Memórias do Futuro
Fábio d'Abadia de Sousa
Precisamos falar mais sobre a morte
- Partilhar 10/02/2022
Para a ciência, a morte
encerra completamente a existência de um ser
humano. E não há mais o que se discutir
sobre o assunto! Mas, para o restante da
humanidade, desde as primeiras civilizações
que já existiram, a morte é apenas o começo
de uma outra ou várias outras existências! E
a internet, que tantas revoluções nos
trouxe, também começa a ampliar discussões
sobre a morte fora das orientações
convencionais das religiões e,
principalmente, longe da fria objetividade
da academia e da imparcialidade dos
cientistas.
Se, para a ciência,
ninguém voltou da morte para provar que há
algo depois da falência dos órgãos humanos
que possibilitam a vida, para alguns grupos
de pessoas espalhados pelos quatro quantos
do mundo e unidos pelas publicações em
páginas da internet, o retorno do mundo dos
mortos é algo talvez um tanto corriqueiro.
Estamos a falar das Experiências de Quase
Morte, conhecidas no Brasil pela sigla EQM
(Experiências de Quase Morte) e, no mundo de
língua inglesa, chamadas de NDE (Near Death
Experiences). Trata-se de relatos de pessoas
que afirmam que, enquanto desacordadas ou em
estado de coma, teriam morrido por alguns
instantes, horas, dias e até meses, mas que,
ao recobrarem a consciência, lembrariam de
experiências que supostamente teriam vivido
enquanto jaziam inconscientes.
Acho
impossível não se impressionar com alguns
desses relatos. Em um deles, uma paciente
terminal, vítima de um câncer que se
espalhou por todo o seu corpo, narra que,
enquanto a família era convocada ao hospital
para despedir-se dela pela última vez (acho
que não há redundância aqui), ela entrou em
estado de coma e, durante este período, ela
conta que foi levada a uma outra dimensão,
na qual teve acesso a entidades de luz que
fizeram com que ela refletisse sobre o que a
levou à doença que a matava. Um dos motivos,
segundo ela, foi a quase total falta de amor
próprio o que a arrastou para o seu fim
sofrido. Mas, ao conversar com entidades de
luz e alguns parentes já falecidos, ela
entendeu que poderia voltar à vida e fazer
tudo diferente. Então, ela acordou do coma e
o câncer que ceifava a sua existência passou
a regredir de maneira inexplicável e, em
poucas semanas, ela se recuperou
completamente. E, então, passou a viver uma
vida sem medo e com muito amor para si
própria e para as outras pessoas que a
cercavam. A questão do medo também foi muito
enfatizada por ela. Quem vive cheio de
temores, segundo ela, jamais conseguirá
usufruir plenamente da sua existência. Eu
optei por não colocar o nome de pessoas, mas
sugiro que alguém que tenha interesse em
conhecer mais sobre o assunto apenas vá ao
Google e digite as siglas aqui citadas. Os
nomes estão todos lá. A maioria dos relatos
está em língua inglesa, mas há alguns canais
sobre o assunto em língua portuguesa também.
Os relatos de experiências de quase
morte têm muito em comum. A maioria fala de
contatos com seres de muita luz ou com
parentes já falecidos, de conversas
telepáticas, de experimentações de toda a
existência vivida (espécie de filme da
vida), de cores e sons não existentes na
Terra, e de uma sensação de recebimento de
afeto, amor e acolhimento impossíveis de
serem na vida como a conhecemos. Sabemos
que, muitas vezes, as nossas emoções e
sensações são intensificadas em nossos
sonhos. Mas as pessoas que relatam situações
de quase morte não admitem que o que
experimentaram foram apenas sonhos, pois,
segundo elas, é algo “real, nítido e claro
demais” para ser algo simplesmente onírico.
Essas pessoas também falam que as EQMs
modificam completamente suas vidas quando
retornam para as suas rotinas. Algumas dizem
que ficam mais religiosas, outras se tornam
mais sensíveis ao sofrimento dos outros,
inclusive animais, e a maioria afirma perder
completamente o medo da morte, pois o que
parece macabro para a maioria da humanidade,
para os experimentadores de EQM, é motivo de
regozijo. Para eles, a ideia assustadora de
morte, como uma espécie aniquilamento total
da existência, desaparece. Eles afirmam que
ninguém morre e que apenas voltamos para
casa e para a nossa essência e que ela pode
ser plena e sem sofrimentos, desde que
aprendamos as lições que a vida terrena
proporciona. Quem não aprendeu, poderá ter
outra oportunidade ao reencarnar e voltar em
outro corpo diferente, mas com as mesmas e
novas lições a serem cumpridas.
Neste sentido, as EQMs parecem confirmar o
que a maioria das religiões apregoam sobre o
que seria o pós-vida, principalmente a
doutrina espírita. Então, será que as
religiões estariam certas? Só vamos saber
quando morrermos! Ou, para quem tiver o
privilégio, quando vivenciarmos uma
experiência de quase morte! Se vivenciarmos!
Eu não tive esta sorte ainda! E nem sei se
gostaria de ter! Mas sinto fortemente, do
fundo do meu ser, assim como a maioria da
humanidade, que parece haver uma continuação
após a morte! Os cientistas e acadêmicos
discordam! Eu não incluí aqui os
assumidamente ateus e agnósticos convictos,
porque, na minha opinião, são as pessoas
mais espiritualizadas que conheço! Para mim,
o que os cientistas pensam da morte pouco
importa! Há tantos fatos que a ciência não
sabe explicar! Estamos envoltos em tantos
mistérios! A própria vida, que é algo
palpável, a ciência não sabe explicar! Como
vai saber explicar a morte!
- n.33 • fevereiro 2022