Uma Pequena História da Música [52]

Johannes Brahms

Grande compositor e homem meticuloso e autocrítico, nunca permitiu a publicação de uma obra que não considerasse, no mínimo, excelente.

Johannes Brahms (1833-1897) passou a sua infância nos subúrbios de Hamburgo, a cidade onde nasceu. O seu pai, um contrabaixista, cedo percebeu os dotes musicais do filho e, aos sete anos, fê-lo estudar piano com Otto Cosel e composição com Eduard Marxsen. Ainda adolescente, já compunha e actuava regularmente em cafés e bordéis para ganhar dinheiro para sustentar a família.

AMIGOS E INIMIGOS
Em 1853, foi convidado para uma digressão musical como acompanhante do violinista Eduard Reményi e, durante a viagem, conheceu Joseph Joachim, um virtuoso do violino em Hanôver, que se tornaria seu amigo e uma figura importante na sua vida. Este apresentou-o a Liszt em Weimar e Brahms adormeceu durante a atuação do grande pianista! Após este episódio, rapidamente ganhou uma merecida reputação pela franqueza, por vezes quase grosseira, com que exprimia as suas opiniões, e nunca foi bem visto entre os membros da Nova Escola Alemã.
No mesmo ano de 1853, Joachim também o apresentou a Robert e Clara Schumann em Düsseldorf.
Robert ficou tão impressionado com a música do jovem Brahms que escreveu as seguintes palavras na prestigiada revista de música que editava: “Chegou o messias da música alemã”. Foi assim que, aos vinte anos de idade, Brahms se tornou famoso. No ano seguinte, após a tentativa de suicídio de Schumann e o seu internamento numa clínica, Brahms tornou-se um importante apoio para Clara. Visitava-a com frequência e chegaram mesmo a fazer várias digressões musicais juntos, durante as quais a pianista interpretava as novas composições de Brahms. Embora pareça que estavam apaixonados um pelo outro, a extensão da sua relação é desconhecida, uma vez que eles próprios decidiram destruir toda a correspondência entre si.

EM VIENA
Em 1862, Brahms instalou-se definitivamente em Viena. A carreira de sucesso que Schumann lhe tinha previsto cumpriu-se e, nos trinta anos seguintes, as suas composições foram muito bem recebidas pelo público. Isto encorajou-o a completar a sua Primeira Sinfonia, que foi estreada em 1876, catorze anos depois de a ter começado - mais uma prova de como o músico era exigente com as suas obras. A este sucesso seguiram-se outras obras-primas do género orquestral, incluindo mais três sinfonias, o Concerto para Violino, o Segundo Concerto para Piano e o Concerto Duplo para violino e violoncelo. Em 1891 estreou outra das suas melhores obras, o Quinteto para Clarinete, escrito para o clarinetista Richard Mühlfed e considerado uma das melhores peças de música de câmara.
Em 1896 morre Clara Schumann, o que foi um grande choque para Brahms, que fez uma viagem de quarenta horas para assistir ao funeral. A morte de Clara e a longa viagem prejudicaram a saúde de Brahms, que já estava debilitada, e o compositor morreu no ano seguinte de cancro no fígado.

FALSAMENTE CONSERVADOR
A admiração de Brahms pelos grandes clássicos - como Bach, Haydn, Mozart e Beethoven - reflectiu-se no seu estilo musical e levou ao confronto com os seus contemporâneos mais progressistas, como Liszt e Wagner, e a um julgamento errado da sua música como académica e conservadora. Mas nada poderia estar mais longe da verdade, pois as obras de Brahms incorporaram importantes novidades, tanto na própria linguagem musical quanto na originalidade de suas harmonias e no uso da chamada variação progressiva
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Brahms - Hungarian Dances No. 5 & 6
conducted by Maciej Tomasiewicz
Polish Youth Symphony Orchestra, Poland


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