palavra seja dirigida aos cuidadores informais da segurança noturna, arrostando à intempérie com todos os perigos, sob a inclemência das forças da natureza e da crueldade humana. Quem garante o funcionamento de casas de maior recato, disciplinando clientela e protegendo trabalhadoras em condições mais vulneráveis? Quem regulamenta o negócio da distribuição organizada dos produtos que alegram e estimulam os frequentadores da noite? Quem impede que meliantes de outras origens invadam os locais sob o seu eficaz controlo? E quem monitoriza e organiza o comércio de instrumentos letais e assegura que se encontram em boas mãos? É bem verdade que o discreto uso de indumentária informal dispensa os gastos com fardamentos, mas, quem paga os necessários meios de persuasão, obviamente caros e de difícil aquisição e os consumíveis que os alimentam e cujo uso, nem sempre desejado, por vezes se justifica? E a compensação de risco em meio tão conturbado? Quem paga viaturas que sejam suficientemente rápidas e potentes para que a intervenção se faça em tempo oportuno? e o combustível e outras despesas inerentes? Incompreendidos e quantas vezes maltratados pelos agentes do poder, o meu modesto apelo a que o Conselho de Ministros se debruce e aja com celeridade ante esta classe profissional, desde sempre negligenciada e esquecida.
O meu passeio matinal
1 de Maio de 2020
Como habitualmente saí de manhã para dar o meu passeio, dentro das regras que o nosso governo determina, muito bem suportadas pelas orientações sábias da Direcção Geral de Saúde. Como pessoa que me considero consciente da segurança dos outros e, acima de tudo, consciente de que o meu próprio corpinho, com a idade provecta que ostenta é de veludo, desinfectei-me da cabeça aos pés à base de sabão Clarim, detergente da louça, WC Pato e álcool, como se fosse para um bloco operatório, entrei no carro, e desinfectei-o também como se de uma sala de operações se tratasse.
Ala que ele aí vai. O destino, como sempre, o percurso do Ludo, antes da recta que dá acesso à Praia de Faro. Eu sei que, ao fim do caminho ao longo da ria, ao chegar à Quinta do Lago, já estou a pisar terrenos do concelho de Loulé. Mas é só pôr um pouco o pé em ramo verde, que não há-de ser por tal que as autoridades me hão-de pegar.
Numa extraordinária visão de futuro, foi criado há algum tempo um enorme parque de estacionamento que, tanto quanto depreendo, tem em vista descongestionar o trânsito na referida praia. Nem mais! É aí que estaciono o meu humilde e modesto carrinho.
Faço o meu percurso de hora e meia a pé, que é o que considero adequado para receber a dose aconselhável de vitamina D, raios ultra-violetas e tónico muscular, cuidadosamente afastando-me dos corredores de fundo e ciclistas que para ali vão exibir orgulhosamente os seus lustrosos equipamentos e os seus dotes atléticos.
Regresso ao parque, assumo o comando da viatura, e preparo-me para regressar a casa de onde, neste dia, já não sairei mais - abrenúncio! E eis senão quando deparo-me com uma vedação, entretanto colocada, impedindo-me de ter acesso à rotunda que divide o caminho para a praia, do caminho para Faro. Encurralado entre baias e com um imponente guarda republicano ao pé, as minhas pernas tremiam como varas verdes - nunca gostei de fardas, sempre me atemorizaram.
— Aonde é que você mora e para onde é que você vai?
— Em Faro e vou para Faro;
— E de onde é que vem?
— Do parque de estacionamento logo aqui atrás, onde deixei o carro para fazer um percurso a pé sozinho;
— Como é que passou aqui?
— Às oito e meia o caminho estava livre, não havia baias e não estava aqui nenhum senhor agente (é importante manter uma atitude de deferência);
— Bom, se calhar alguém as tirou. E você conhece os sinais de trânsito?
— Creio que sim, acho que conheço mais ou menos (nisto não se pode afirmar peremptoriamente que se conhece tudo, pois é importante deixar uma margem de manobra para a autoridade brilhar, quando não tomam-nos de ponta, como se lhes roubássemos o dom da sabedoria);
— É que aquele sinal que ali está diz que o transito é proibido, excepto a residentes.
