Asclépio
Carla Marçal Grilo
Tríade
- Partilhar 11-02-2021
A pandemia de
Covid-19 e o confinamento acentuaram os
comportamentos de risco, como o
sedentarismo, as dietas pouco saudáveis e o
aumento do consumo de tabaco e abuso do
álcool.
As doenças
cardiovasculares são a principal causa de
morte em Portugal, em que matam cerca de 35
mil pessoas por ano. A população com doenças
cardiovasculares, fatores de risco e outras
comorbilidades apresentam mais probabilidade
de terem sintomas severos, internamento em
cuidados intensivos e até a morte. Sendo
este grupo mais vulnerável, principalmente
os idosos, e apesar dos centros hospitalares
da rede da via verde coronária e da via
verde do AVC continuarem a funcionar em
disponibilidade permanente, verifica-se que
muitos pacientes evitam recorrer a urgências
hospitalares nas primeiras horas de evolução
dos acidentes cardiovasculares. O enfarte do
miocárdio ou as arritmias graves não
tratadas de imediato podem ter pior
prognóstico que a Covid-19. Não se deve
descurar os doentes crónicos e as situações
de emergências cardiovascular associadas a
risco de mortalidade.
A pandemia dificultou
o exercício físico, quer por terem ficado em
isolamento social quer por terem acesso
limitado aos locais onde poderiam praticar
desporto, caminhar ou correr. Uma das
exceções ao confinamento decretado pelo
Governo é a prática de exercício físico na
rua, desde que sozinho ou com elementos do
mesmo agregado familiar. O stress e o medo
de contrair o vírus afeta a saúde mental, do
coração e acentua os comportamentos de risco
contraproducentes. Algumas das sugestões
passam pelo uso de tecnologia na promoção e
educação para a saúde com enfoque no
exercício físico em casa. Durante o período
de confinamento social as pessoas
organizaram-se e disponibilizaram mais tempo
à prática de exercício físico em casa com
recurso a programas de treino auto
recreativos ou realizados com recurso a
plataformas digitais.
A população
portuguesa tem uma alta prevalência para o
excesso de peso. A obesidade é uma
comorbilidade prevalente em casos graves de
Covid-19 e o isolamento social pode aumentar
a acumulação de gordura. As alterações
orgânicas causadas pela obesidade quando
associadas à infeção pelo vírus SARS-CoV-2
aumentam a necessidade de assistência
ventilatória, risco de tromboembolismo,
filtração glomerular reduzida e alterações
na resposta inflamatória crónica. A
literacia nutricional reflete-se nas
escolhas e na compra de alimentos dos nossos
hábitos alimentares. Hoje, sabemos que a
carência de nutrientes necessários ao bom
funcionamento do organismo, como o zinco, o
selénio, o ferro, as vitaminas A, C, D, E,
B6 e folatos aumenta a vulnerabilidade da
população e o risco de doença grave. Para a
população que se encontra em casa a cumprir
o distanciamento social, será importante uma
diversidade alimentar durante este período,
sendo a melhor forma de fortalecer e
proteger o sistema imunitário.
A doença
cardiovascular, o sedentarismo e a má
nutrição constituem uma tríade de risco para
doença grave, aconselhando-se que mantenha
hábitos saudáveis:
- Adote uma
alimentação variada
- Aproveite e ouça
música, dance e pratique exercício físico em
casa
- Recupere os sonhos
e planeie o futuro
- Faça parte da
História do Planeta em tempo de pandemia.
- n.21 • fevereiro 2021