Fabiano de Abreu

A razão por meio da ciência

Fabiano Agrela Rodrigues

Estudo com ratinhos comprova que sentimento de solidão está ligado à hormona amilina

Os resultados do estudo determinam que a amilina é o protagonista no cérebro, necessário para detectar e buscar contactos sociais.

Buscando entender a base neural da solidão, que já era percebida antes do confinamento durante a pandemia de Covid-19 por causa da cultura tecnológica e das redes sociais, uma pesquisa liderada por Kansai Fukumitsu da RIKEN Center for Brain Science (CBS) no Japão, encontrou um indicador molecular e regulador do isolamento social em ratinhos de laboratório fêmeas.

Tendo em vista que a solidão é um problema que precisa de atenção, é necessário entender melhor o estudo e de que forma ele poderia interferir nos humanos, após encontrarmos similaridades na memória primitiva, burla de código genético e processo evolutivo. Está determinado em nosso código genético a necessidade de interação e quando burlamos esta determinação, sofremos consequências que podem elevar a ansiedade e trazer danos para a saúde mental.

O novo estudo relata que o comportamento de busca de contato social em ratinhos de laboratório é impulsionado pelo peptídeo amilina, um hormônio amiloidogênico sintetizado e co-secretado com insulina pelas células β pancreáticas, na área pré-óptica medial (MPOA) do prosencéfalo, e que estar sozinho diminui a quantidade de amilina nessa região do cérebro.

A sinalização do receptor de amilina-calcitonina (Calcr) na área pré-óptica medial (MPOA) medeia contactos sociais afiliativos entre ratinhos de laboratório fêmeas adultas. Após o isolamento, a primeira reação foi a busca pelos contactos, depois comportamentos depressivos, ansiedade, em paralelo a perda da expressão do mRNA da amilina no MPOA. Isso quer dizer que a socialização física ativa os neurônios que expressam amilina e Calcr e leva a uma recuperação da expressão do mRNA da amilina.

Cientistas desde Darwin já vinculavam essa afiliação social como evolutivo do cuidado parental. Os resultados do estudo determinam que a amilina é o protagonista no cérebro necessário para detectar e buscar contatos sociais.

Os pesquisadores descobriram que seis dias de isolamento levaram ao desaparecimento quase completo da amilina, que voltou ao normal duas semanas depois que os ratinhos de laboratório se reuniram com seus companheiros de gaiola. Isso leva-nos a pensar sobre como o confinamento, assim como a falta de interação, pode prejudicar a homeostase e a outros problemas que afetam a saúde mental.