Fábio d'Abadia de Sousa

Memórias do Futuro

Fábio d'Abadia de Sousa

O brasileiro que é um tapa na cara dos norte-americanos

Um brasileiro está a provocar um importante incômodo na política dos Estados Unidos. Como ele está a fazer isso? A Mentir! A mentir muito! A mentir absolutamente quase tudo!!! Seu nome seria (não se pode afirmar com certeza) Jorge Santos, nativo do Rio de Janeiro e que emigrou para Nova York há uns 20 anos. A descoberta das suas mentiras começou pouco depois que Santos foi eleito pelo Partido Republicano para o Congresso estadunidense, em novembro de 2022, quando o jornal The New York Times publicou reportagem a denunciar que as informações apontadas no currículo de Santos, como faculdades cursadas e empregos em renomadas instituições financeiras, eram todas falsas. Assim que a notícia começou a circular, dezenas de outras inconsistências sobre a vida privada e profissional do brasileiro viraram manchetes na mídia, como o fato de ele ter passado cheques sem fundo no Brasil e até o chocante episódio de ele ter arrecadado, pela internet, dinheiro para tratamento de uma cadela com câncer e de ter ficado para si com todo o montante doado por pessoas comovidas com o drama do animal, que acabou morrendo sem nenhuma assistência médica.

Entre os absurdos inventados pela mente de Santos estão também  outras histórias trágicas, como a mentira de que sua mãe morreu na queda de uma das torres do World Trade Center,  nos atentados de 11 de setembro de 2001, quando,  na verdade, a mulher estava  a viver saudável no Brasil. Para atrair os votos da comunidade LGBTQIA+, Santos que se diz gay assumido, afirmou que quatro de seus funcionários teriam morrido num massacre com arma de fogo ocorrido em 2016 num clube noturno de Orlando (Flórida), quando um homofóbico descendente de afegãos matou 50 pessoas e feriu 53. Os jornalistas investigaram a informação e comprovaram que ela era completamente falsa. Nesta mesma linha, a mídia também constatou que eram inverídicas as relações que Santos tentou estabelecer com a comunidade judia de Nova York, ao espalhar para os seus eleitores que teve antepassados mortos em campos de concentração na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Ao ser pego nesta mentira, Santos ressaltou que nunca disse que era judeu, mas que teria afirmado apenas que era “jew-ish”, expressão que significa mais ou menos “simpatizante da causa judia”.

Revoltados, os eleitores de Santos passaram a fazer manifestações e a pedir a sua renúncia, algo que ele afirmou não ter a menor intenção de fazer. O que talvez poderia resultar na cassação do mandato do político nascido no Brasil seria a comprovação de denúncias de que ele teria recebido de maneira irregular quase um milhão de dólares de um suposto oligarca russo para fazer sua campanha rumo ao Capitólio, o Congresso dos Estados Unidos. Mas será que colegas do Partido Republicano estariam dispostos a cassar Santos? Tal partido, depois da eleição de Donald Trump, ficou estigmatizado como o abrigo perfeito para mentirosos, extremistas e inescrupulosos de todos os tipos.

A verdade é que a eleição de Santos fornece uma grande oportunidade de reflexão para os norte-americanos. Querem eles continuar a eleger pessoas sem compromissos éticos mínimos para representá-los? Neste sentido, Santos é um tapa na cara de todo o país, mas que oferece a oportunidade de os cidadãos pensarem bem se querem continuar a votar em políticos mentirosos. O tempo dirá se a mentira voltará ou não a ser algo constrangedor nos Estados Unidos!

...mais textos de Fábio d'Abadia de Sousa