Uma Pequena História da Música [34]
Johann Pachelbel
Por vezes, toda a produção de um compositor é ofuscada pela fama alcançada por uma das suas obras, e é esse o caso de Pachelbel (1653-1706), cujo cânone em Ré maior, frequentemente tocado em casamentos, fez com que o resto das suas obras musicais fossem esquecidas.
Desde muito cedo, Pachelbel demonstrou
grande interesse pela aprendizagem da
música, de tal forma que teve dois
professores para esta disciplina: um
ensinou-lhe as bases da música e o outro
a tocar instrumentos e a compor. Em
1669, ingressou na Universidade de
Altdorf, mas as dificuldades económicas
levaram-no a abandonar os estudos até
que lhe foi atribuída uma bolsa de
estudo em Regensburg. Parece que aí
permaneceu até 1673, altura em que se
mudou para Viena e se tornou assistente
do organista da Catedral de Santo
Estêvão.
A estadia de cinco anos em
Viena foi muito frutuosa para Pachelbel,
pois conheceu compositores importantes e
novas tendências musicais, uma vez que a
cidade era um importante centro cultural
da Europa nessa altura.
A CHEGADA
DA FAMA
Em 1667, o músico foi
contratado como organista na corte do
duque de Saxónia-Eisenach, mas não se
sentiu à vontade e só um ano depois
deixou o lugar. Antes de partir, pediu
uma carta de recomendação ao mestre de
capela da corte, Daniel Eberlin, que o
descreveu como um "virtuoso raro e
perfeito".
O próximo emprego
conhecido de Pachelbel foi como
organista na Predigerkirche em Erfurt,
onde entrou em 1678 e permaneceu durante
doze anos. Aí, manteve um contacto
estreito com vários membros da família
Bach e também ganhou reputação como um
dos melhores compositores alemães de
música para órgão.
Durante a sua
estadia em Erfurt, Pachelbel casou-se
duas vezes. O primeiro foi em 1681, mas
dois anos depois a sua mulher e o seu
filho morreram de peste. Pensa-se que
foi este triste acontecimento que o
inspirou a escrever Pensamentos Musicais
sobre a Morte, uma série de variações de
corais publicada no mesmo ano. Dez meses
mais tarde, voltou a casar e teve sete
filhos com a sua segunda mulher, dois
dos quais se tornaram compositores de
órgão, outro fabricante de instrumentos
musicais e uma das suas filhas pintora e
escultora. Depois de Erfurt, em 1690, o
compositor foi chamado à corte de
Württemberg, em Estugarda, para assumir
o cargo de músico e organista. Regressou
à Turíngia, onde foi nomeado organista
da cidade de Gotha. Em 1695, após a
morte do seu antigo mestre Wecker,
organista de S. Sebaldo em Nuremberga,
foi-lhe atribuído este cargo, que ocupou
até à sua morte em 1706.
O CÂNONE
E OUTRAS OBRAS
Para além do seu
famoso Cânone para três violinos e baixo
contínuo, as melhores obras de Pachelbel
são as suas composições para órgão
(prelúdios, fugas e tocatas), sem
esquecer os seus prelúdios para corais,
motetes, árias, cantatas, missas e 13
magnificats para solistas, coro e
orquestra. Em todas estas obras sente-se
o seu domínio dos géneros vocais, que
revelam um perfeito desenvolvimento das
vozes, da harmonia e do ritmo. Sem ser
inovador ou audacioso, nem tender para o
virtuosismo, mas antes para a clareza
melódica e o rigor técnico, as suas
composições são dotadas de uma
serenidade que lhes confere grande
beleza. Com o advento da interpretação
historicista, a obra de Pachelbel
começou a ser executada com maior
frequência.
Pachelbel's Canon in D, performed on original instruments from the time of Pachelbel by the Early Music ensemble Voices of Music.
Uma Pequena História da Música
- Ano V• janeiro 2024