Fernando Correia

Crónica

Fernando Correia

DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA

Os países de cultura lusófona celebram a 5 de Maio a língua portuguesa, uma das mais faladas no Mundo, estimando a UNESCO e a CPLP que mais de 265 milhões de pessoas se sirvam do português para comunicarem entre si e para legarem ao Mundo um manancial de cultura, expressa pela história, pelos livros, pelos feitos, pelas raízes, pela memória de uma cultura única e universal.
Tinha razão Fernando Pessoa.
Tiveram razão todos os que a escreveram em Portugal, no Brasil, em Moçambique, Angola, Cabo Verde ou São Tomé.
Mesmo em Timor, Índia ou Guiné.
E antes de Pessoa tinham razão Camões, António Vieira e os que ajudaram a edificar este imenso edifício solidário que projectou o Quinto Império e deixou povos comuns à beira da mesma Pátria.
E ainda que seja importante respeitar os territórios, as fronteiras, os costumes, tradições e história, não é menos relevante dizer que a língua portuguesa serviu para edificar uma pátria comum, como muito bem disse Fernando Pessoa: a minha pátria é a língua portuguesa!
Que pena, então, os atropelos, os acordos sem acordo, a ortografia deficiente, o descuido na fala, o desencontro na construção linguística, a distorção vocabular!...
A televisão seria uma boa forma de ensinar, a imprensa escrita de corrigir, a Escola de formar, os livros de construir, mas para tanto seria necessário que houvesse disponibilidade para respeitar a beleza da língua portuguesa, dando – lhe o doce da pronúncia e o mel do conceito, unidos pela forma única de dizer saudade no respeito pela partida, sempre à espera da chegada, como se o Mundo começasse na palavra mãe e terminasse na palavra amor, para definir uma existência de paz e um doce embalo de purificação espiritual.
Mas não.
Nestas coisas dos sábios há sempre quem se queira arrastar pelos caminhos de uma discutível notoriedade, estabelecendo regras que adulteram a verdade e a vontade, não respeitando o povo que fez a língua, nem os obreiros da palavra que a escreveram e a pensaram em páginas e páginas de história literária cobertas pela poeira do tempo, mas disponíveis para o reencontro da prosa e da poesia com a verdade de quem nasceu, embalado pela cadência única da língua portuguesa, no seu berço da lusofonia.
É em Maio que se celebra a língua portuguesa e se projectam a sua grandeza e a sua importância.
Maio. Mês de Maria.
Mês de mãe. E da rosa das descobertas.
Da que trazemos ao peito, guardada numa redoma de esperança, depois de vermos transformado o Cabo das Tormentas em Cabo da Boa Esperança.
A Rosa de Santa Maria também é uma flor da língua portuguesa.
Está no coração de quem a ama.

FERNANDO CORREIA
(Jornalista)
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