Francisco Gil

Contemplações

Francisco Gil

ARTE MODERNA

Segundo a enciclopédia, arte moderna engloba uma grande variedade de movimentos, teorias e atitudes cujo modernismo reside particularmente numa tendência para rejeitar formas e convenções tradicionais, históricas ou académicas, num esforço para criar uma arte mais de acordo com as novas condições sociais, económicas e intelectuais. Os inícios da pintura moderna não podem ser claramente demarcados, mas há um consenso geral de que ela começou na França do século XIX.

Há quem entenda o moderno, como novo, atual, um estilo e um corrente estética e artística própria do tempo presente. Nessa perspetiva, a arte mais representativa tem sido sempre moderna. Isto é, as principais produções artísticas na história da humanidade sempre acompanharam as tendências do seu tempo. Mas, hoje, na atual sociedade de consumo, o moderno de ontem passa rapidamente de moda. Esta é uma das suas características mais relevantes. O facto de ser «representativa do seu tempo» faz aumentar o respectivo valor comercial.

A arte de outros tempos empenhava-se em criar uma ilusão de realidade, em alcançar um sentimento de beleza e harmonia. No passado, os artistas procuravam exprimir o ideal de beleza, o que contrasta em absoluto com as preocupações actuais. Se no passado, a preocupação era a qualidade estética e artística do produto final, hoje, centramo-nos bem mais no processo criativo do que nos seus resultados.

A arte moderna iniciou-se realmente com a expressão da subjectividade, dos sentimentos de tensão e de crise. A maioria das pessoas são totalmente incapazes de apreciar tal coisa, sendo este um bloqueio mental que se encontra distribuído de modo bastante democrático por todas as classes sociais. Em geral, as pessoas são altamente conformistas (e conservadoras); a arte moderna perturba o seu sentido das conveniências, a menos que, obviamente, lhes traga prestígio e riqueza.

Para muitos artistas e criadores, ser moderno significa dar a ver de um modo totalmente novo o que outros antes deles já andavam a fazer há décadas. Alguns, poucos, alcançam o sucesso. Em desespero de causa, adoptam-se prefixos, como neo-, novo- ou, melhor ainda, nouveau-, pós-, trans-, etc. Criam apenas neologismos. A erudição é admirável, mas raramente conduz a obras-primas.

O escultor belga Pol Bury, criador de numerosas fontes, desde o Palais Royal de Paris aos Jogos Olímpicos de Seul, exprime deste modo o objectivo principal do artista moderno: «O meu procedimento é um pouco como o de Cézanne ao olhar para a montanha de Sainte-Victoire, ao alterar a imagem tradicional que podíamos ter desta. É um modo de mostrar lugares familiares sob uma nova luz e, depois de lhes conferir um ponto de vista diferente, vê-los melhor ou menos bem.»