Myriam Jubilot de Carvalho

Por Ondas do Mar de Vigo

Myriam Jubilot de Carvalho

A Guitarra

A palavra GUITARRA vem do Grego KITHARA - κιθάρα.
Diz-se em geral que a GUITARRA é o resultado da milenar evolução da KITHARA, e esta por sua vez, era uma LIRA (λύρα) que tinha evoluído e crescido em dimensão e fabrico – era uma lira em ponto grande, e em madeira, tendo o número de cordas subido para 15 ou mesmo para 18.
A LIRA comportava 3, 5 ou 7 cordas, e a caixa de ressonância era uma carapaça de “tartaruga”. As cordas da lira eram fabricadas a partir de tendões.
Por vezes, torna-se difícil encontrar o equivalente para certos termos. Em inglês ou francês, leio que a caixa de ressonância da lira era uma carapaça de “tortue”.
“Tortue” significa genericamente, tartaruga, como se sabe. Pelo que tanto se refere às tartarugas marinhas, grandes como é sabido, como às tartarugas de água doce, muito mais pequenas...
Penso que a caixa de ressonância da lira da Antiguidade, que era um instrumento de pequena dimensão, seria feita de uma carapaça de algum animal semelhante às tartarugas... mas seria um animal pequeno; e a concavidade era tapada por pele de vaca bem estendida.

Na cítara (KITHARA), a caixa de ressonância era em madeira, e os braços, frequentemente, eram em marfim.
No entanto a GUITARRA vem de muito mais longe. Vem da CÍTARA dos Egípcios. Mas era de origem asiática. A cítara egípcia podia ter de 5 a 18 cordas.
Também os egípcios tinham uma espécie de cítara que passou à tradição ÁRABE, o TAMBOURAH.

A Poesia de carácter pessoal, de expressão e expansão dos sentimentos, é designada como POESIA LÍRICA exatamente porque era acompanhada pela Lira. Poesia e Música são certamente irmãs gémeas – ou antes, irmãs siamesas! Nasceram juntas, uma a acompanhar a outra.

Estes instrumentos estão documentados em pinturas, as mais variadas, ou são visíveis nas esculturas... Mas não pertencem aqui ou ali, a uma ou outra cultura... Eram comuns às diferentes culturas da Antiguidade, e apresentavam muitas variantes. A Música, tal como a Poesia ou as outras artes, não tinha fronteiras. Podia apresentar características próprias em diferentes regiões, mas não tinha fronteiras. Tal como hoje.
Gosto de olhar as Artes e vê-las em perspectiva, desde a sua origem imemorial. Os instrumentos musicais são um dos muitos testemunhos de que o ser humano é dotado de sensibilidade, desde sempre! E é esse legado de sensibilidade que nos cumpre preservar, e nos salva da barbárie – que, infelizmente, também faz parte da natureza humana, mas que temos que constantemente educar e re-educar...