Paulo Cunha

Musique-se

Paulo Cunha

A nossa Orquestra

Não sendo eu nenhum político nem desempenhando nenhum cargo de poder ou de relevância mediática, foi com surpresa, agrado e gratidão que, pela primeira vez nas mais de duas décadas da existência da Orquestra do Algarve (atualmente, ainda, Orquestra Clássica do Sul), fui convidado pela sua direção para a apresentação no Teatro das Figuras do seu novo maestro titular.

Num concerto realizado às 18h de um domingo e com uma divulgação à altura da grandiosidade e da importância do evento, não foi de estranhar ver a convidativa e aprazível sala de espetáculos esgotada. Efetivamente, é reconfortante e gratificante ver uma sala cheia de público, seja qual for o género de música.

Tendo tido à entrada o privilégio e a satisfação de receber as boas-vindas por parte do meu amigo Rui Baeta (coordenador e preparador vocal do Coro Comunitário da Orquestra do Algarve), foi com enorme agrado que registei a boa disposição, concentração, empenho, entrega e excelente prestação de todos os elementos da orquestra no programa interpretado.

Como acompanho o maestro Martim Sousa Tavares há já algum tempo, não constituiu surpresa a forma segura e eloquente como apresentou o programa, deixando, desde logo, algumas pistas sobre as suas intenções para o futuro da “nossa” Orquestra. Admirei também a sua direção, personalizada e eficaz, vincando e expressando a forma como analisou as obras interpretadas.

Não tendo havido folhas de sala disponíveis, mais uma vez constatei a importância dos Concertos Promenade na formação de públicos, pois através da explicação do maestro é possível aprender a entender, a apreciar e a desfrutar as obras musicais interpretadas, evitando assim interrompê-las com efusivas palmas entre andamentos.

Depois de mais de uma hora muito bem passada, no meio de um público composto por gente de todo o Algarve, saí do concerto com a firme crença que a Orquestra do Algarve trilha um bom caminho. Tive oportunidade de expressar essa convicção ao meu amigo Emilian Petrov (violinista da orquestra) quando o encontrei à saída e, ao confidenciar-me estar feliz com o desempenho da sua orquestra, lhe disse augurar para esta verdadeira equipa musical também conquistas fora de portas.

Tendo como premissa que a Orquestra do Algarve se deve relacionar com o seu tempo, o seu espaço e a sua comunidade e tendo como lema a frase “Ver novas todas as coisas” (Santo Inácio de Loyola), o novo maestro delineia assim a linha condutora para os anos que se avizinham. Parece-me, desde logo, um projeto desafiante para todo o Algarve. Possam e queiram todos os intervenientes estar à altura de tal desiderato!

Conhecendo a dedicação, o espírito empreendedor, o empenho e a criatividade que António Branco, o presidente da Associação Musical do Algarve (entidade que gere e administra a Orquestra), coloca no que faz, só posso vaticinar o melhor para todos os que, como eu, veem e têm na música um meio para viver mais e melhor. Que assim seja!