Vaguear na Maionese
Paulo Falcão Alves
APRENDER COM A HISTÓRIA
- Partilhar 10/03/2021
Regimes totalitários sempre existiram e continuarão a existir. Um dos ditadores mais famosos da história foi Mao Tse Tung, o primeiro Presidente da República Popular da China. Na sua campanha – Great Leap Forward, levada a cabo pelo partido comunista chinês entre 1958 e 1962, Mao aplicou uma série de medidas políticas e económicas com o objetivo impulsionar a economia.
Uma dessas medidas consistia em aumentar a produção de cereais. Entretanto, ao perceber que os pássaros eram responsáveis pelo desaparecimento de muitas das sementes plantadas, Mao não teve meias medidas – decidiu exterminar toda a população de pardais.
Para levar a cabo a sua ideia “mirabolante”, Mao ordenou a milhares de chineses que fossem para as ruas e telhados, hastear mastros com panos brancos e fazer barulho com panelas, impedindo que os pássaros pudessem poisar, obrigando-os a cair mortos de cansaço. A sua ideia teve sucesso garantido – morreram cerca de dois biliões de pássaros. O que Mao não previu foi o resultado da sua ação. Ao exterminar estes pássaros, a população de insetos e vermes explodiu, provocando um desastre ecológico, levando a que mais de 40 milhões de chineses morressem à fome, obrigando o governo chinês a importar pássaros à União Soviética para voltar a conseguir equilibrar o ecossistema.
Outra das suas estratégias teve como objetivo a produção massiva de aço de forma potenciar a indústria. Porém, ao verificar que as fábricas não estavam a dar resposta à sua demanda, Mao voltou a mobilizar o povo, obrigando-o a entregar todo o aço que tinham em sua posse para que pudesse ser fundido e assim conseguir atingir o seu objetivo. Uma vez mais o resultado foi catastrófico – o aço produzido foi de tão má qualidade que teve de ser todo deitado fora.
Meio século depois parecemos estar assistir a um filme idêntico, com governos obcecados em aplicar políticas “cegas”, sem capacidade intelectual de preverem os danos colaterais das suas ações, revelando de forma completamente ignorante nada terem aprendido com a história.
- n.22• março 2021