Uma Pequena História da Música [54]

Gustav Mahler

Por volta de 1880, o movimento romântico alemão chegou ao fim, embora quatro nomes ainda se destacassem nele: Hugo Wolf (1860-1903), Richard Strauss (1864-1949), Arnold Schönberg (1874-1951) e, especialmente, Gustav Mahler (1860-1911), a última figura de toda uma geração de românticos.

Ocasionalmente, acontecimentos acidentais na infância marcam a vida e o carácter de uma pessoa. Algo assim aconteceu com Mahler.

UMA INFÂNCIA TRAUMÁTICA
Nascido na Boémia, então parte do Império Austríaco, no seio de uma família pertencente à minoria judaica de língua alemã, desenvolveu um sentimento permanente de exílio, de “ser um estranho” em todo o lado, que nunca o abandonou. Também não o ajudou o facto de ser um prodígio musical (aprendeu a tocar piano aos quatro anos e deu o seu primeiro recital aos dez) e de o seu pai ser muito rigoroso e exigente com ele, pois, em grande medida, estas experiências de infância transformaram-no num jovem temperamental e algo neurótico.

UM MÚSICO DE GRANDE TALENTO
Em 1878, licenciou-se no Conservatório de Viena, onde estudou piano, harmonia e composição, e no ano seguinte ingressou na universidade. Foi durante este período de estudante que nasceu a sua paixão pela literatura e pela filosofia; nas suas próprias palavras: “Ler Dostoiévski é mais importante do que estudar contraponto”.
Em 1880, compôs a sua primeira obra original, Das klagende lied (A Canção do Lamento), uma cantata dramática para quatro vozes, coro e orquestra, fortemente influenciada por Wagner, que Mahler venerava, mas que já mostrava muitos dos elementos musicais que iriam moldar o seu estilo posterior.
Entre 1883 e 1885, um infeliz e apaixonado caso de amor com a soprano Johanna Richter inspirou-o a escrever uma série de poemas de amor que se tornaram um ciclo de canções e a sua primeira obra-prima: Lieder eines fahrenden gesellen (Canções de um companheiro de viagem).
A SUA OBRA
As sinfonias e os lieder, concebidos como formas sinfónicas, foram as mais longas e complexas de todas as obras até então escritas e são hoje reconhecidas como a obra de um génio. De toda a sua obra, um belo ciclo sinfónico de canções, Das lied von der Erde (A Canção da Terra), e as suas nove sinfonias (a décima ficou inacabada), que são um prodígio de originalidade, valeram-lhe uma incompreensão quase generalizada pelo carácter inovador e “moderno” – como lhes chamavam – da música. Só depois da sua morte é que a obra de Mahler ganhou o reconhecimento que merece.

GRANDE MAESTRO DE ORQUESTRA
Foi também em 1880 que se apresentou pela primeira vez como maestro, atividade que não abandonaria ao longo da sua carreira e na qual se destacou pelas suas magníficas qualidades. Dirigiu nas mais importantes casas de ópera europeias e, em 1897, chegou a assumir a direção daquela que era considerada a melhor da época, a Ópera da Corte de Viena. Apesar dos muitos êxitos alcançados durante os dez anos do seu mandato, Mahler não teve uma vida fácil em Viena, pois teve de enfrentar a hostilidade criada pela virulenta campanha antissemita contra ele na imprensa. Finalmente, em 1907, deixou o seu posto e aceitou o cargo de maestro da Metropolitan Opera House e da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque. Permanece na cidade americana até 1911. A 21 de fevereiro de 1911, com uma temperatura corporal de 40 °C, Mahler insistiu em cumprir um compromisso no Carnegie Hall, com um programa relativamente indescritível. Este foi o seu último concerto. No final, sentiu-se mal. Foi-lhe diagnosticada uma endocardite bacteriana, uma doença que, sem a ajuda de antibióticos, era praticamente fatal. A 8 de abril, toda a família, acompanhada por uma enfermeira, parte de Nova Iorque para Viena. A 11 de maio, foi levado de comboio para o Sanatório Löw, onde morreu a 18 de maio
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Gustav Mahler: Symphony No. 1
conducted by Fabio Luisi
Staatskapelle Dresden at the Philharmonie im Gasteig Munich, 2008


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