Uma Pequena História da Música [57]

Giacomo Puccini

Giacomo Puccini (1858-1924) é considerado um dos maiores compositores de ópera do final do século XIX e início do século XX, e o verdadeiro sucessor de Verdi.

SUCESSOR DE VERDI.
As óperas de Puccini combinam sabiamente a carga dramática com a paixão erótica, a ternura, o destino e o desespero, tornando as suas obras únicas e ocupando ainda hoje um lugar de honra no repertório operático mundial.

UMA CRIANÇA REBELDE
Puccini nasceu na cidade toscana de Lucca, no seio de uma família que se dedicava à música há várias gerações. Conta-se que, antes dos cinco anos, o pai já o tinha ensinado a tocar órgão através de um sistema curioso: colocava moedas no teclado para que o rapazinho, atraído pelo seu brilho, tentasse apanhá-las e, quando o fazia, carregava nas teclas para baixo e o som era produzido. Era uma criança bastante indisciplinada, que gostava mais de brincadeiras e jogos do que de atividades escolares, mas quando entrou para o conservatório de música de Lucca, o seu desempenho escolar começou a melhorar consideravelmente. Diz-se que, em 1876, depois de ter assistido a uma representação da ópera Aida de Verdi em Pisa, ficou tão fascinado pelo drama musical que decidiu treinar e lutou por uma bolsa de estudos para entrar no Conservatório de Milão, na altura uma das instituições mais prestigiadas do país.

PRIMEIRAS ÓPERAS
Enquanto ainda estava no Conservatório, escreveu a sua primeira ópera, Le Villi (As Fadas), para um concurso. Embora não tenha ganho o concurso, a ópera foi estreada em 1884 e atraiu a atenção de um editor musical, que encomendou uma segunda obra para ser estreada no La Scala de Milão. Demorou cinco anos a concluir a encomenda e o resultado foi Edgar (1889), com a qual teve pouco sucesso.
Foi só quando criou a sua terceira ópera, Manon Lescault (1893), que alcançou o sucesso. Esta obra deu o mote para as suas obras posteriores, que se centraram na psicologia das protagonistas femininas.

AS GRANDES OBRAS DO SEU REPERTÓRIO
Em 1896, Puccini estreou em Turim uma das suas óperas mais apreciadas, La Bohème, baseada nas vicissitudes de aspirantes a artistas na atmosfera boémia da Paris do século XIX, para a qual o compositor tomou como referência as suas próprias experiências durante os seus anos de estudante em Milão. A subtil combinação de tragédia e comédia que conseguiu nesta obra, juntamente com a sua magistral caraterização, fez desta ópera uma das mais populares do seu repertório. O sucesso de La Bohème foi seguido por Tosca (1900) e Madama Butterfly (1904). Tosca foi estreada em Roma num ambiente muito tenso, incluindo um aviso de bomba, uma vez que o seu enredo altamente melodramático era um retrato bastante desrespeitoso do clero e uma crítica ao autoritarismo. No final, a estreia não foi perturbada por qualquer contratempo e a ópera foi um grande sucesso junto do público. Em Madama Butterfly, Puccini conseguiu o seu melhor retrato psicológico. A parte em que a protagonista se suicida por amor exige que o soprano que encarna o papel possua qualidades vocais excepcionais.

OS ANOS DIFÍCEIS
O período entre 1904 e 1910 foi muito difícil para o compositor, pois, para além de um grave acidente de viação, que o obrigou a uma longa e difícil convalescença, houve um escândalo amoroso e a morte de Giulio Ricordi, um editor musical de quem Puccini era muito próximo e que considerava como o seu segundo pai. Durante este período, empreendeu numerosos projectos, mas só conseguiu concluir uma ópera, La fanciulla del West (1910), estreada em Nova Iorque. Seguiram-se La Rondine (1917) e três óperas de um ato, conhecidas como Il Trittico (1918): Il tabarro, Suor Angelica e Gianni Schicchi.

A SUA ÚLTIMA ÓPERA
Puccini começou a compor a sua última ópera, Turandot, que conta a história da sedução da princesa chinesa Turandot por um príncipe desconhecido, que acaba por conquistar o seu amor através da sua coragem e persistência. As duas últimas cenas desta ópera foram escritas por Franco Alfano, uma vez que Puccini morreu de cancro em 1924, antes de ter terminado a sua obra.

Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J.L.Iriarte

Giacomo Puccini: Turandot
conducted by Giuliano Carella
Orchestra and Chorus: Teatro del Gran Liceu, 2009


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