Uma Pequena História da Música [13]
William Byrd
William Byrd (1543-1623),
discípulo de Thomas de Tallis, passou à
história como o "pai da música inglesa",
pois foi o último grande compositor de
música sacra católica e o primeiro de
música secular da época dourada do
período isabelino.
O período final do Renascimento inglês,
que coincide com os últimos anos do
reinado de Isabel I (Tudor) e os
primeiros anos do reinado de Tiago I
(Stuart), teve como protagonista um dos
mais famosos músicos da época, William
Byrd. Numa época em que os católicos
eram perseguidos pelas suas crenças, e
tendo em conta que Byrd era um católico
fervoroso e mantinha uma relação próxima
com aqueles que se recusavam a
submeter-se aos ditames da Igreja
Anglicana, o facto de o músico ter
ocupado cargos importantes na corte de
dois monarcas demonstra o seu talento e
valor.
ENTRE LINCOLN E LONDRES
Pouco se sabe sobre os seus primeiros
anos de vida, apenas que parece ter
iniciado os seus estudos musicais muito
cedo, que foi aluno de Tallis em Londres
e que, pouco tempo depois, integrou o
coro da catedral de Lincoln como
organista, para o qual escreveu várias
composições. Em 1570 foi convidado a
assumir o cargo de cantor na capela
real, mas demorou dois anos a deixar
Lincoln e a assumir o seu novo posto.
Durante algum tempo, embora já estivesse
em Londres, o reitor de Lincoln
continuou a pagar-lhe uma certa quantia
para que continuasse a enviar as suas
composições de música sacra anglicana
para a catedral. Em 1572 foi nomeado
organista da capela real, cargo que
partilhava com Tallis, e durante os
vinte anos seguintes continuou a
trabalhar para a corte inglesa.
ANOS DIFÍCEIS
Durante a década de
1570, quando a perseguição aos católicos
se generalizou, Byrd teve de abandonar
Londres e instalou-se com a família em
Harlington. A sua mulher, Juliana, foi
incluída na lista dos perseguidos por se
recusar a assistir aos serviços
religiosos anglicanos, obrigatórios na
altura. Em 1581, após a execução de
vários jesuítas, acreditando-se que o
músico estava ligado a eles, a sua casa
foi revistada e ele foi multado pelas
suas crenças e pelas suas relações com
os "hereges" católicos, mas não foi
preso. Na década de 1590, após a morte
de Juliana, Byrd casou-se novamente e
mudou-se para Essex, onde viveu até ao
fim da sua vida.
EMOÇÃO NA MÚSICA
Byrd cultivou todos os géneros de música
então praticados em Inglaterra, tanto
música instrumental como vocal, tanto
sacra como secular. A maioria das suas
composições foram encomendadas por
patronos católicos e anglicanos.
Escreveu frequentemente música vocal
secular para uma só voz acompanhada por
viola, em vez de alaúde, o que era comum
entre os seus contemporâneos.
Compôs
também música religiosa anglicana,
embora as suas peças mais sublimes
fossem católicas, com os textos em
latim, como o motete a quatro vozes Ave
verum corpus. Nas suas três missas a
três, quatro e cinco vozes, utilizou a
técnica típica inglesa da imitação
(frases melódicas repetidas por
diferentes vozes em determinados
momentos da peça). Esta técnica
permitiu-lhe exprimir muito bem as
emoções, especialmente as de crenças
religiosas profundas.
Adaptado por Francisco Gil,
A partir de um texto de J. L.
Iriarte
VOCES8 performs William Byrd’s double motet
‘Ne Irascaris Domine’ and ‘Civitas
Sancti Tui’
in the Gresham Centre in
London.
Uma Pequena História da Música
- Ano V• setembro 2023