Uma Pequena História da Música [39]

Classicismo Musical

O classicismo musical desenvolveu-se na Europa entre 1750 e 1820, com uma tendência crescente para a simplicidade e a moderação, a clareza das texturas e a consolidação da tonalidade plena. Foi também o período em que se consolidaram formas musicais como a sonata, a sinfonia e o concerto.

Neste período, enquanto o resto das artes se voltava para a antiguidade greco-romana, a música não podia fazer o mesmo, pois quase não existiam documentos desse período. Por esta razão, a música inclinou-se mais para o modelo proposto pelo Iluminismo, ou seja, para uma estética que rejeitava o artifício e a sofisticação que a música barroca tinha demonstrado, concentrando-se em formas equilibradas e estruturas mais simples. A Revolução Francesa foi o evento que marcou o chamado período classicista, e os músicos passaram de compor música para os nobres e seus salões a exaltar as glórias dos revolucionários.

UMA MÚSICA PRÓXIMA DO PÚBLICO
Outra caraterística importante da música clássica foi o seu interesse em chegar ao público.
Já não era apenas a aristocracia que tinha acesso às partituras publicadas e que enchia as casas de ópera e as salas de concerto, mas também uma burguesia cada vez mais próspera. Os avanços técnicos permitiram que a música fosse mais amplamente divulgada e os compositores alcançaram grande fama. Mas nem todos foram capazes de se adaptar a estas mudanças. Muitos mantiveram parte da herança barroca e apenas alguns conseguiram dominar a nova linguagem. Entre estes compositores, destacam-se sobretudo três nomes: Haydn, Mozart e Beethoven, este último já a meio caminho entre o Classicismo e o Romantismo.

A FORMA SONATA
Durante o Classicismo, estabeleceram-se as principais formas musicais correntes e as suas estruturas: sonata, sinfonia, música de câmara (trio, quarteto, quinteto) e concerto. Em todas elas, o primeiro andamento correspondia geralmente à chamada "forma sonata". Foi precisamente a expansão desta forma musical que se tornou um dos traços mais característicos da música clássica.
A forma sonata é definida como uma organização em três partes: na primeira parte, há uma tensão entre dois temas, um mais enérgico e outro mais melódico; na segunda parte, há um conflito entre os dois temas; e na terceira e última parte, a tensão harmónica é resolvida quando os temas iniciais são ouvidos na mesma tonalidade.

A ORQUESTRA
Como já vimos, a orquestra foi ganhando importância ao longo de todo o período barroco, mas o Classicismo tornou-se a sua etapa fundamental: expandiu-se, tanto em número de instrumentos como em amplitude dinâmica.
As novas exigências da música clássica favoreceram o aparecimento de novos instrumentos, como o pianoforte e o clarinete, o desaparecimento de outros, como a viola da gamba e o cravo, e a modificação de outros ainda, como os instrumentos de sopro, que aumentaram o número de orifícios e de chaves (peças metálicas em forma de anel que tapam os orifícios).
Outro facto de grande interesse foi o nascimento da orquestra sinfónica a partir da orquestra de câmara barroca. A primeira alteração da "nova" orquestra foi alargar a secção de cordas e completá-la com oboés e trompas; depois, a secção de sopros foi fixada em duas flautas transversais, dois oboés, dois clarinetes e dois fagotes; e, mais tarde, a secção de metais, com trompas, trompetes, tímpanos e, ocasionalmente, também trombones.

Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J.L.Iriarte

Franz Schubert
Fantasy in G Major for One Piano Four Hands, D.1 (1810)
Myung-jin Kim & Min-kyung Choi, Pianists
2014.10.15 at Kumho Art Hall, Seoul , Korea


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