Fernando Vieira

à Deriva

Fernando Vieira

Semear para colher

A julgar pelos dados recentemente vindos a público, 2023 começou de forma auspiciosa para o turismo algarvio, que pulverizou números com mais de duas décadas.

Segundo a insuspeita AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, a taxa de ocupação registada em janeiro transato ultrapassou todas as expetativas, batendo mesmo a frequência de turistas verificada durante período homólogo do excecional ano de 2001.

A surpresa foi de tal ordem que responsáveis pela associação confessaram mesmo ter contado e recontado as tabelas recebidas, não fosse dar-se o caso de alguém ter usado mal a calculadora. Em consequência, até a famigerada e crónica sazonalidade foi razoavelmente atenuada, para pasmo geral.

Tudo isto numa altura em que as conjunturas, nacional e internacional, se apresentam bastante reservadas, fruto de resquícios pandémicos e reflexos bélicos, nomeadamente a nível energético, para já não falar num sem-número de outras causas e efeitos, todos eles nefastos.

Portanto, e assim de repente, parece que o destino Algarve continua a fazer valer os seus atributos, que não são poucos, apesar de não se notar qualquer tipo de política concertada em prol do melhoramento infraestrutural desse poder de atração… que é essencialmente de natureza natural, passe a redundância.

Portanto, permitam-me não embandeirar em arco, já que ando por cá faz tempo e sei como esta coisa das tendências - favoráveis ou desfavoráveis – assim vêm como vão, ao sabor de ventos e marés. Na verdade, se o ditado popular reza que uma andorinha não faz a Primavera, certo é que um janeiro não fará o ano turístico.

Cumprirá, pois, aos responsáveis pelo setor e aos decisores políticos não apenas surfar a onda, desenvolvendo hoje e sempre esforços coordenados no sentido de semear para colher, através de estratégias promocionais agressivas (no bom sentido) e da criação de ambiciosas condições estruturais para melhor receber quem nos procura.

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