Afonso Dias

reflexões in verso

Afonso Dias

das efemérides

das efemérides

a bosta comendada é tentadora
o vislumbre da mama é sedutor
escorre baba a gula desalmada
mas está tão cara a vida sô doutor
é chapa ganha e gasta sobra nada
mas há sargos na cova do vapor
talvez ajeite a janta se os catar
tenho é que aprender a esbracejar
e treinar as braçadas um bocado
pode ser que atravesse o tejo a nado
e ainda chegue ao resto de repasto
a reforma espreme-me a coragem
e a algibeira rota é uma aragem
que espalha espirros pelo peito fora
o carrocel parou pois é agora
que eu vou dar a voltinha já fechada
o algodão doce não me sabe a nada
nem lembranças me vêm de namorar
quando a falta que fazia era cantar

vou é ao mar da palha mijar de alto
e a segurança social tomar de assalto
pode ser que venha o euromilhões
e ainda me vão ver nas digressões

ah faz anos o 25 de novembro
ena com caneco grande assombro
com tanta trapalhada mal me lembro
da elke sim a alemã acolhedora
cantava-se então a guantanamera
e comia-se arroz para a caganeira

ora nova corrida nova metáfora
que sempre se aprende outra maneira