Uma Pequena História da Música [46]

Felix Mendelssohn

Pertenceu à primeira geração de músicos românticos e, para compreender a sua influência e as suas magníficas qualidades, é melhor recordar as palavras de Schumann ao saber da morte de Mendelssohn: "A Europa perdeu o último sucessor potencial do grande Beethoven".

O desenvolvimento musical de Mendelssohn (1809-1847) não foi marcado por dificuldades, uma vez que a sua família era culta, abastada e sempre deu ao filho apoio afetivo e financeiro. Mendelssohn cresceu e foi educado num ambiente intelectual, rodeado pelas personalidades mais proeminentes do seu tempo, que visitavam frequentemente a casa dos seus pais.

INÍCIO FÁCIL
Tal como Mozart, Mendelssohn foi uma criança prodígio: aos seis anos teve aulas de piano com a mãe, que era pianista, e de composição com Carl Zelter; parece que fez a sua primeira atuação pública aos nove anos; aos onze já tinha composto um trio para piano e cordas, quatro peças para órgão, uma sonata para piano e violino, uma cantata e uma opereta cómica; aos doze, cinco quartetos de cordas, várias peças para piano, nove fugas e duas operetas. E nos anos seguintes continuou esta prolífica atividade composicional, criando peças que interpretou nos serões musicais realizados na sala de visitas da sua casa em Berlim e que se tornaram famosas na cidade.

FAMA ANTES DOS VINTE ANOS
Em 1824, com quinze anos, Mendelssohn ensaiou a sua ópera Os Dois Sobrinhos e compôs a sua Primeira Sinfonia em Dó menor op. 11. No ano seguinte, uma leitura de Sonho de Uma Noite de verão de Shakespeare inspirou a sua famosa abertura com o mesmo nome. A extraordinária mestria desta obra, bem como a do Octeto que compôs nesse mesmo ano, foram feitos espantosos para um adolescente. Em Sonho de uma Noite de verão, já se pode ver o que viria a ser uma marca da obra do compositor: a sua elegante técnica melódica, na qual tece sem esforço um ou dois efeitos surpreendentes sem interromper o fluxo musical. Mais tarde, em 1842, acrescentou vários andamentos a esta obra, incluindo a famosa Marcha Nupcial.

MÚSICO PROFISSIONAL
Depois de regressar a Berlim após uma viagem com o pai a Paris, em 1825, onde teve uma audição com o diretor do Conservatório, Luigi Cherubini, que o impressionou profundamente, o jovem Mendelssohn decidiu estabelecer-se por conta própria e afirmar-se como músico profissional.
Em 1827, estreou a sua ópera O Casamento de Camacho, mas o fracasso foi tal que o compositor decidiu não voltar a aventurar-se neste género musical. No entanto, a este fracasso seguiu-se um grande sucesso: em 1829, arranjou e dirigiu a Paixão de Mateus de J. S. Bach com a orquestra e os coros de Berlim. Foi a primeira vez que esta obra foi interpretada após a morte do compositor e foi recebida com entusiasmo pelo público alemão.

DIGRESSÃO MUSICAL
Após este sucesso, aos vinte anos, e seguindo o conselho do pai, Mendelssohn parte em digressão para dar a conhecer o seu talento noutros países. Em 1829, chegou a Londres, a primeira de dez visitas a Inglaterra. Aí dirigiu a sua Primeira Sinfonia com grande sucesso e continuou a sua digressão na Escócia, cuja paisagem e atmosfera inspirariam duas obras: o poema sinfónico As Hébridas ou Gruta de Fingal (1830) e a Terceira Sinfonia ou Sinfonia Escocesa (1830-1842). A Itália, outro dos países incluídos na sua digressão, onde chegou em 1830, também o inspiraria a escrever uma obra: a Quarta Sinfonia ou Sinfonia Italiana.

SUCESSO, FAMA E DINHEIRO
Depois de conhecer Berlioz em Roma e Liszt e Chopin em Paris, aceita o cargo de diretor musical em Düsseldorf em 1833. Mas demite-se dois anos mais tarde, porque, apesar dos seus êxitos, e segundo as suas próprias palavras, não queria "submeter-se a intrigas e mesquinharias". No mesmo ano, assumiu a direção da prestigiada Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, cargo que ocupou até 1846. Foi um período feliz em que obteve sucessivos êxitos como maestro e compositor. Datam deste período, entre outras obras, os seus oratórios Paulus (1836) e Elias (1846), e o seu Concerto para Violino (1844).

UM FIM PRECOCE
Em 1847, exausto depois de tantas viagens e muito afetado pela morte da sua amada irmã Fanny, a saúde de Mendelssohn começou a deteriorar-se e ele caiu numa grave depressão. Finalmente, a 4 de novembro de 1847, no seu trigésimo oitavo aniversário, o grande músico morre.

Felix Mendelssohn: Wedding March from "A Midsummer Night's Dream"
Claudio Abbado, conductor
Berliner Philharmoniker
Recorded at the Berlin Philharmonie, 19 May 2013


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