à Deriva
Fernando Vieira
Líder turístico na formação
- Partilhar 06-10-2021
O anúncio oficial de
abertura, a tempo do início da próxima temporada
letiva 2022/2023, das novas instalações da Escola de
Hotelaria e Turismo de Portimão, a funcionar na
antiga cadeia da cidade, inspira-me uma breve
reflexão sobre a extrema importância da formação
profissional para o principal setor económico da
região algarvia.
Na verdade, enche-nos de
orgulho qualquer notícia sobre as distinções que o
turismo do Algarve costuma receber, e que não são
poucas nem irrelevantes, muito antes pelo contrário.
Espero não ser abusivo ao incluir-vos neste grupo…
Das melhores unidades hoteleiras às melhores
praias e aos melhores campos de golfe, culminando no
melhor destino turístico a nível mundial, o Algarve
tem sabido merecer as mais altas honrarias, fruto
das suas condições naturais, mas sobretudo de
estratégias promocionais bem-sucedidas.
O
surto pandémico que colocou as nossas vidas de
pantanas foi dramático para os empresários do setor
e, por tabela, para os seus colaboradores (e
respetivas famílias), que vivem exclusivamente desta
atividade, infelizmente ainda demasiado sazonal.
Mais uma vez se provou e comprovou como a quase
total dependência da indústria turística fragiliza a
sociedade algarvia, tanto a montante como a jusante,
se bem que este ano já se esteja notando uma tímida
tendência de crescimento, rumo aos fantásticos
números de 2019.
Há muito se requerem
alternativas viáveis e consistentes, que tardam em
ser desbravadas. Neste âmbito, urge o investimento
privado, devidamente suportado por incentivos
públicos. Mas isso são contas de outro rosário.
Esta apressada crónica centra-se essencialmente,
repito, na formação profissional, pois se
ambicionamos um turismo de qualidade e atraente,
capaz de resistir às agruras conjunturais e aos
caprichos do mercado, deveremos pugnar por recursos
humanos capacitados para desenvolver as suas tarefas
de acordo com os mais exigentes padrões.
Tenho cá para mim que, quanto mais investirmos na
qualificação profissional, maior será a nossa
competitividade em termos de destino turístico,
neste mercado tão competitivo.
Vou ainda
mais longe e, para além dos jovens formandos que
desejam apostar o seu futuro na vertente turística,
defendo que essa mesma formação também deverá ser
facultada – ao longo da vida – a trabalhadores já
inseridos no mercado, não esquecendo os empresários,
porque é primordial regenerar o setor, acompanhando
as ideias que agitam o turismo à escala global e,
com isso, incutindo-lhe lufadas de ar fresco.
Para além de todos os prémios internacionais,
que bom será se o Algarve também for reconhecido
como o melhor destino turístico do mundo a capacitar
pessoas e a formá-las, criando mesmo – por que
não?... – condições para recebermos formandos de
outros países.
- n.29 • outubro 2021