— De facto já tinha visto o sinal, mas não me passou pela cabeça que impedisse o acesso a um parque de estacionamento mesmo aqui ao lado, que é onde se deve estacionar. Convenci-me que era para impedir o acesso às casas rurais das hortas lá ao fundo e impedir os indivíduos que vêm brincar com drones encima daquele morro sobreposto ao aeroporto!
— Não senhor! está todo o acesso proibido!
— Mas então e aquelas autocaravanas ali estacionadas? São residentes?
— Vão sair de lá!
— Bom, estou esclarecido, tão cedo não volto cá (a menos que seja pela surra, pensei eu maldosamente, que Deus me perdoe). Por favor, abra então as baias para passar.
E perante a sua diligência, enquanto me mantinha entre tábuas, ainda lhe disse:
— Mas então estas bicicletas que estão passando por detrás de si, com indivíduos mascarados de ciclistas em cima, mandando bafos de partículas coronáveis a velocidades estonteantes, não são veículos? de duas rodas, bem entendido, mas ainda assim veículos que, apesar de terem as mesmas regras que os outros veículos, andam pelos passeios, andam em contramão, andam nas passadeiras de peões...
— Tentamos controlá-los, mas vêm de todos os lados.
Pensei para mim: aqueles polícias e guardas de antigamente, gordos, flácidos e com ar bonacheirão, mas maus e falsos como Judas, já não existem. Se estes não conseguem, como conseguiriam aqueles? Hoje são jovens atléticos, robustos e ai de quem caia nas suas mãos! Arrepiei-me de pensar!
Porém todos somos humanos. E aquele Adamastor, colapsando, lamentou-se em sincero sofrimento:
— Sabe? Imagine que desde meados de Março que não faço uma maratona na serra.
Simulei um esgar de espanto e exibi, da melhor forma que consegui, uma expressão de profunda compreensão. Desejei-lhe com sinceridade um bom dia e um bom trabalho.
O que é que se há-de fazer? Estamos todos neste barco...
O Portugal dos pequeninos
Que ternura...
Afloram-se-me as caganitas aos olhos, só de
pensar como o nosso povo é lindo - humilde;
singelo; singular! E para ele, à sua modesta
dimensão, o quotidiano rola suave, como que
se sobre caroços de azeitona se tratasse.
Para quê pensar grande se pequeno é
maravilhoso? tudo é consumido com
parcimónia, às metades, em tamanhos
reduzidos, enfim, elevando a pequenez como
sua marca existencial.
Ao pequeno
almoço, meia de leite com meia torrada.
Talvez depois, uma bica curta e bolinho
miniatura, só para adoçar a boca mas manter
o regime.
Ao almoço sim,
meia dose de cozido à portuguesa. A
acompanhar? meio jarrinho de vinho tinto da
casa. Como sobremesa? dispensável, ou uma
tacinha de arroz doce. Para rematar, café e
meio uísque em balão.
Saído do
trabalho, a hora é do lanche, e aí surgem
duas alternativas:
A tradicional, a
tasca, o copinho de dois, tinto do especial,
servido ligeiramente acima do risco que
indica a metade da quantidade referente ao
copo de três, cuja medida é cheio. Quantos?
até ter avonde! Como conduto, o pratinho de
saladinha de orelha, de ovas ou de grão com
bacalhau; o rissol, o pastelinho, agora a
chamuça; tudo muito linear, muito terra a
terra, muito diminuto.
A moderna,
resultante da grande invenção portuguesa das
últimas décadas do século passado - a mini,
medida, tanto quanto sei, única no mundo. E
aí tudo fia mais fino. A mini só pode ser
bebida pela garrafa, como posteriormente, à
imagem, foi institucionalizado para todas as
bebidas engarrafadas. Porque se quer poupar
louça? não! porque se duvida da higiene da
lavagem dos copos? Não o creio, mas talvez
possa estar aí a origem. Seguramente porque
se tornou um ritual. Após a remoção da
cápsula pelo funcionário do estabelecimento,
em movimentos de arrogância e dúvida, a
embocadura da garrafa é aplainado com a
palma da mão, esteja esta lavada ou
emergente dos trabalhos mais rudes ou das
limpezas mais íntimas. seguidamente o
gargalo é acariciado do rebordo ao rótulo
num movimento de cima para baixo como se de
um falo se tratasse. A operação é concluída
com a introdução do dedo indicador na
abertura e a sua remoção rápida emitindo um
estalido. Uma, duas, três, ... dez minis,
que sei eu (conforme a companhia), aqui
acompanhadas da tradicional sandocha, do
prego, do cachorro ou da bifana, de um modo
geral partida ao meio.
