Fábio d'Abadia de Sousa

Memórias do Futuro

Fábio d'Abadia de Sousa

Realeza britânica cria debate mundial sobre ética no fotojornalismo

Talvez sem querer, a família real britânica tenha criado um debate mundial sobre ética no fotojornalismo. Depois que importantes agências mundiais se recusaram a publicar a fotografia adulterada da princesa de Gales, Kate Middleton e filhos, passou-se a discutir o excesso de adulteração de fotografias. Que as pessoas modifiquem fotos em caráter estritamente particular, tudo bem! Mas quando uma imagem é alçada ao nível de interesse da coletividade, as adulterações com programas de edição de fotografias têm que ser questionadas, mesmo que envolvam assuntos aparentemente fúteis, como a vida dos membros da família real britânica.

As repercussões das edições na fotografia de Kate Middleton e filhos foram tão avassaladoras, que temos que ser gratos à família real britânica por pautar uma discussão séria e que não poderia mais adiada, principalmente com advento das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e com a criação de possibilidades de retoques e manipulações praticamente imperceptíveis aos leigos e, às vezes, até por especialistas. Neste sentido, de onde menos se imaginava veio uma esperança de que o vale tudo na adulteração de fotografias de caráter jornalístico não será aceito, não importa quão poderosos sejam os interesses por trás da informação.

A decisão das agências de notícias criou um basta, um “enough is enough” e que soa quase como decreto com jurisprudência em nível mundial que deixa bem claro em seu artigo 1º: O compromisso ético do fotojornalismo é com a realidade dos fatos e quem tentar subverter esta ordem será punido com a exposição pública da tentativa de manipulação de fotos e fatos por meios de imagens falsamente construídas.

É provável que este evento humilhante protagonizado pela família real britânica seja lembrado no futuro como uma das maiores reações do fotojornalismo ao excessivo uso de adulterações de imagens na era das tecnologias da informação. Ao vetar a foto de Middleton e filhos, o fotojornalismo reforça o seu compromisso com a ética e, é claro, com a sua própria sobrevivência na era das notícias instantâneas e manipulações infindáveis.

Freou-se uma corrida rumo ao abismo da desinformação disfarçada com sorrisos meigos e poses de famílias e pessoas perfeitas! Em respeito aos compromissos éticos do fotojornalismo e do jornalismo em geral, a verdade dos fatos deve prevalecer! E parece que prevalecerá! Obrigado família real britânica! Para algo de útil vocês serviram!