Carla Marçal Grilo

Asclépio

Carla Marçal Grilo

Tríade

A pandemia de Covid-19 e o confinamento acentuaram os comportamentos de risco, como o sedentarismo, as dietas pouco saudáveis e o aumento do consumo de tabaco e abuso do álcool.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal, em que matam cerca de 35 mil pessoas por ano. A população com doenças cardiovasculares, fatores de risco e outras comorbilidades apresentam mais probabilidade de terem sintomas severos, internamento em cuidados intensivos e até a morte. Sendo este grupo mais vulnerável, principalmente os idosos, e apesar dos centros hospitalares da rede da via verde coronária e da via verde do AVC continuarem a funcionar em disponibilidade permanente, verifica-se que muitos pacientes evitam recorrer a urgências hospitalares nas primeiras horas de evolução dos acidentes cardiovasculares. O enfarte do miocárdio ou as arritmias graves não tratadas de imediato podem ter pior prognóstico que a Covid-19. Não se deve descurar os doentes crónicos e as situações de emergências cardiovascular associadas a risco de mortalidade.

A pandemia dificultou o exercício físico, quer por terem ficado em isolamento social quer por terem acesso limitado aos locais onde poderiam praticar desporto, caminhar ou correr. Uma das exceções ao confinamento decretado pelo Governo é a prática de exercício físico na rua, desde que sozinho ou com elementos do mesmo agregado familiar. O stress e o medo de contrair o vírus afeta a saúde mental, do coração e acentua os comportamentos de risco contraproducentes. Algumas das sugestões passam pelo uso de tecnologia na promoção e educação para a saúde com enfoque no exercício físico em casa. Durante o período de confinamento social as pessoas organizaram-se e disponibilizaram mais tempo à prática de exercício físico em casa com recurso a programas de treino auto recreativos ou realizados com recurso a plataformas digitais.

A população portuguesa tem uma alta prevalência para o excesso de peso. A obesidade é uma comorbilidade prevalente em casos graves de Covid-19 e o isolamento social pode aumentar a acumulação de gordura. As alterações orgânicas causadas pela obesidade quando associadas à infeção pelo vírus SARS-CoV-2 aumentam a necessidade de assistência ventilatória, risco de tromboembolismo, filtração glomerular reduzida e alterações na resposta inflamatória crónica. A literacia nutricional reflete-se nas escolhas e na compra de alimentos dos nossos hábitos alimentares. Hoje, sabemos que a carência de nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, como o zinco, o selénio, o ferro, as vitaminas A, C, D, E, B6 e folatos aumenta a vulnerabilidade da população e o risco de doença grave. Para a população que se encontra em casa a cumprir o distanciamento social, será importante uma diversidade alimentar durante este período, sendo a melhor forma de fortalecer e proteger o sistema imunitário.

A doença cardiovascular, o sedentarismo e a má nutrição constituem uma tríade de risco para doença grave, aconselhando-se que mantenha hábitos saudáveis:

- Adote uma alimentação variada

- Aproveite e ouça música, dance e pratique exercício físico em casa

- Recupere os sonhos e planeie o futuro

- Faça parte da História do Planeta em tempo de pandemia.