
A razão por meio da ciência
Fabiano Agrela Rodrigues
Neurociência no tratamento dos transtornos depressivos
- Partilhar 02/12/2021
A neurociência é a parte da ciência que
estuda o sistema nervoso, principalmente o
cérebro. Entender o sistema nervoso humano e
suas limitações, é uma chave crucial para
melhor tratar transtornos como a depressão.
O cérebro doente desenvolve um corpo doente
e um corpo doente desenvolve um cérebro
fraco em todos os aspectos.
Um bom
funcionamento do sistema nervoso se pauta em
uma boa conexão entre neurônios, dendritos,
corpo celular, axônios e fenda sináptica.
Quando a conexão do SNC falha, promovem-se
alterações demonstradas pela ausência,
redução ou excesso de neurotransmissão ou
tempestades elétricas. Estudos apontam que 1
a cada 5 pessoas podem apresentar doença
mental durante a vida e aproximadamente 4%
da população sofre de transtorno mental
crônico grave.
Atualmente, a
depressão tem sido considerada o grande mal
que afeta a sociedade civil. A Organização
Mundial da Saúde (OMS), aponta que, no mundo
todo, cerca de 350 milhões de pessoas
convivem com a depressão, classificando o
quadro, inclusive, entre as doenças
degenerativas que desenvolvem mortes
prematuras. A depressão não é um problema
nos neurotransmissores e sim um problema
anatômico do cérebro, que prejudica o
funcionamento dos neurotransmissores. O
cérebro é plástico, logo, traumas ou
impactos constantes no humor podem moldá-lo
de maneira prejudicial.
A depressão é
caracterizada por uma aflição orgânica,
psicológica, ambiental e espiritual. É uma
espécie de angústia que impacta diretamente
no humor e é seguida por perda de interesse,
de prazer e alegria na vida. Com a angústia
e a aflição, a pessoa desenvolve dores
físicas e psicológicas, gerando um ciclo de
sofrimento tão intenso que parece não ter
fim.
Além disso,
os pacientes têm que enfrentar preconceitos
que podem agravar o quadro sendo, muitas
vezes, visto como um preguiçoso ou acomodado
pelas pessoas que estão próximas a eles. Ou
seja, ao invés de receber socorro, recebem
mais uma dificuldade para driblar. É
importante ressaltar que, sem o devido
tratamento e atenção médica de qualidade, os
pacientes apresentam recaídas e um ciclo de
euforia e retorno do quadro depressivo até
pior do que o anterior.
Por isso,
compreender os aspectos neurobiológicos dos
transtornos mentais são importantes para a
aproximação da neurociência e da
psiquiatria. Ainda é necessário avançar em
tratamentos melhores, mais rápidos e
eficientes. Estudos de terapia como a EDMR,
que estimula o cérebro a processar memórias
perturbadoras, estão ganhando espaço no
tratamento para alívio dos sintomas. Vários
aspectos estão sendo compreendidos pelos
clínicos e cientistas, permitindo uma melhor
compreensão do estado crítico nos
transtornos de humor e abrindo caminhos para
a busca de técnicas mais eficazes de
diagnóstico, tratamento, prevenção suicídio
e eventuais sequelas cognitivas.
Link do estudo: https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v5i6.1149
- n.31 • dezembro 2021