Uma Pequena História da Música [32]

François de Couperin

Na história da música francesa dos séculos XVII e XVIII, são muitos os membros da família Couperin que ocuparam uma posição de destaque. Mas um deles, François, destacou-se acima de todos os outros, tornando-se um dos mais famosos compositores barrocos, além de organista e cravista virtuoso.

François Couperin (1668-1733) nasceu em Paris, no seio de uma família com uma longa tradição musical e bem conhecida nos meios profissionais, como o prova o facto de a igreja parisiense de Saint-Gervais, onde o pai de François era organista, ter continuado a empregar membros da sua família durante um período ininterrupto de 173 anos. Diz-se mesmo que, após a morte do seu pai, as capacidades de François eram tão notáveis que lhe foi oferecido o lugar de organista, apesar de ter apenas dez anos de idade. A oferta acabou por ser adiada até aos dezoito anos.
Aos vinte e um anos, casa-se com Marie-Anne Ansault e, no ano seguinte, obtém uma licença real para publicar as duas únicas missas que compôs para órgão (num total de quarenta e duas peças em duas colecções) em toda a sua carreira.

UMA REPUTAÇÃO EM ASCENSÃO
Em 1692, inspirado por Corelli, de quem era grande admirador, dedicou-se à música de câmara, compondo uma coleção de cinco sonatas em trio. Durante este período, a sua reputação como instrumentista começa também a crescer, tornando-se um dos quatro organistas da capela real, ao serviço de Luís XIV, e professor de cravo dos filhos do rei, do duque de Borgonha, do conde de Toulouse, das filhas do duque de Bourbon, da princesa viúva de Conti e de muitos outros membros da nobreza. Para além de toda esta atividade, Couperin continuou a participar nos serões musicais da corte em Versalhes, Sceaux e Fontainebleau.

HONRAS E VIDA NA CORTE
Embora não gostasse muito da vida na corte, Couperin continuou a gozar do favor da realeza e assim, em 1696, recebeu o seu próprio brasão de armas. Em 1702 foi distinguido com uma nomeação na Ordem dos Cavaleiros de Latrão. Torna-se cravista oficial do rei e, em 1715, aquando da morte do monarca, compositor da corte do novo rei, Luís XV.
A nova nomeação implicava a tarefa de criar música sacra e secular, bem como participar como intérprete nos concertos que se realizavam todas as semanas. Durante este período, compôs numerosas suites para violino, viola da gamba, oboé e cravo, sonatas, árias e uma das suas melhores obras de música sacra: Leçons de ténèbres, um conjunto de textos sacros para uma só voz e com pouco acompanhamento instrumental, destinado à celebração da Semana Santa.

UM VIRTUOSO DO CRAVO
Mas o mais notável da obra de Couperin foram, sem dúvida, os seus quatro livros de composições para cravo, escritos entre 1713 e 1730. São, de facto, 220 suites instrumentais, embora o compositor lhes chamasse ordres, de uma qualidade e sensibilidade poética incomparáveis. Demonstram também a grande variedade de técnicas de Couperin, bem como a sua extraordinária capacidade de combinar elementos do barroco italiano e francês.

The musette from Couperin's third book (1722) of Concerts Royaux, performed on original instruments by the award winning Early Music ensemble Voices of Music.
Hanneke van Proosdij, voice flute & sixth flute
Carla Moore, baroque violin
Elisabeth Reed & William Skeen, viols
Derek Tam, harpsichord
David Tayler, archlute
Harpsichord painting by Millicent Tomkins


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