Uma Pequena História da Música [24]

Arcangelo Corelli

Corelli foi um dos principais compositores de sonatas barrocas e o principal representante do concerto grosso, no qual o primeiro violino desempenhou um papel proeminente, anunciando assim a evolução posterior do género para o concerto a solo.

Corelli nasceu em Fusignano e era o mais novo de cinco filhos de uma importante família da cidade. Recebeu uma educação musical desde tenra idade, embora a sua verdadeira formação tenha começado aos treze anos, quando viajou para Bolonha para estudar violino, uma vez que esta cidade italiana era a sede da mais importante escola de música de câmara. O ambiente musical estimulante da cidade e a paixão do jovem Corelli pelo violino foram factores decisivos na carreira do compositor. Aos dezassete anos, foi admitido na Academia Filarmónica de Bolonha e, poucos anos depois, já era considerado um dos melhores violinistas de Itália.

CARREIRA EM ASCENSÃO EM ROMA
Aos vinte e dois anos, mudou-se para Roma e actuou em numerosas igrejas e teatros da cidade. A sua fama como violinista foi tal que entrou ao serviço da Rainha Cristina da Suécia, que tinha uma casa na capital romana. Aí criou a sua própria academia de música de câmara. Em 1682, tornou-se primeiro violinista na igreja de San Luigi dei Francesi e, dois anos mais tarde, tornou-se membro da Congregação dos Virtuosos de Santa Cecília.
A partir de então, continua a ter sucesso: em 1700 é nomeado primeiro violinista e diretor de concertos no Palais de la Chancellerie. Em 1706, entrou na Academia de Arcádia, uma distinção muito elevada na altura. Aí conheceu Scarlatti e, dois anos mais tarde, Handel. Morreu em Roma em 1713 e foi sepultado no Panteão.

A OBRA DE CORELLI
Corelli foi, sem dúvida, um dos músicos mais influentes e conhecidos do seu tempo e um excelente compositor de sonatas e concertos. As suas obras foram as mais publicadas do seu tempo, perdendo apenas para as de Haydn. As sonatas de Corelli, publicadas em cinco livros entre 1681 e 1700, cada um contendo doze peças, marcaram o apogeu deste género barroco. Nelas podemos apreciar uma clara aproximação entre os dois tipos cultivados na época, a sonata de câmara e a sonata de igreja, que mais tarde se fundirão. Dedicou algumas das suas colecções de sonatas aos seus patronos, como as Sonatas opus 1, para a Rainha Cristina da Suécia, e as Sonatas opus 2, para o Cardeal Pamphili. As suas Sonatas opus 5, especialmente a n.º 12, La Follia, são de grande interesse, pois são para um único violino sustentado para baixo contínuo, um modelo criado por Corelli e repetido pelos músicos até ao final do século XVIII.
Corelli foi muito famoso durante a sua vida, tanto como compositor como, sobretudo, intérprete das suas próprias obras. Fez grandes digressões em França e em Inglaterra, onde foi recebido pela alta aristocracia.
A sua outra grande obra foram os 12 Concerti opus 6. Trata-se de concerti grossi (literalmente "grandes concertos"), dos quais este compositor foi o representante mais proeminente. Neles, o conjunto instrumental (il tutti) opunha-se a um pequeno grupo de solistas constituído por um trio de cordas (il concertino). A "imagem de marca" de Corelli foi a atribuição de um papel proeminente ao primeiro violino, criando o antecedente dos concertos a solo. Embora o concerto grosso data de cerca de 1680 e possa ser atribuído a Alessandro Stradella, foi Corelli quem lhe deu a sua verdadeira dimensão.

Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J. L. Iriarte

Arcangelo Corelli, La Folia, Opus 5 No.12.
The Four Nations Ensemble, Olivier Brault violin


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