Carlos Afonso

Não há Pachorra

Carlos Afonso

OS FURAS

Quando se iniciaram os planos nacionais de vacinação, perante os atrasos verificados no fornecimento de vacinas, na generalidade dos países assistiu-se ao oportunismo de alguns chico-espertos que, numa atitude "salve-se quem puder", ignoraram os direitos dos grupos prioritários para conseguirem uma vacina para si.

A nível de países, também a lentidão na estratégia de vacinação europeia, aprovada pelos países da União, já conheceu os primeiros "furas". A Hungria (quem mais podia ser?) foi quem provocou o primeiro rombo no plano de Bruxelas, ao decidir telefonar ao Presidente chinês para adquirir vacinas daquele país. Pouco tempo depois Dinamarca, Áustria, Polónia, República Checa e Eslováquia seguiram o senhor Orbán e procuraram vacinas fora do quadro da União. A Eslováquia então, num dia o seu Presidente afirmava que, para um país pequeno e com poucos recursos como o seu, era fundamental aderir aos planos da União Europeia, e poucos dias depois fazia uma encomenda de vacinas Sputnik. A Hungria até se deu ao luxo de dispensar vacinas a que tinha direito, adquiridas através de Bruxelas.

De repente, desvaneceu o entusiasmo gerado pela decisão comunitária de aquisição de vacinas para todos os europeus e a sua distribuição equitativa, eliminando a evidente vantagem que as maiores potências europeias teriam se cada país negociasse a compra de vacinas isoladamente. E aquilo que parecia ser um primeiro momento de verdadeira solidariedade Europeia deu lugar a manifestações de egoísmo nacional.

Quando começarem as negociações para a distribuição dos dinheiros da "bazuca" iremos ver como se comportam os "furas"...

Provavelmente, ao contrário do que fizeram em relação às vacinas, vão seguir o lema do Sporting "Onde vai um, vão todos" 

Illustration: Chen Xia/Global Times