Uma Pequena História da Música [44]

Romantismo

A música dos compositores deste período adoptou a imagem típica do herói romântico difundida pela literatura e pela pintura. Era uma música que representava uma terra de noites e sonhos, onde prevalecia o mundo espiritual e místico e o visível do quotidiano aparecia como uma mera miragem.

O movimento romântico varreu a Europa no início do século XIX, estabelecendo-se no modo de vida e de pensamento de toda uma geração. O poder da natureza e das emoções humanas encontrou a sua maior expressão nos romances de escritores como Sir Walter Scott e Victor Hugo, na poesia de Almeida Garrett e William Wordsworth e nas pinturas de Turner, Constable e Delacroix.

O ROMANTISMO NA MÚSICA
A música também adoptou estes modelos numa procura contínua de subjetividade, de exaltação de sentimentos atormentados, sobretudo de amor e de dor, que contrastavam fortemente com a limpeza e a clareza de som que caracterizavam a música do período clássico.
Mas não é tanto a expressão de sentimentos que é uma novidade na música romântica, uma vez que muitos compositores anteriores a este período já reflectiam a sua própria subjetividade e experiências vividas nas suas obras; o que é verdadeiramente novo nos músicos românticos é a forma ou o método utilizado para alcançar essa expressão, fugindo de fórmulas estabelecidas e procurando constantemente a originalidade, o inédito, independentemente de o público o compreender plenamente. Pois essa é outra das novidades do Romantismo: o artista deseja um certo grau de incompreensão por parte da sociedade. Estas são as chaves para definir a música romântica. Em suma, uma exaltação da sensibilidade aliada a um modo de expressão subjetivo.

EXALTAÇÃO DAS PAIXÕES
Amor apaixonado, angústia, dor e sofrimento, sentimentos que transbordam. É este o universo em que se move o artista romântico, um universo dilacerado e em luta contínua, cheio de horror, que muitas vezes não tem uma causa concreta, como escreveu Schumann: "Se me perguntares o nome da minha dor, não te saberia dizer. Penso que é a própria dor, não a poderia descrever com mais exatidão". Além disso, tudo está imbuído de um certo misticismo que conduz a uma busca interior, à exploração dos estados da alma para encontrar a chave e a essência do universo.
Finalmente, há um terceiro aspeto em que se reflecte a exaltação caraterística do Romantismo: o século XIX foi também a época do desenvolvimento do nacionalismo. Esta realidade social reflectiu-se claramente na música, especialmente nas óperas de Wagner e Verdi, e na obra dos compositores russos.

TRÊS GERAÇÕES
O Romantismo musical pode considerar-se dividido em três fases, que foram precedidas por um movimento pré-romântico em que participaram algumas das criações de Mozart e Beethoven.
A primeira geração surgiu aproximadamente entre 1899 e 1810, e incluía Schubert (que ainda conservava alguns traços clássicos), Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Berlioz. Todos os elementos que foram mencionados como característicos deste movimento podem ser encontrados nele. A segunda geração é encabeçada por Wagner e Brahms, embora inclua também dois compositores da geração anterior, Liszt e Berlioz, uma vez que estes não morreram tão jovens como os outros e as suas carreiras musicais prolongaram-se até cerca de 1870. Nos músicos desta segunda geração os ideais românticos já não eram tão vigorosos, e entre eles já se misturavam algumas tendências neoclássicas.
Finalmente, a terceira geração, de 1875 a 1890, pode ser considerada pós-romântica. Mahler, Bizet, Saint-Saëns, algumas das primeiras obras de Schönberg e algumas das últimas obras de Wagner pertencem a esta geração.

Gaetano Donizetti (1797-1848),
Una furtiva lagrima, aria dell'opera L'elisir d'amore.
Luciano PAVAROTTI, tenor


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