
Memórias do Futuro
Fábio d'Abadia de Sousa
O brasileiro que é um tapa na cara dos norte-americanos
- Partilhar 14/02/2023

Um brasileiro está a
provocar um importante incômodo na política
dos Estados Unidos. Como ele está a fazer
isso? A Mentir! A mentir muito! A mentir
absolutamente quase tudo!!! Seu nome seria
(não se pode afirmar com certeza) Jorge
Santos, nativo do Rio de Janeiro e que
emigrou para Nova York há uns 20 anos. A
descoberta das suas mentiras começou pouco
depois que Santos foi eleito pelo Partido
Republicano para o Congresso estadunidense,
em novembro de 2022, quando o jornal The
New York Times publicou reportagem a
denunciar que as informações apontadas no
currículo de Santos, como faculdades
cursadas e empregos em renomadas
instituições financeiras, eram todas falsas.
Assim que a notícia começou a circular,
dezenas de outras inconsistências sobre a
vida privada e profissional do brasileiro
viraram manchetes na mídia, como o fato de
ele ter passado cheques sem fundo no Brasil
e até o chocante episódio de ele ter
arrecadado, pela internet, dinheiro para
tratamento de uma cadela com câncer e de ter
ficado para si com todo o montante doado por
pessoas comovidas com o drama do animal, que
acabou morrendo sem nenhuma assistência
médica.
Entre os absurdos inventados
pela mente de Santos estão também
outras histórias trágicas, como a
mentira de que sua mãe morreu na queda de
uma das torres do World Trade Center,
nos atentados de 11 de setembro de
2001, quando, na verdade,
a mulher estava a viver
saudável no Brasil. Para atrair os votos da
comunidade LGBTQIA+, Santos que se diz gay
assumido, afirmou que quatro de seus
funcionários teriam morrido num massacre com
arma de fogo ocorrido em 2016 num clube
noturno de Orlando (Flórida), quando um
homofóbico descendente de afegãos matou 50
pessoas e feriu 53. Os jornalistas
investigaram a informação e comprovaram que
ela era completamente falsa. Nesta mesma
linha, a mídia também constatou que eram
inverídicas as relações que Santos tentou
estabelecer com a comunidade judia de Nova
York, ao espalhar para os seus eleitores que
teve antepassados mortos em campos de
concentração na Alemanha durante a Segunda
Guerra Mundial. Ao ser pego nesta mentira,
Santos ressaltou que nunca disse que era
judeu, mas que teria afirmado apenas que era
“jew-ish”, expressão que significa mais ou
menos “simpatizante da causa judia”.
Revoltados, os eleitores de Santos passaram
a fazer manifestações e a pedir a sua
renúncia, algo que ele afirmou não ter a
menor intenção de fazer. O que talvez
poderia resultar na cassação do mandato do
político nascido no Brasil seria a
comprovação de denúncias de que ele teria
recebido de maneira irregular quase um
milhão de dólares de um suposto oligarca
russo para fazer sua campanha rumo ao
Capitólio, o Congresso dos Estados Unidos.
Mas será que colegas do Partido Republicano
estariam dispostos a cassar Santos? Tal
partido, depois da eleição de Donald Trump,
ficou estigmatizado como o abrigo perfeito
para mentirosos, extremistas e
inescrupulosos de todos os tipos.
A
verdade é que a eleição de Santos fornece
uma grande oportunidade de reflexão para os
norte-americanos. Querem eles continuar a
eleger pessoas sem compromissos éticos
mínimos para representá-los? Neste sentido,
Santos é um tapa na cara de todo o país, mas
que oferece a oportunidade de os cidadãos
pensarem bem se querem continuar a votar em
políticos mentirosos. O tempo dirá se a
mentira voltará ou não a ser algo
constrangedor nos Estados Unidos!
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- n.45• fevereiro 2023