António Marçal Grilo

Estórias da História

António Marçal Grilo

O Reino do Algarve e a Coroa Portuguesa
D. Afonso III de Portugal

A questão do Algarve, sopitada, mas não resolvida, voltara a inquietar os ânimos. Corria o ano de 1256 e Afonso III, previdente repara nas fronteiras militares do Sul, preocupado com possíveis retaliações de D.Afonso X seu sogro. Resolvida nas Cortes de Leiria a situação da cidade de Beja o Rei manda-a restaurar militarmente, reconstruindo e ampliando as muralhas e o castelo, ocupando-o com uma forte guarnição, reedifica e aumenta o burgo, repovoando-o, colocando esta cidade como Praça Forte estratégica para qualquer eventualidade que fosse necessária.

No que refere a Lisboa, cidade predilecta de Afonso III que se avantajava às demais cidades do Reino já densamente povoada, caraterizada por uma grande atividade naval, mercantil e burguesa que tanto apoiara o Bolonhês na conquista da coroa, começa a figurar como residência habitual da corte e capital política do Reino.

Uma das grandes prioridades de D Afonso III foca-se na sua marinha militar naval (1). Construíram-se sob a direção de mestres estrangeiros navios de alto bordo para as frotas militares do rei. E a frota de navios grossos que ajudara a tomada de Faro (2), as fustas as barcas, as caravelas, deviam em caso de guerra defender eficazmente não só o estuário do Tejo, mas toda a costa incorporada ao reino.

Em 1261, um levantamento das populações mouras nos estados do Sul de Afonso X de Castela, dá ao rei de Portugal a oportunidade para voltar às armas em defesa dos seus direitos ao Algarve.

Afonso III nesse ano promove nova expedição militar ao sul para se reapossar dessas terras e sabe-se que a ofensiva partiu da hoste portuguesa, a guerra foi devastadora e durou poucos meses, mas não trouxe grande vantagens para os contendores, a intervenção de D. Paio Peres Correia, mestre da ordem de Santiago, homem muito respeitado por ambas as partes, Afonso III de Portugal e Afonso X de Leão e Castela, tomou a iniciativa de promover as pazes entre os dois grandes monarcas.

(1) Quirino da Fonseca, Os portugueses no mar, vol.1, p.37.
(2) António Brandão, Monarquia Lusitana.