Afonso Dias

reflexões in verso

Afonso Dias

vem aí...

vem aí...

não será ainda o tempo
das fanfarras

virão talvez serôdias
as cerejas

serão mais duvidosas
as certezas

há que ter afinadas
as guitarras

cavalo peado não trota
no cascalho

dá-lhe rédea alumia-lhe
o caminho

uma côdea e uma lasca
de toucinho

acalentam em estradas
e atalhos

se é muito o frio veste
a roupa velha

da que te vem do tempo
dos reis magos

mas aos filhos não faltes
com os afagos

de algodão e linho
e lã de ovelha

e de ternura nas mãos
plena e clara

lambuza-te sem temor
do exagero

perfuma a cama e a açorda
com o (melhor) tempero

para a vida que aí vem
e é tão severa