Memórias do Futuro
Fábio d'Abadia de Sousa
Realeza britânica cria debate mundial sobre ética no fotojornalismo
- Partilhar 18/03/2024
Talvez sem querer, a família real
britânica tenha criado um debate mundial
sobre ética no fotojornalismo. Depois
que importantes agências mundiais se
recusaram a publicar a fotografia
adulterada da princesa de Gales, Kate
Middleton e filhos, passou-se a discutir
o excesso de adulteração de fotografias.
Que as pessoas modifiquem fotos em
caráter estritamente particular, tudo
bem! Mas quando uma imagem é alçada ao
nível de interesse da coletividade, as
adulterações com programas de edição de
fotografias têm que ser questionadas,
mesmo que envolvam assuntos
aparentemente fúteis, como a vida dos
membros da família real britânica.
As repercussões das edições na
fotografia de Kate Middleton e filhos
foram tão avassaladoras, que temos que
ser gratos à família real britânica por
pautar uma discussão séria e que não
poderia mais adiada, principalmente com
advento das tecnologias de Inteligência
Artificial (IA) e com a criação de
possibilidades de retoques e
manipulações praticamente imperceptíveis
aos leigos e, às vezes, até por
especialistas. Neste sentido, de onde
menos se imaginava veio uma esperança de
que o vale tudo na adulteração de
fotografias de caráter jornalístico não
será aceito, não importa quão poderosos
sejam os interesses por trás da
informação.
A decisão das
agências de notícias criou um basta, um
“enough is enough” e que soa quase como
decreto com jurisprudência em nível
mundial que deixa bem claro em seu
artigo 1º: O compromisso ético do
fotojornalismo é com a realidade dos
fatos e quem tentar subverter esta ordem
será punido com a exposição pública da
tentativa de manipulação de fotos e
fatos por meios de imagens falsamente
construídas.
É provável que este
evento humilhante protagonizado pela
família real britânica seja lembrado no
futuro como uma das maiores reações do
fotojornalismo ao excessivo uso de
adulterações de imagens na era das
tecnologias da informação. Ao vetar a
foto de Middleton e filhos, o
fotojornalismo reforça o seu compromisso
com a ética e, é claro, com a sua
própria sobrevivência na era das
notícias instantâneas e manipulações
infindáveis.
Freou-se uma corrida
rumo ao abismo da desinformação
disfarçada com sorrisos meigos e poses
de famílias e pessoas perfeitas! Em
respeito aos compromissos éticos do
fotojornalismo e do jornalismo em geral,
a verdade dos fatos deve prevalecer! E
parece que prevalecerá! Obrigado família
real britânica! Para algo de útil vocês
serviram!
- Ano V • 2024