Uma Pequena História da Música [67]

Bedřich Smetana

Durante a segunda metade do século XIX, a Boémia esteve sob o domínio do Império Austro-Húngaro e durante muito tempo lutou pela sua independência política e cultural. Bedřich Smetana (1824-1884) foi um dos principais compositores que ajudaram neste processo de identidade nacional através de música de clara inspiração nacionalista.

No final do século XIX, a Boémia (atual Chéquia) viveu um período de grande riqueza musical. A região tinha sido absorvida pelo Império Austro-Húngaro e dominada pela cultura alemã, mas em meados do século XIX foi fundada a “Escola de Música Checa”, que abraçou ativamente a ideia de nacionalismo musical. O grande iniciador desta escola nacionalista foi Bedřich Smetana, que compôs, entre outras obras, seis poemas sinfónicos sob o título A Minha Pátria, nos quais descreve as paisagens da sua terra natal.

Smetana é considerado o fundador da música clássica checa, embora as suas obras não sejam tão conhecidas internacionalmente como as do seu compatriota Dvorak. Mesmo assim, o conjunto da obra de Smetana tem uma clara perspetiva nacionalista, embora também seja influenciado por influências românticas e realistas. As suas composições influenciaram tanto músicos considerados “progressistas”, como Wagner, como outros de tendência mais “tradicional”, como Rossini e Verdi.

Desde muito cedo, recebeu uma educação musical completa e cedo se tornou um pianista naturalmente dotado. Já em 1843, enquanto trabalhava como tutor dos filhos de uma família aristocrática de Praga, prosseguiu os seus estudos de teoria e composição. Mas esta era uma época de grande agitação política e Smetana entrou nos círculos nacionalistas checos, chegando mesmo a participar nos combates de barricada durante a fracassada Revolta de Praga de 1848. Vendo que a sua carreira musical não podia desenvolver-se no seu próprio país, estabeleceu-se na Suécia, onde trabalhou como professor e maestro de coro, e finalmente alcançou o reconhecimento profissional que desejava.

Alcançou o seu primeiro grande sucesso com a ópera A Noiva Trocada (1866). No mesmo ano, foi nomeado maestro principal da orquestra do Teatro Provisório de Praga (Dvorak era primeiro violino). Este cargo permitiu-lhe introduzir novas obras de compositores checos e incluir mais música francesa e italiana no repertório, em vez da música austríaca e alemã que predominava até então. A composição orquestral mais importante de Smetana foi o ciclo de seis partes de poemas sintónicos Má vast (Minha Pátria), concluído em 1879.

Mas, enquanto o músico produzia as suas melhores obras, a sua saúde estava a deteriorar-se. Sofria de sífilis, doença que afetou gravemente a sua capacidade de concentração e o levou a ficar surdo. Em 1874, Smetana teve de abandonar as suas funções de maestro e dedicou-se exclusivamente à composição. Viveu em isolamento quase total durante esses anos e ainda compôs o Quarteto de Cordas em Ré menor (Da Minha Vida), uma composição autobiográfica, e três óperas: O Beijo (1876), O Segredo (1877) e A Muralha do Diabo (1882). O compositor checo foi internado num hospital psiquiátrico em Praga em 1885, onde morreu a 12 de maio de 1884
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Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J.L.Iriarte

Bedřich Smetana: Má vlast (Minha Pátria)
WDR Sinfonieorchester, Orquestra Sinfónica WDR
Semyon Bychkov, conductor,
Kölner Philharmonie, 18 de janeiro de 2019


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