Uma Pequena História da Música [14]

Orlando di Lasso

A música da segunda metade do século XVI tem um mestre brilhante e incontestável nos Países Baixos, Orlando di Lasso. Músico eclético, ávido de renovação e amante das formas musicais seculares, sobretudo do madrigal, cujos procedimentos introduziu com audácia na música religiosa.

Orlando di Lasso, também conhecido como Orlando ou Roland de Lassus, nasceu em 1532 em Mons (atualmente em território belga) e desde cedo se destacou pela sua bela voz.
Diz-se mesmo que, por causa dela, foi raptado em duas ou três ocasiões por caçadores de talentos vocais para os coros das cortes europeias, embora tudo isto não passe talvez de uma lenda. Aos doze anos de idade, entrou ao serviço de Ferrante Gonzaga, general do imperador Carlos I de Espanha, e viajou com ele por várias cidades italianas, familiarizando-se assim com as formas musicais renascentistas.
Em 1554, regressou à Flandres e, um ano mais tarde, publicou várias das suas primeiras obras musicais. Pouco tempo depois, mudou-se para Munique como cantor tenor na capela do Duque Alberto da Baviera e aí permaneceu até à sua morte, subindo de posto, influência e posição, e alcançando tal fama e renome em toda a Europa que muitos outros compositores vieram a Munique para estudar com ele. Morreu aí em 1594.

OUSADIA E AUDÁCIA
Estas duas palavras definem muito bem as características da obra musical de Lasso, que em cada uma das suas composições procurou inovar, recorrendo a todas as técnicas musicais conhecidas na época, quer fossem do foro religioso ou secular, e enriquecendo os seus modos de escrita, como bom humanista que era.
Dominou o panorama musical do seu tempo, não só pela sua vasta e imensa produção, mas também pela sua extraordinária qualidade. Com ele, a música religiosa perdeu muito da sua austeridade, pois introduziu nela numerosos recursos e procedimentos iniciados na música secular, como a sofisticação do madrigal, com as suas melodias evocativas que enfatizam certas palavras escolhidas do texto.

UMA OBRA IMENSA
Mais de duas mil composições de música religiosa e secular, abrangendo todos os géneros conhecidos na época, constituem a obra monumental deste músico prolífico e influente.
Na esfera secular, os seus madrigais e canções exprimem uma grande variedade de estados de espírito, da melancolia ao humor, do sensual ao alegre.
Mas foi na música religiosa, especialmente nos motetos (dos quais escreveu quase setecentos, de duas a oito vozes), que alcançou o auge da sua fama. É neles que a sua personalidade e sensibilidade são mais apreciadas, com efeitos musicais que residem tanto na harmonia e no ritmo como nos recursos mais invulgares e imaginativos.
Das suas cinquenta missas, a maior parte corresponde à técnica da "paródia" e baseia-se em motetes latinos, canções francesas ou textos seculares em italiano. As composições religiosas incluem também magnificats, hinos, responsos e quatro paixões.

Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J. L. Iriarte

Susanne un Jour
Roland (de) Lassus, 1532 - 1594

Interpretam: Vox Luminis
Armelle Froeliger, Barnabas Hegyi, Philippe Froeliger, Olivier Berten, Lionel Meunier


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