Fabiano de Abreu

A razão por meio da ciência

Fabiano Agrela Rodrigues

O sequestro da amígdala:
Como se pode formatar uma sociedade inconsciente

A terminologia "sequestro da amígdala" pretende identificar que temos uma estrutura antiga no nosso cérebro, a amígdala, sendo que esta é projetada para responder rapidamente a uma ameaça.

Mesmo que o objetivo primário seja proteger-nos do perigo e das ameaças, ela pode intrometer-se nas nossas ações no mundo moderno, onde as ameaças geralmente são mais subtis por natureza.

Quando vê, ouve, toca ou saboreia algo, essa informação sensorial vai primeiramente para o tálamo, que atua como estação de retransmissão do cérebro. Seguidamente, este retransmite essa informação para o neocórtex (o “cérebro pensante”). Já no neocórtex as informações são enviadas para a amígdala (o “cérebro emocional”) que produz a resposta emocional que considera apropriada.

Contudo, quando enfrentámos uma situação que é interpretada como uma ameaça, o tálamo envia informações sensoriais tanto para a amígdala quanto para o neocórtex. Se a amígdala sentir o perigo, esta toma uma decisão muito rapidamente, em frações de segundo, para iniciar a resposta de luta ou fuga antes que o neocórtex tenha tempo de anulá-la.

Esta catadupa de eventos acaba por desencadear a libertação de hormónios relacionados com o stress, incluindo os hormónios epinefrina (também conhecido como adrenalina) e cortisol.

Esses hormónios dispõem o corpo para reagir ou fugir, aumentando a frequência cardíaca, elevando a pressão arterial e ampliando os níveis de energia, entre outras coisas.

Embora muitas das ameaças que enfrentamos hoje sejam simbólicas, evolutivamente, os nossos cérebros progrediram para lidar com ameaças físicas que colocavam em causa a nossa sobrevivência que impunham uma resposta rápida. Como resultado, o nosso corpo ainda responde com mudanças biológicas que nos preparam para lutar ou fugir, mesmo que não haja uma ameaça física real que tenhamos de enfrentar.