Crónica
Fernando Correia
DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
- Partilhar 05/05/2023
Os países de cultura
lusófona celebram a 5 de Maio a língua
portuguesa, uma das mais faladas no Mundo,
estimando a UNESCO e a CPLP que mais de 265
milhões de pessoas se sirvam do português
para comunicarem entre si e para legarem ao
Mundo um manancial de cultura, expressa pela
história, pelos livros, pelos feitos, pelas
raízes, pela memória de uma cultura única e
universal.
Tinha razão Fernando Pessoa.
Tiveram razão todos os que a escreveram em
Portugal, no Brasil, em Moçambique, Angola,
Cabo Verde ou São Tomé.
Mesmo em Timor,
Índia ou Guiné.
E antes de Pessoa tinham
razão Camões, António Vieira e os que
ajudaram a edificar este imenso edifício
solidário que projectou o Quinto Império e
deixou povos comuns à beira da mesma Pátria.
E ainda que seja importante respeitar os
territórios, as fronteiras, os costumes,
tradições e história, não é menos relevante
dizer que a língua portuguesa serviu para
edificar uma pátria comum, como muito bem
disse Fernando Pessoa: a minha pátria é a
língua portuguesa!
Que pena, então, os
atropelos, os acordos sem acordo, a
ortografia deficiente, o descuido na fala, o
desencontro na construção linguística, a
distorção vocabular!...
A televisão seria
uma boa forma de ensinar, a imprensa escrita
de corrigir, a Escola de formar, os livros
de construir, mas para tanto seria
necessário que houvesse disponibilidade para
respeitar a beleza da língua portuguesa,
dando – lhe o doce da pronúncia e o mel do
conceito, unidos pela forma única de dizer
saudade no respeito pela partida, sempre à
espera da chegada, como se o Mundo começasse
na palavra mãe e terminasse na palavra amor,
para definir uma existência de paz e um doce
embalo de purificação espiritual.
Mas
não.
Nestas coisas dos sábios há sempre
quem se queira arrastar pelos caminhos de
uma discutível notoriedade, estabelecendo
regras que adulteram a verdade e a vontade,
não respeitando o povo que fez a língua, nem
os obreiros da palavra que a escreveram e a
pensaram em páginas e páginas de história
literária cobertas pela poeira do tempo, mas
disponíveis para o reencontro da prosa e da
poesia com a verdade de quem nasceu,
embalado pela cadência única da língua
portuguesa, no seu berço da lusofonia.
É
em Maio que se celebra a língua portuguesa e
se projectam a sua grandeza e a sua
importância.
Maio. Mês de Maria.
Mês
de mãe. E da rosa das descobertas.
Da
que trazemos ao peito, guardada numa redoma
de esperança, depois de vermos transformado
o Cabo das Tormentas em Cabo da Boa
Esperança.
A Rosa de Santa Maria também é
uma flor da língua portuguesa.
Está no
coração de quem a ama.
FERNANDO CORREIA
(Jornalista)
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- n.48 • maio 2023