Fernando Vieira

à Deriva

Fernando Vieira

O sol quando nasce (não) é para todos

Como se não bastassem todas as agruras e vicissitudes que nos apoquentam no dia-a-dia, estamos a viver uma crise energética cada vez mais preocupante e sem solução à vista.

Receio mesmo que a componente económico/politicoide da coisa seja até muito mais grave que a redução – irreversível – dos recursos naturais, porque o ser humano é aquela besta irracional que tudo leva à frente em nome da sua ganância e egoísmo… e o resto das espécies que habitam o terceiro calhau a contar do sol não tem a menor capacidade de contrariar esta alucinante queda rumo ao precipício.

Vem tudo isto a propósito da obscena carestia das fontes energéticas mais comuns, como eletricidade, gasolina/gasóleo, gás natural, etecetera e tal.

Visivelmente apreensivo sobre o futuro próximo das minhas parcas economias, comecei a matutar sobre estratégias para atenuar o forte impacto da coisa. Embora me tenham vindo à ideia alguns truques, seguramente de resultados pífios, não é deles que vos quero escrever.

É que, no meio dessa reflexão, recordei-me de um lugar-comum que se popularizou bastante no início da década de 1990, quando o Algarve recebia jornadas dos Jogos Sem Fronteiras, esse programa televisivo que juntava representantes de localidades de vários países europeus e que chegou a ser líder de audiências.

Outros tempos, quando a região algarvia era promovida (com sucesso) por, alegadamente, ter 300 dias de sol por ano.

Exageros e facilitismos à parte, o foco desse chavão fez-me lembrar o potencial de energia solar que temos por cá, para o bem e para o mal.

No caso que me interessa sublinhar nesta crónica, é facto que dispomos de uma energia renovável sem fim à vista, sustentável e “saudável”, que pode ser explorada de forma ativa, através de painéis fotovoltaicos, ou passiva, pois não necessita de equipamento específico como a orientação de um prédio para o sol, permitindo a sua captura, conversão e distribuição.

Para além do aproveitamento que já se verifica em casas particulares e infraestruturas industriais, ainda de relevância bastante residual, imaginem só o uso generalizado da energia solar, por exemplo, nos veículos automóveis e afins, uma alternativa que vem merecendo crescente atenção por parte de algumas marcas de renome, que estão a equipar carros elétricos também com painéis solares, no sentido de poupar energia nas viagens e recarregar baterias.

Esta apenas uma de muitas outras possibilidades, uma vez que luz solar não nos falta o que falta mesmo é a vontade dos decisores em tirar real partido deste maná dos céus.

Haja alguém que medite nisto.