Uma Pequena História da Música [29]

Henry Purcell

Discípulo de Blow e conhecedor das novas tendências musicais italianas e francesas, Henry Purcell (1659-1695) é considerado o maior representante da música barroca inglesa, que soube dotar de características próprias.

Purcell desenvolveu desde muito cedo um grande amor pela música, o que não é de estranhar, tendo em conta que tanto o seu pai como o seu tio eram músicos. Foi o seu tio que conseguiu que Henry, ainda criança, fosse admitido como membro do coro da capela real. Revelou imediatamente grande talento e diz-se que escreveu a sua primeira composição aos oito anos de idade.
Depois de deixar o coro, continuou os seus estudos musicais com John Blow e, a partir daí, progrediu na sua carreira, acabando por substituir o seu mestre como organista na Abadia de Westminster em 1680. A este cargo seguiram-se outros, como organista da capela real e encarregado da construção, manutenção e afinação dos instrumentos da Casa Real Inglesa, cargos em que foi reconfirmado pelos seguintes monarcas: Jaime II e Guilherme III e a rainha Maria II de Inglaterra. Purcell morreu muito jovem, com apenas trinta e seis anos, quando estava no auge da sua fama. Foi sepultado na Abadia de Westminster, mesmo por baixo do órgão que tantas vezes tocou com as suas magníficas composições.

ÓPERA INGLESA
Com a estreia de Dido and Aeneas, em 1689, segundo um libreto de Nathum Tate, Purcell assinalou um dos marcos pelos quais o nascimento da ópera em Inglaterra será sempre recordado. Apesar de ser uma obra curta, com apenas três actos em vez dos habituais cinco, e com longas intervenções do coro, o que provocava uma certa lentidão na ação, as suas árias eram muito belas, como a famosa "Lamento de Dido". Tanto nesta obra como em todas as óperas que Purcell escreveu posteriormente, como Dioclecian (1690), King Arthur (1691), The Fairy Queen (1692), Ibe Indian Queen (1693) e Timon of Athens (1694), para citar apenas algumas, o compositor atingiu uma intensidade e emoção raramente alcançadas em obras de língua inglesa.

MÚSICA VOCAL RELIGIOSA
A forma mais comum de música sacra inglesa era o hino, uma espécie de motete em que se distinguiam habitualmente duas variantes: o hino completo, em estilo coral, e o hino em verso, com instrumentos. Purcell cultivou todas elas, introduzindo algumas variações que marcariam a evolução posterior do género.

MÚSICA OFICIAL DA CORTE
Os cargos oficiais de Purcell na corte inglesa implicavam a composição de peças musicais para a celebração de vários eventos da família real. Para este efeito, o género que utilizou foi a ode. Estas obras incluíam sinfonias, coros solenes e árias, todos acompanhados pelo uso de trompetes para enfatizar a majestade que tais eventos exigiam. Um bom exemplo destas composições são as que dedicou à Rainha Maria.

Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J. L. Iriarte

Henry Purcell: Dido's Lament (Dido and Aeneas);
Anna Dennis, soprano, with Voices of Music


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