A razão por meio da ciência

Fabiano Agrela Rodrigues

INSETICIDAS NEONICOTINÓIDES CAUSAM COMPORTAMENTOS E DISFUNÇÕES SEMELHANTES AO TRANSTORNO DO ASPETO AUTISTA

O professor da universidade japonesa de Hokkaido, Prof. Dr. Toshiya Matsushima, descobriu que os inseticidas conhecidos como neonicotinóides, em especial o mais utilizado no mundo, o imidacloprido (IMI), causa comportamentos semelhantes ao transtorno do aspeto autista (TEA).

Para isso, utilizaram-se produtos que atuam nos receptores nicotínicos de acetilcolina (nAChRs), como no caso do IMI. Os testes foram realizados nas crias da espécie, Gallus gallus domesticus, popularmente conhecidos como pintinhos. A escolha se deve pelo fato de que os animais de laboratório, como os ratos, não apresentam este comportamento relacionado ao TEA naturalmente, ao contrário dos pintinhos. Os filhotes dessa espécie, neste caso, podem ser comparados aos neonatos humanos.

O objetivo do estudo foi testar a hipótese de que estes produtos causam estes comportamentos semelhantes ao TEA, pois os movimentos fetais podem ser determinantes para o desenvolvimento. Neste transtorno é observado haver um retardo, lentidão neurológica que afeta a preferência dos recém-nascidos por objetos animados, configuração facial e movimentos biológicos (BM), causando a formação do apego social. Os bebés ao nascerem têm isso fortemente enraizado, assim como os pintinhos.

Para provar que a hipótese é válida, os pesquisadores injetaram na superfície da casca do ovo as substâncias neonicotínoides, sempre ao ouvirem os movimentos do feto no ovo. Como esperado, as substâncias reduziram os movimentos biológicos, mas sem alterar a memória imprinting, relacionada ao comportamental aprendido naturalmente, como o reconhecer a mãe.

Foi testado a bumetanida, uma droga utilizada no tratamento de TEA, que curiosamente também é utilizada no controle da hipertensão e doenças renais. Ela foi injetada nos pintinhos, o que os fez retomar os movimentos biológicos. Contudo, a interrupção dos movimentos fetais não fora determinante para afetar BM, a causa confirmada é os produtos que agem no nAChRs.

Os efeitos em humanos podem ser semelhantes. Isso significa que bebés podem desenvolver o mesmo retardo em BM, se expostos a estes produtos durante a gravidez.

Com a semelhança fenótipa entre humanos e pintinhos, um conceito de genética que engloba um conjunto de características morfológicas e fisiológicas, os pintinhos são promissores para estudar o TEA em humanos. O uso destes agrotóxicos causa efeitos epigenéticos, que é quando o indivíduo, ao ser exposto a uma situação do ambiente, seja ele propriamente ou por antecessores, ativa genes correspondentes a transtornos, doenças ou características, que neste caso é semelhante ao TEA.

Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues,
Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International