Uma Pequena História da Música [25]

Alessandro Scarlatti

Pai do também famoso Domenico Scarlatti, Alessandro foi o grande mestre de ópera da escola napolitana, com um estilo mais próximo da arte galante que se desenvolveria a partir dos anos cinquenta do século XVIII do que do barroco italiano de Monteverdi e Cavalli.

Alessandro Scarlatti (1660-1725) nasceu em Palermo, no seio de uma família humilde. Como tinha boas qualidades para cantar, quando tinha apenas doze anos de idade, os seus pais enviaram-no para Roma, pois havia sempre uma grande procura de rapazes cantores para os coros das igrejas nessa cidade. Rapidamente se destacou pelo seu talento musical e parece que Giacomo Carissimi se encarregou da sua educação.
Não se sabe muito mais sobre a sua vida até 1679, altura em que estreou a sua primeira ópera, Gli equivoci nel sembiante, com uma aclamação tão grande que foi nomeado mestre de capela da Rainha Cristina da Suécia. A obra foi representada pela primeira vez no palácio privado dos Contini durante a Quaresma (clandestinamente, uma vez que o teatro durante a Quaresma era desaprovado pelo Papa Inocêncio XI). No mesmo ano (tendo em conta que tinha apenas dezanove anos), estreou também o seu primeiro oratório.

APRECIADO E INFLUENTE
Scarlatti ganhou fama entre os nobres e aristocratas de toda a Europa. Em 1684, mudou-se para Nápoles, contratado pelo vice-rei, que tinha sido embaixador de Espanha no Vaticano, para dirigir o teatro de San Bartolomeo e ser maestro da capela real. Mas em 1702, como a vida em Nápoles se tinha endurecido devido à Guerra da Sucessão Espanhola, Scarlatti regressou a Roma.
Os dezoito anos que viveu em Nápoles foram muito frutíferos, pois compôs mais de oitenta óperas, sessenta e cinco cantatas, nove oratórios e sete serenatas.

NOVAMENTE EM ROMA
Durante esta segunda estadia na capital romana, Scarlatti realizou encomendas para Maria Casimira, rainha da Polónia, e para o príncipe Ferdinando de Medici, antes de entrar ao serviço dos cardeais Pietro Ottoboni e Benedetto Pamphili. Esta proteção do clero permitiu-lhe dedicar-se a composições mais adaptadas ao seu gosto do que a ópera, como as cantatas. Em 1707, estreou duas óperas em Veneza, Il trionfo della libertá e Mitridate Eupatore, mas estas não agradaram ao público e regressou a Roma, aceitando o cargo de maestro di cappella em Santa Maria Maggiore. Durante este período compôs uma missa, vários motetos, um ciclo de responsórios para a Semana Santa, a Cantata per la notte di Natale, que foi apresentada na corte papal, e dois oratórios com textos do Cardeal Ottoboni. Um destes oratórios, Passione di Nostro Signore Gesu Cristo (ou La colpa, il pentimento, la grazia) é considerado o melhor do seu género.

O REGRESSO A NÁPOLES
No final de 1708, com a família Habsburgo instalada no reino de Nápoles, Scarlatti regressa à cidade para retomar o cargo de maestro da capela real, mas sem perder o contacto com os seus patronos romanos. Assim, em 1715 foi armado cavaleiro pelo Papa Clemente XI. Durante esta segunda estadia em Nápoles, as obras de maior sucesso foram as suas óperas cómicas, como Il trionfo dell'onore (1718), que foi representada 18 vezes. A sua última ópera, La Griselda, foi estreada em Roma em 1721. A partir de então, dedica-se ao ensino e compõe algumas obras para flauta e cordas. Morreu em Nápoles em 1725.

UMA OBRA IMPORTANTE
Scarlatti foi um compositor muito prolífico, autor de mais de cem óperas, cerca de duzentas missas e quase oitocentas cantatas de câmara, entre outras composições. As suas óperas têm características que as aproximam mais das da segunda metade do século XVII do que das dos seus contemporâneos. Basta ver o desenrolar da escrita orquestral, a amplitude das árias e o brilho das suas vocalizações.
As outras composições em que alcançou uma elevada qualidade artística foram as cantatas. Em muitas delas a voz aparece sozinha acompanhada pelo baixo contínuo, como que "dialogando" com os instrumentos. A sua estrutura é constituída por várias árias ligadas a recitativos.

Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J. L. Iriarte

Il trionfo dell' onore de Alessandro Scarlatti
Ópera de Cámara Teatro Colón


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