Uma Pequena História da Música [35]

Georg Philipp Telemann

Transitando entre os períodos Barroco e Clássico, Telemann (1681-1767) é considerado um dos maiores génios da história da música, opinião partilhada pelos seus contemporâneos, como o seu grande amigo Händel. Foi também um compositor extraordinariamente sensível e prolífico.

Autodidata, viajante incansável e ávido estudioso e conhecedor de todos os estilos musicais do seu tempo, Telemann é uma das grandes figuras do período barroco tardio e precursor do chamado "estilo galante". A sua tendência para privilegiar a melodia e os aspectos descritivos e evocativos, longe do lirismo, bem como a quase total ausência de contraponto, são características que fazem lembrar a nova estética que prevaleceu entre 1750 e 1770. Mas o estilo de Telemann vai muito para além da estética galante e apresenta já algumas características que o aproximam do Classicismo que viria a prevalecer nas últimas décadas do século XVIII.
Não é difícil resumir a biografia de Telemann, os altos cargos que ocupou (foi diretor musical das cinco igrejas mais importantes de Hamburgo) e o sucesso que alcançou. A dificuldade surge quando se trata de definir o seu estilo e a sua produção, pois raramente na história da música se encontrou um compositor com tamanha fecundidade produtiva e maior variedade, pois cultivou todos os géneros. Outro fator importante na divulgação da sua obra é o facto de não ter sido restritivo quanto ao público a que se destinavam as suas composições, pois a sua produção inclui algumas peças destinadas ao luxo e pompa das principais cortes do seu tempo e outras destinadas ao público burguês.
E sem desvalorizar a sua estatura musical, há que considerar também que grande parte da fama que alcançou no seu tempo se deveu à divulgação da sua obra através do jornal musical que ele próprio fundou: Getreue Musikmeister (O Fiel Mestre da Música). Nesta publicação de quatro páginas incluía, para além das suas próprias composições, as de outros músicos e algumas lições de música. Só se conhecem vinte edições desta publicação, nenhuma delas datada, pelo que é muito difícil saber quando e durante quanto tempo foi publicada.

MÚSICA INSTRUMENTAL
Este tipo de música ilustra muito bem a sua tendência para a estética galante, embora com uma riqueza e originalidade raramente vistas. Embora tenha publicado duas coleções de fugas para teclado, as suas preferências centram-se nas suites, escritas para orquestras, conjuntos instrumentais e trios ou para alto e baixo contínuo, como é o caso de Die Kleine Kammermusik (pequena música de câmara). Na mesma linha, compôs também peças para a chamada "música para a mesa", destinada a uma burguesia que começava a progredir rapidamente. A sua coleção de sonatas é menos variada e mostra uma grande influência do modelo italiano, embora os temas sejam mais originais e as influências populares sejam muito evidentes. O estilo italiano é também evidente nos seus concertos, embora neles, ao contrário do que é habitual, seja frequentemente o solista a iniciar a obra.

MÚSICA VOCAL
Embora a ópera tenha passado por um período de crise e revisão entre 1720 e 1766, Telemann, juntamente com Rameau e Händel, é um dos mais importantes compositores deste género. Embora não tenha contribuído com nada de novo para os modelos estabelecidos, dotou-os de uma extraordinária profundidade musical. Das suas quarenta óperas, uma das mais famosas é Pimpinone (1725), na qual retomou o libreto musicado por Albinoni vinte anos antes, conservando as árias com o texto italiano, mas fazendo uma versão alemã para os recitativos.
Outro dos géneros que mais cultivou, sobretudo nos últimos anos da sua vida, foi a oratória. No total, compôs mais de sessenta oratórios e paixões, como o célebre Der Tag des Gerichts (O Dia do Juízo).

Georg Philipp Telemann: Ouverture-Suite "La Bizarre" in G major,
TWV 55:G2 – Bremer Barockorchester.


Uma Pequena História da Música

Índice [ veja aqui...]