O café acompanha
todas os momentos do dia. Bebida tradicional
e baratucha, aí, o nosso povo não vai em
brincadeiras, alça dos seus galões e
torna-se exigente. A bica pode ser curta,
pode ser em chávena cheia, pode ser
abatanada, pode ser pingada, pode ser com
cheirinho, pode ser em chávena fria, pode
ser em chávena escaldada, pode ser um
garoto, pode ser um carioca (e este até pode
ser de limão) sabe-se lá onde a imaginação
pode chegar, desde que seja para infernizar
a vida ao empregado de mesa ou de balcão,
porém numa de óbvia e característica,
simulada ou não, ingenuidade.
O jantar é
frugal. Restos do que sobrou de anteriores
refeições, a tabuinha com o queijo e o
chouriço, e a sopinha, não no prato
apropriado, mas na simpática e aconchegadora
malguinha. Eventualmente peça de fruta da
época. O vinho é tirado a copinho do
bag-in-box, que é como o nosso povo diz,
com algum sarcasmo bem entendido, onde se
leva no pacote, o vinho para casa. Voltamos
ao mesmo - café, uísque, brande, bagaço,
enfim digestivos, tratemo-los por
«calmante», «tira-nódoas» ou seja qual for o
termo, o que de resto faz vir tudo a dar no
mesmo.
E depois o serão,
o ansiado e repousante serão, rico em
telenovelas - intriga, traição, porrada para
cima, ameaças de morte, pistolas e facas -
até entupir o imaginário do nosso
vulnerável, disponível e abnegado povo do
que se não deve fazer e, sendo claro que não
se ouvindo alguma voz contra, é louvável
intuito de, pela negativa, alertar e
prevenir a violência doméstica, a violência
nas escolas e a violência em todos os actos
do convívio social.
E é este o Portugal dos pequeninos. Bem haja!
O que seria de nós sem os brasileiros?
Jorge Leiria
Assistia na televisão, não tanto atónito (já nada me surpreende) mas sim incomodado, ao desfile LGBTI+ outro dia em Lisboa. Se a tal comunidade lhes assiste o direito (que não questiono) de exibirem o seu orgulho, a mim ninguém me tirará o direito de reservar a minha sensibilidade.
A influência vanguardista dos nossos irmãos brasileiros nesta matéria é notável, pelo que recordo alguns excertos de um texto cheio de humor e oportunidade do nosso José Vilhena (Gaiola Aberta, n.º 29, 2.ª série Novembro de 2005), temendo a sua eventual perda. Ora tomem nota:
... «Receio bem que este pobre e desajeitado país, privado do engenho, da graça e do calor humano dos nossos irmãos brasileiros, entre em colapso e acabe desabando ... Vão-se embora os dentistas brasileiros, que (melhor ou pior) nos tratam a boquinha ao preço da uva mijona; vão-se os futebolistas e treinadores brasileiros, que fazem andar a bola cá em Portugal, vai-se a Heloisa Gorda, o desembaraçado Frota e os realizadores brasileiros que tocam prá frente as nossas produções televisivas; vão-se os bispos e padres brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus e de outras afreguesadas seitas; vão-se os bruxos e cartomantes brasileiros que adivinham a sorte dos portugueses e acodem às suas aflições. Como vamos viver sem eles? E vão também as inúmeras putas brasileiras, cujas bundas aquecem as noites portuguesas, com elas vão os maricas e travestis brasileiros que trouxeram outra alegria e colorido às nossas ruas. E, é claro, deixam de vir do Brasil os reis e rainhas dos nossos carnavais provincianos.
...E vai-se também o abandalhamento da língua portuguesa - tão legal, com o pessoal a bater papo, a encher o saco, a fofocar e a curtir no bem-bom.".
E foi isto tudo que, a propósito me ocorreu.