Musique-se
Paulo Cunha
A nossa Orquestra
- Partilhar 08/02/2023
Não sendo eu
nenhum político nem desempenhando nenhum
cargo de poder ou de relevância
mediática, foi com surpresa, agrado e
gratidão que, pela primeira vez nas mais
de duas décadas da existência da
Orquestra do Algarve (atualmente, ainda,
Orquestra Clássica do Sul), fui
convidado pela sua direção para a
apresentação no Teatro das Figuras do
seu novo maestro titular.
Num
concerto realizado às 18h de um domingo
e com uma divulgação à altura da
grandiosidade e da importância do
evento, não foi de estranhar ver a
convidativa e aprazível sala de
espetáculos esgotada. Efetivamente, é
reconfortante e gratificante ver uma
sala cheia de público, seja qual for o
género de música.
Tendo tido à
entrada o privilégio e a satisfação de
receber as boas-vindas por parte do meu
amigo Rui Baeta (coordenador e
preparador vocal do Coro Comunitário da
Orquestra do Algarve), foi com enorme
agrado que registei a boa disposição,
concentração, empenho, entrega e
excelente prestação de todos os
elementos da orquestra no programa
interpretado.
Como acompanho o
maestro Martim Sousa Tavares há já algum
tempo, não constituiu surpresa a forma
segura e eloquente como apresentou o
programa, deixando, desde logo, algumas
pistas sobre as suas intenções para o
futuro da “nossa” Orquestra. Admirei
também a sua direção, personalizada e
eficaz, vincando e expressando a forma
como analisou as obras interpretadas.
Não tendo havido folhas de sala
disponíveis, mais uma vez constatei a
importância dos Concertos Promenade na
formação de públicos, pois através da
explicação do maestro é possível
aprender a entender, a apreciar e a
desfrutar as obras musicais
interpretadas, evitando assim
interrompê-las com efusivas palmas entre
andamentos.
Depois de mais de
uma hora muito bem passada, no meio de
um público composto por gente de todo o
Algarve, saí do concerto com a firme
crença que a Orquestra do Algarve trilha
um bom caminho. Tive oportunidade de
expressar essa convicção ao meu amigo
Emilian Petrov (violinista da orquestra)
quando o encontrei à saída e, ao
confidenciar-me estar feliz com o
desempenho da sua orquestra, lhe disse
augurar para esta verdadeira equipa
musical também conquistas fora de
portas.
Tendo como premissa que
a Orquestra do Algarve se deve
relacionar com o seu tempo, o seu espaço
e a sua comunidade e tendo como lema a
frase “Ver novas todas as coisas” (Santo
Inácio de Loyola), o novo maestro
delineia assim a linha condutora para os
anos que se avizinham. Parece-me, desde
logo, um projeto desafiante para todo o
Algarve. Possam e queiram todos os
intervenientes estar à altura de tal
desiderato!
Conhecendo a
dedicação, o espírito empreendedor, o
empenho e a criatividade que António
Branco, o presidente da Associação
Musical do Algarve (entidade que gere e
administra a Orquestra), coloca no que
faz, só posso vaticinar o melhor para
todos os que, como eu, veem e têm na
música um meio para viver mais e melhor.
Que assim seja!
- n.45 • fevereiro 2023