Rute Rocha

Animals 'Я' Us

Rute Rocha

Animais de (sub)estimação?!

Senta! Senta! Good boy! Lindo! Dá a patinha. Dá à dona, dá. Busca a bolinha. O meu cão! A minha Hachi(co)! A Hachi é considerada um animal de estimação, como tantos outros!

São animais que amamos. Mas que estranha forma de amar!

A meu ver, são animais que estão em permanente cativeiro. Mas, estão estes animais a recuperar de alguma patologia ou ferimento? Sujeitos a uma tentativa humana de os reproduzirem por se tratar de uma espécie em vias de extinção ou com alto grau de vulnerabilidade? É uma estratégia de conservação da subespécie (raça) ou manutenção do pedigree?

Parece-me mais uma vez, uma relação de posse dos humanos face aos não humanos!

Repara-se que só damos nomes às aos cães e aos gatos e alguns passeriformes que estão engaiolados!

Desde que os humanos se agregaram em centros urbanos, a grande maioria dos cães vivem em solidão nas casas dos «donos», ansiosos por uma única saída. Não sei porquê, mas este facto, recorda-me a escravatura!

Os gatos, ficam em casa dos donos, desde que nascem até que morrem, como que sentenciados com prisão perpétua!

Tiram-se, roubam-se, todas as possibilidades destes animais não humanos de viverem em habitats, que naturalmente seriam diferentes da casa dos «donos». Temos de admitir que não estamos a protegê-los coisíssima nenhuma, nem como espécie, nem como ser vivo, nem a permitir a sua bio/diversidade e diferentes possibilidades de vida.

Reconheço que amamos os «nossos» animais e como humanos, apresentamos uma predisposição para amar a natureza, a vida e os seres vivos, Edward Osborne Wilson designou esta nossa tendência de Biofilia. Mas, massivamente e talvez in/conscientemente, estamos a subestimar os «nossos fiéis amigos», submetendo-os a regras e a gostos do mais des/humano que temos e do menos animal que somos!

Imaginem o que seria, por analogia passear, alguém na rua, um humano com uma coleira e uma trela. Arriscaria a dizer, que de imediato, a este humano seria diagnosticada com uma qualquer patologia mental, que seria mediatizado como uma exibição sadomasoquista!

E… pendurar as pernas dos humanos em talhos? Como se de presuntos se tratassem! No mínimo, consideraríamos macabro e repudiante! Mas porque não o consideramos com os animais não humanos?

Porque insistem, numa atitude pseudoaltruísta, em alimentar os pombos e os gatos nas cidades? Quando estive na Flórida, recordo-me de ver escrito numa sinalética: não alimente os gatos, eles alimentam-se na natureza.

Também um dia, disseram-me, que os canários teriam de ser mantidos em gaiolas, porque se não, não sobreviveriam! Considero esta generalidade um mito (urbano), numa tentativa humana de validar as suas opções.

Experimente libertar uma ave e quiçá, terá mesmo a oportunidade de observá-la a interagir com outras, na árvore mais próxima!