Uma Pequena História da Música [15]

Giovanni Pierluigi da Palestrina

Palestrina (c.1525-1594) foi o maior representante da escola romana do século XVI. Reuniu na sua produção o melhor da tradição polifónica vocal e uma sensibilidade e inteligência muito pessoais, difíceis de igualar.

Giovanni Perluigi, chamado "da Palestrina" em homenagem à sua terra natal, formou-se na escola de música sacra da basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Em 1544, regressou à sua cidade natal para assumir o cargo de organista na catedral de Palestrina e, quando o seu bispo subiu ao trono papal como Júlio III, viajou de novo para Roma, chamado pelo Papa como mestre do coro dos rapazes da Basílica de São Pedro e, mais tarde, como cantor na capela privada do pontífice. Em 1555, substituiu Orlando di Lasso como mestre de capela em São João de Latrão (Roma) e, em 1561, passou a ocupar o mesmo cargo em Santa Maria Maggiore. Nunca deixou a capital romana e terminou os seus dias como diretor da capela de São Pedro no Vaticano.

RESPEITADO POR TODOS
Palestrina foi o melhor representante da extensa e rica tradição polifónica vocal. A sua obra, cheia de espírito renascentista, engloba todas as técnicas de escrita polifónica e serviu de modelo e de guia para outros compositores de música sacra no final do século XVI.
Ao contrário de Di Lasso, na arte de Palestrina não se deve procurar uma renovação, mas sim a utilização inteligente de todos os procedimentos à sua disposição para criar obras perfeitamente adaptadas às exigências do "novo" catolicismo surgido após a Contra-Reforma.
Embora nos últimos anos da sua vida, sem renegar a sua carreira anterior, Palestrina quisesse demonstrar o seu desacordo com algumas das normas ditadas pelo Concílio de Trento, especialmente a que condenava o estilo polifónico com o argumento de que a sua ornamentação desviava a atenção das palavras do texto, compôs a sua famosa Missa Papae Marcelli, na qual demonstrou que a música polifónica podia transmitir a mensagem sagrada com a clareza exigida pelos ditames do Concílio de Trento.

COMPOSITOR RELIGIOSO
A maior parte da imensa obra de Palestrina é de carácter religioso. Compôs cerca de cem missas, quase mil motetos, sessenta e seis ofertórios e cinquenta e dois hinos, além de salmos, lamentações e cânticos.
Sem dúvida, as suas composições mais significativas e pessoais foram as missas, nas quais demonstra o seu perfeito domínio da técnica do contraponto, bem como a sua grande sensibilidade e talento artístico. Em geral, são missas de carácter conservador, mais de metade das quais baseadas no cantus firmus, melodias gregorianas.
Entre os seus motetos, para além dos Improperia, são famosos os vinte e nove motetos sobre o texto dos Cânticos de Salomão. Giovanni Pierluigi Palestrina é considerado um dos mais eminentes autores da música religiosa católica.

Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J. L. Iriarte

VOCES8 sings the 'Magnificat Primi Toni'
by Giovanni Pierluigi da Palestrina


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