Fernando Vieira

à Deriva

Fernando Vieira

Remendos pelo ar

Passam este mês 57 anos sobre a entrada em funcionamento do Aeroporto Internacional de Faro, que muito recentemente ganhou o nome de Gago Coutinho, honrando este pioneiro da aviação lusa.

Nem de propósito, com o exponencial afluxo de turistas esperados por conta da época estival já em curso e dos importantes eventos que neste período animarão a região algarvia, é uma das infraestruturas aéreas alvo do plano de contingência “Verão IATA 2022” preparado pelo Ministério da Administração Interna (MAI), entrando no início de julho "na máxima afetação" de reforço de meios, a qual consagra "ajustamentos necessários", caso a respetiva monitorização semanal prevista os revele imprescindíveis.

Trocado por miúdos, isso significa que o ‘nosso’ aeroporto, cuja dimensão continua aquém do desejado, será alvo de especial atenção por parte do MAI, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), ANA — Aeroportos de Portugal e outras entidades relevantes no que diz respeito ao controlo das fronteiras externas da União Europeia, para garantir a segurança do Espaço Schengen e promover a fluidez no processamento dos passageiros que entram e saem do país por via aérea.

Apesar de ser uma exceção ao crónico desinvestimento que o Poder Central dedica ao Algarve, pois na última década beneficiou de intervenções de vulto, ainda assim o Aeroporto Gago Coutinho apresentou elevadas taxas de ocupação das boxes nos períodos considerados de pico logo após a entrada em vigor do tal plano, o que motivou tempos de espera bem superiores ao ideal e obstou a um processamento célere dos fluxos de passageiros.

Para colmatar a lacuna, o MAI reafetou para Faro 15 inspetores do SEF e mais uns quantos agentes da PSP, ao mesmo tempo que está a proceder à atualização e monitorização de algumas soluções tecnológicas, entre outras medidas avulsas, sendo que esta preocupação acrescida tem prazo de validade, pois a partir de setembro tudo voltará à ‘normalidade’, mal a pressão diminua.

Pressão essa, recordo, que tem pulverizado os sistemas aeroportuários na Europa e noutros pontos do mundo, o que se traduz de forma generalizada no cancelamento de voos, no aumento dos tempos de espera e noutras perturbações que afetam os aeroportos, as companhias de aviação e os passageiros.

Sempre em ascensão desde 2011, ao ponto de ultrapassar os nove milhões de passageiros no ano pré-pandemia (a que se seguiu quebra acentuada e compreensível de tráfego em 2020), o aeroporto algarvio continua a aguardar uma expansão à séria, perspetivando as próximas décadas, e não apenas soluções pontuais, que mais não são que apressados remendos.