
à Deriva
Fernando Vieira
Semear para colher
- Partilhar 13/02/2023
A julgar pelos dados
recentemente vindos a público, 2023 começou de forma
auspiciosa para o turismo algarvio, que pulverizou
números com mais de duas décadas.
Segundo a
insuspeita AHETA – Associação dos Hotéis e
Empreendimentos Turísticos do Algarve, a taxa de
ocupação registada em janeiro transato ultrapassou
todas as expetativas, batendo mesmo a frequência de
turistas verificada durante período homólogo do
excecional ano de 2001.
A surpresa foi de tal
ordem que responsáveis pela associação confessaram
mesmo ter contado e recontado as tabelas recebidas,
não fosse dar-se o caso de alguém ter usado mal a
calculadora. Em consequência, até a famigerada e
crónica sazonalidade foi razoavelmente atenuada,
para pasmo geral.
Tudo isto numa altura em
que as conjunturas, nacional e internacional, se
apresentam bastante reservadas, fruto de resquícios
pandémicos e reflexos bélicos, nomeadamente a nível
energético, para já não falar num sem-número de
outras causas e efeitos, todos eles nefastos.
Portanto, e assim de repente, parece que o
destino Algarve continua a fazer valer os seus
atributos, que não são poucos, apesar de não se
notar qualquer tipo de política concertada em prol
do melhoramento infraestrutural desse poder de
atração… que é essencialmente de natureza natural,
passe a redundância.
Portanto, permitam-me
não embandeirar em arco, já que ando por cá faz
tempo e sei como esta coisa das tendências -
favoráveis ou desfavoráveis – assim vêm como vão, ao
sabor de ventos e marés. Na verdade, se o ditado
popular reza que uma andorinha não faz a Primavera,
certo é que um janeiro não fará o ano turístico.
Cumprirá, pois, aos responsáveis pelo setor e
aos decisores políticos não apenas surfar a onda,
desenvolvendo hoje e sempre esforços coordenados no
sentido de semear para colher, através de
estratégias promocionais agressivas (no bom sentido)
e da criação de ambiciosas condições estruturais
para melhor receber quem nos procura.
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- n.45 • fevereiro 2023