
A razão por meio da ciência
Fabiano de Abreu Rodrigues
Estamos vivendo um coletivo de transtorno de personalidades dramáticas
- Partilhar 13/09/2021
Fatores sociais, hábitos do cotidiano, uso
exacerbado de aparelhos tecnológicos,
estresse, conflitos pessoais, além, é claro,
de fatores genéticos, podem alterar o
funcionamento do cérebro. Apesar de estar
sempre em mudança e em busca de adaptações,
os transtornos de personalidade que afetam
diretamente esse órgão, como o narcisista e
o histriônico, eram vistos pela ciência
apenas como patológicos inatos, ou seja,
nasciam com a pessoa. Porém, um estudo
recente questionou a tese e comprovou que,
assim como outros transtornos de
personalidade, tais distúrbios podem ser
decorrentes de fatores adquiridos, inclusive
na fase adulta e relacionado com esses
hábitos.
Vale ressaltar que o
transtorno de personalidade pode ser natural
ou patológico, levando a outras vertentes
que prejudicam a saúde mental, bem como a
expressão comportamental em sociedade. O
estudo "Neuropersonalidade e neuroterapia"
mapeou esses comportamentos e os
neurotransmissores relacionados a cada um
deles, criando assim, um tipo de terapia
personalizada e baseada no perfil bioquímico
do paciente.
Os neurotransmissores
são mensageiros químicos que podem
transmitir, estimular e equilibrar os sinais
entre os neurônios ou outras células do
corpo e esses bilhões de mensageiros
químicos podem afetar uma variedade de
funções físicas e psicológicas como
frequência cardíaca, apetite, sono, medo,
emoções respiração, aprendizagem,
concentração entre outras diversas funções.
A partir de conhecimentos prévios e de
relatos de pacientes, foi criada a chamada
neuroterapia, um tratamento personalizado
com o determinante bioquímico, ou seja, os
neurotransmissores específicos a cada
personalidade. Todos os neurotransmissores
estão envolvidos em processos que resultam
na personalidade. A rede neural é conectada
e o mau funcionamento de um neurotransmissor
pode acarretar mau funcionamento de outros.
Ou seja, foi comprovado o que já havia sido
previamente revelado pela neuroplasticidade,
onde novas conexões são formadas, formatando
assim uma personalidade relacionada às
disfunções no sistema límbico do cérebro
acarretando em transtorno de personalidades
dramáticas, como Borderline, Histriônica,
Narcisista, entre outros.
Há,
atualmente, um coletivo de transtornos de
personalidades dramáticas que tem como
alguns sintomas: se fazer de vítima, pensar
ter razão o tempo todo, não buscar
conhecimento pleno, manipulação,
incoerência, memória prejudicada,
dificuldade no foco atencional, oscilações
de humor, selecionar culpados sem analisar a
si mesmo, falta de empatia, tentar chamar a
atenção, provocadores, sensação de
merecimento, inveja, arrogância, entre
outros.
A teoria da neuroterapia foi
criada com o determinante bioquímico, ou
seja, com foco nos neurotransmissores
específicos à personalidade, já que está
relacionada aos agentes bioquímicos que
conduzem todo o funcionamento para todos os
processos relacionados ao comportamento.
A neuropersonalidade é uma neuroanatomia
da construção da subjetividade, como
identidade; e a neuroterapia um processo
terapêutico que visa uma melhor eficácia
trabalhando diretamente na razão, no foco ou
nas nascentes originárias que resultam em
síndromes, transtornos ou doenças. Porém, há
obstáculos para o tratamento de transtornos
com vínculo narcisista pela falta de
consciência do paciente. Assim como a
permanência da razão abstrata, a construção
de uma realidade paralela e ficcional por
parte de pacientes acometidos por
Transtornos de Personalidade.
Deste
modo, o tratamento direcionado aos traços
característicos destas personalidades e aos
neurotransmissores específicos pode, junto a
assertividade dos processos terapêuticos,
trazer uma eficácia em um período menor,
simplificando o tratamento. Principalmente
quando levamos em conta o fator ansiedade,
que contribui para a falta de colaboração do
paciente, como também pelo fato de pessoas
com transtornos necessitarem de uma visão
clara do resultado para não haver uma
desistência do tratamento. O tipo de manejo
com protocolo determinado para cada tipo de
transtorno garante o engajamento do
paciente, assegurando com isso o sucesso do
método Neuroterapia.
Saiba mais aqui:
https://www.ijmcer.com/wp-content/uploads/2021/09/IJMCER_BB0340271279.pdf
- n.28 • setembro 2021