Uma Pequena História da Música [49]
Robert Schumann
Este músico é considerado um dos maiores expoentes do romantismo musical, cujas principais características podem ser observadas tanto na sua obra como na sua vida.
Robert Schumann (1810-1856) nasceu
em Zwichau (Alemanha) e cresceu num
ambiente literário (o seu pai era
escritor e editor), o que o ajudou a
familiarizar-se com os autores
românticos do seu tempo. Desde cedo
mostrou interesse pela música e, aos
sete anos, já tocava piano, compunha e
escrevia ensaios e poemas. O pai foi
quem mais o incentivou, mas quando este
morreu, em 1826, a mãe, que não aprovava
que o filho se tornasse músico, enviou-o
para estudar em Leipzig, na Alemanha.
QUERO SER UM ARTISTA
Mas não era
isso que Schumann queria, e negligenciou
os seus estudos, entregando-se a uma
vida de excessos. Finalmente, decidiu
dedicar-se ao que realmente queria:
tornar-se um excelente pianista. Para
tal, começou a ter aulas de piano com
Friedrick Wieck (pai da sua futura
esposa Clara), mas em 1830 teve de
abandonar o seu sonho após sofrer um
acidente que lhe incapacitou o dedo.
Esta dificuldade levou-o a centrar a sua
carreira na composição, atividade que
combinou com sucesso com a de crítico
musical e que o levou a fundar, em 1834,
a revista Neue Leipziger Zeitschrift für
Musik, que editou até à sua morte.
Em
1833, após a morte do irmão e da
cunhada, Schumann começou a sofrer das
perturbações depressivas que o
acompanhariam ao longo da vida.
A
períodos de intensa felicidade e fértil
atividade criativa seguiam-se períodos
de doença e abandono.
Todas as suas
composições da década de 1830 são
marcadas por sentimentos apaixonados e
sensibilidade. Deste período são algumas
das suas melhores obras, como Carnaval
(1834) e Kreisleriana (1838), um grupo
de oito peças para piano em que faz um
retrato musical do herói romântico
Johannes Kreisler.
A SUA VIDA E
OBRA COM CLARA
Em 1840, casou-se com
Clara Wieck, uma pianista excecional que
o apoiou incondicionalmente até ao fim e
o encorajou a diversificar as suas
composições para além das obras para
piano. Deste período são os seus
magníficos lieder, cujos temas
recorrentes são o amor e a natureza, as
suas duas primeiras sinfonias (1841) e o
Quarteto e Quinteto para Piano (1842).
Em 1843 foi nomeado professor de piano e
composição no Conservatório de Leipzig,
mas voltou a cair numa depressão
nervosa, da qual só conseguiu recuperar
em 1845. Durante os seis anos seguintes
viveu uma fase de grande criatividade,
compondo uma multiplicidade de obras,
como Cenas do Fausto de Goethe (1848), a
abertura para Manfred de Byron e a
Sinfonia n.º 3 "Renana" (1850), uma das
suas obras mais brilhantes e optimistas,
com a qual alcançou grande sucesso.
O FIM
Após este período de
sucesso, em 1852 recomeçam os seus
episódios de loucura, com alucinações
contínuas, várias fobias e a convicção
de ser vítima de uma conspiração. Em
fevereiro de 1854, tentou suicidar-se
atirando-se ao Reno e, embora tenha sido
salvo a tempo, ele próprio pediu para
ser internado numa clínica para doentes
mentais, pois sabia que já não
conseguiria recuperar a sua
estabilidade. Foi colocado num hospital
privado em Endenich, onde permaneceu em
reclusão e isolamento durante os últimos
dois anos da sua vida, pois não lhe eram
permitidas visitas, nem mesmo à sua
mulher Clara. Schumann morreu aos
quarenta e seis anos de idade, alheio à
bela música que tinha composto.
Robert Schumann (1810-1856): Piano Quartet No. 1 in E-Flat Major, op. 47
Daishin Kashimoto, Violin / Gilad Karni, Viola / Sol Gabetta, Cello / Nelson Goerner, Piano
Uma Pequena História da Música
- Ano V • abril 2024