Rute Rocha

Animals 'Я' Us

Rute Rocha

Trincheiras...

Milhões de soldados entrincheirados, sujeitos ao medo da chegada de um vírus, que nem estatuto científico de “ser vivo” tem!

Genericamente, um vírus é revestido por um invólucro proteico e no seu interior contém material genético sob a forma de RNA (ácido ribonucleico), em cadeia simples e/ou DNA (ácido desoxirribonucleico), em cadeia dupla, enrolada em hélice, tão bem descrito por Watson e Crick.

O COVID-19 apresenta apenas RNA como material genético e com este se replica e tão ferozmente se propaga.

Reparem no caricato da situação.

O mesmo RNA que pela simplicidade da molécula, há milhares de anos no azul do nosso planeta impulsionou a vida na Terra, põe agora a descoberto a fragilidade humana e mostra-nos convictamente que o ser humano não é mais o melhor e o superior dos seres vivos!

 

Tanto armamento, tecnologia, ciência, consciência, criatividade, linguagem, comunicação, economia... e nada nos serve, enquanto não assumirmos compreender as causas desta guerra biológica.

Talvez estejamos a assistir/participar na terceira guerra mundial, entrincheirados em casa, pseudo-protegidos a pensar que ultrapassaremos esta guerra em algumas semanas... Uns escondidos, outros – mais afoitos, a enfrentar “entidades” que evoluíram durante milhares de anos!

Não se iludam soldados! Não sairemos deste caos em algumas semanas. E “todos bem”, não será certamente!

Bem sei que a humanidade (ou a falta dela) não muda o seu registo em tão pouco tempo. Mas, se quisermos sobreviver, teremos de aceitar que a nossa espécie destruiu a capacidade inerente ao planeta Terra de manter a sua homeostasia – a propriedade que lhe permite regular o seu equilíbrio dinâmico e que lhe “permite viver e alcançar também o seu bem-estar”.

Será que este vírus estará ao serviço do planeta?! Estará a tentar sobreviver, com a mesma vontade que tem cada um de nós, na trincheira ou no campo de batalha?

 

Humanos! Vamos de uma vez por todas repensar a natalidade, diminuir a população humana e relevar a biodiversidade do planeta. Não quero com isto dizer, aceitar esta "mortandade", negar a manutenção da espécie, mas não sejamos ingénuos ou nos vitimizemos. Há já muito que excedemos o limite razoável para uma população biológica (número de indivíduos de uma mesma espécie que vive numa determinada área, num espaço de tempo).

Reinventemo-nos como uma biocenose ou real comunidade, mais em equilíbrio com a natureza, assumindo-a como intrínseca e não como exterior ao ser humano.

E neste preciso momento, com muito respeito, aceitemos que o planeta Terra também está a tentar (sobre)viver...