Culturas Fílmicas
Géneros de Hollywood
- PDF 24/04/2022
Quando um filme
é rotulado de western, musical ou
comédia romântica, as audiências têm
certos preconceitos ou expectativas
acerca do género, ou tipo de filme.
Apesar de, dentro de cada categoria, os
filmes diferirem em muitos aspetos, há
padrões reconhecíveis em termos de
temática, época e cenário, enredo e no
seu uso da iconografia, ou símbolos, e
do tipo de personagens retratadas.
O conceito de género começou
durante o período de consolidação dos
estúdios de Hollywood. Ajudava às
decisões da produção e tornava o filme
mais acessível ao mercado. Além disso,
durante os anos dourados de Hollywood,
quando os estúdios recusavam centenas
de filmes a um ritmo crescente, o
conceito fornecia aos argumentistas um
modelo por onde trabalhar.
Cada
estúdio especializava-se num género
específico: Universal (terror), Warner
Bros. (gangsters), MGM (musical) e
Paramount (comédia). Alguns
realizadores ficaram ligados a um
género: John Ford (westerns), Cecil B.
DeMille (épicos), Alfred Hitchcock
(thrillers), Vincent Minnelli
(musicais) e Douglas Sirk (melodramas).
Mas era às estrelas que o público mais
associava certo tipo de filmes: James
Cagney, Edward G. Robinson (gangsters),
Joan Crawford, Barbara Stanwyck
(melodramas), Fred Astaire, Betty
Grable (musicais), John Wayne, Randolph
Scott (westerns) e Boris Karloff, Bela
Lugosi (terror). Os atores estavam tão
ligados a certos géneros que era um
acontecimento quando se afastavam da
norma. "Garbo, ri-se!" foi a
publicidade para o filme Ninotchka
(1939) de Ernst Lubitsch, que preparava
as audiências para aceitarem Greta
Garbo, anteriormente vista apenas em
melodramas, para a comédia.
Atualmente, os géneros e os atores
tornaram-se mais flexíveis, apesar de
que estrelas como Bruce Willis e
Sylvester Stallone terem permanecido
ligadas na mente do público a filmes de
ação e Jim Carrey e Adam Sandler a
comédias. Ainda há realizadores que se
especializam em certos géneros: John
Hughes em filmes de adolescentes, Woody
Allen em comédias, John Woo em filmes
de ação e Wes Craven em filmes de
terror. Ao longo dos anos, as
convenções aceites tornaram-se clichés,
como o bom cowboy e o vilão a travarem
um duelo numa rua poeirenta. Por isso
os géneros tradicionais começaram a ser
reinterpretados, desafiados ou
satirizados. Os westerns de Sam
Peckinpah e Sergio Leone podem ser
apelidados de revisionistas, assim como
os filmes negros dos Irmãos Coen. As
audiências estão suficientemente
familiarizadas com os géneros para
apreciarem sátiras como Balbúrdia no
Oeste (1975).de Mel Brooks ou os filmes
de Austin Powers de finais dos anos 90,
realizados por Jay Roach. Apesar do
cinema de autor (a expressão pessoal de
um realizador) ser a antítese do cinema
de género, realizadores como Jean-Luc
Godard, Jean-Pierre Melville ou Wong
Kar-Wai usaram géneros estabelecidos.
Adaptado a partir de um texto de Ronald Bergan.