Francisco Gil

Contemplações

Francisco Gil

Jean-Léon Gérôme:
Um artista académico de sucesso

Jean-Léon Gérôme foi um pintor e escultor francês conhecido pelo seu estilo académico e altamente detalhado e pelas suas representações de temas históricos e orientalistas.

Jean-Léon Gérôme foi uma figura de destaque no panorama da arte académica do século XIX e o seu trabalho foi muito popular durante a sua vida, influenciando as gerações seguintes de artistas com a sua técnica precisa e atenção ao pormenor, embora essa abordagem começasse a ficar fora de moda após a sua morte. 

A infância. Jean-Léon Gérôme, filho de um joalheiro, nasceu em Vesoul, uma cidade da província francesa (departamento) de Haute-Saône, em 1824. Desde cedo se revelou uma criança estudiosa e inteligente, estudando história, grego e latim durante os anos do liceu. Aprendeu a desenhar com o pintor neoclássico Claude Basil Carriage, que por sua vez tinha sido ensinado por Jean-Auguste-Dominique Ingres.

O jovem Jean-Léon demonstra uma aptidão natural para o desenho, o que leva o seu professor a encorajá-lo a enveredar pela escultura, com modelos e moldes de gesso. Os materiais de estudo foram importados de Paris para Vesoul. Gérôme ganhou o seu primeiro prémio de arte em 1838, antes de chamar a atenção de um amigo de Paul Delaroche, um pintor histórico francês.

Formação inicial. Aos 16 anos, Gérôme já tinha conseguido obter o bacharelato (na altura os jovens terminavam os seus estudos formais bem antes dos 20 anos). Decide ir para Paris e prolongar a sua aprendizagem no atelier de Paul Delaroche. Ao deixar a sua cidade natal, Gérôme estava a agir contra a vontade dos seus pais, mas mesmo assim partiu. Durante três anos, Gérôme seguiu uma rotina muito rigorosa: estudava com moldes durante a manhã e depois desenhava ou pintava ao ar livre durante a tarde.

Gérôme foi também encorajado a reproduzir os antigos mestres e gravuras do Louvre, tal como outros artistas o fizeram anteriormente. Frequentou também aulas na prestigiada École des Beaux-Arts.

A sua dedicação e capacidade contínuas acabaram por lhe valer a aprovação da sua família e, sobretudo, do seu pai. Por conseguinte, este concedeu-lhe um generoso subsídio anual para o apoiar no seu desenvolvimento artístico. Em 1843, Delaroche e Gérôme viajam para Itália, fazendo escala em Nápoles, Veneza e Roma.

Graças aos contactos existentes com os seus mentores, Gérôme pôde conhecer e interagir com outros artistas em ascensão, como Gustave Le Gray, Charles Negre e Henri Le Secq. Os conhecimentos que fez durante essa viagem ajudaram a influenciar grande parte do seu trabalho posterior.

Período de maturidade. Jean-Leon Gérôme fez a sua primeira viagem ao Médio Oriente e ao Egipto em 1856. Durante esta experiência esclarecedora, explorou a Terra Santa e visitou Damasco e Jerusalém. Para além disso, atravessou a Península do Sinai, visitou o Cairo e viajou ao longo do rio Nilo. Foi uma viagem que o ajudou a criar as suas primeiras obras orientalistas. As obras foram inspiradas principalmente na paisagem do Norte de África.

Em 1859, conseguiu captar a atenção do público norte americano ao expor dois quadros em Nova Iorque. Durante algum tempo, a sua obra orientalista foi utilizada como representação da alta arte americana. Mas, como se viria a verificar mais tarde, o sucesso de que gozou acabou por ser também uma das suas principais quedas. À medida que o seu trabalho artístico continuava a tornar-se popular, começou a ser mais desacreditado como um artista progressista. Enquanto muitos norte americanos o adoravam pelo seu profissionalismo, formação técnica refinada e intelectualismo, havia quem o desprezasse por ser demasiado comercial e convencional. Mas enquanto alguns continuavam a desprezá-lo, as suas peças continuavam a atingir preços muito altos.

Gérôme casou-se com Marie Goupil em 1863. Marie, era filha de Aldophe Goupil, um negociante de arte internacional de sucesso. Gérôme trabalhou com Adolphe durante alguns anos. Instalam-se numa casa situada no número 6 da rue de Bruxelles. Jeanne, a sua primeira filha, nasce nesse mesmo ano. Mais tarde, viriam a ter mais três filhos, um filho e duas filhas.

Período tardio. Gérôme morre aos 80 anos, no seu atelier, sentado em frente a um retrato de Rembrandt. A sua morte foi súbita e não foi precedida por um declínio do seu bem-estar físico. Anteriormente, em 1898, Jean-Leon Gérôme tinha sido nomeado Grande Oficial com o grau de Légion d'honneur. Esse grau de Legião de Honra que detinha, dava-lhe direito a uma despedida militar, todavia, em testamento, tinha pedido que essa cerimónia fosse evitada por algo mais simples. Foi sepultado em frente à sua própria escultura, colocada no cemitério de Montmartre.

Adaptação por F.Gil de um texto de Tom Gurney